O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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29 de maio a 4 de junho, 2018

Entre os dias 29 de maio e 4 de junho de 2018, as 143 páginas que monitoramos publicaram 9.233 posts, que geraram 5.310.455 compartilhamentos.
Entre os dias 29 de maio e 4 de junho de 2018, as 143 páginas que monitoramos publicaram 9.233 posts, que geraram 5.310.455 compartilhamentos.

Entre os dias 29 de maio e 4 de junho de 2018, as 143 páginas que monitoramos publicaram 9.233 posts, que geraram 5.310.455 compartilhamentos. As páginas que mais postaram durante o período foram Fora Temer (466 posts), UOL (460 posts) e Catraca Livre (439 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (29/5/2018 a 4/6/2018)

semana 30

Os 20 posts da tabela acima concentram 16% do volume total de compartilhamentos alcançado pelas 143 páginas ao longo do período. O recurso mais usado nesses posts foi o vídeo (50%), seguido da foto (40%) e do link (10%).

A paralisação dos caminhoneiros continua sendo o tema predominante no ranking. Embora todas as páginas aparentemente endossem as demandas da categoria, observamos uma pluralidade maior de posicionamentos entre os atores dos posts desse período se os compararmos com os das semanas anteriores.

A página que ocupa mais posições neste rol é a Vem Pra Rua Brasil. O movimento propõe ora a redução do número de parlamentares pela metade, ora a redução dos seus benefícios para compensar a perda de receitas acarretada pelo desconto no preço do diesel concedido pelo governo federal. Tais medidas são apontadas como alternativas ao aumento de impostos em 28 setores da economia, anunciado pelo governo federal ao final da greve. A principal estratégia de comunicação usada pela página foi a veiculação de uma enquete sobre a redução do número de parlamentares.

O presidenciável João Amoedo posicionou-se de maneira semelhante. Criticou a proposta do governo federal de aumentar os impostos para compensar o subsídio dado ao diesel e propôs, em substituição, que fossem efetuados cortes nos salários dos parlamentares. Seu post, o sétimo da lista, trouxe também um gráfico que compara o salário básico dos parlamentares à renda média do país, mostrando que o primeiro equivale a 16 vezes o segundo, supostamente a maior diferença do mundo.

Outro presidenciável, o deputado Cabo Daciolo (Patriota-RJ), estreou no ranking dessa semana com três posts. Todos eles consistem na transmissão ao vivo da sessão na Câmara do dia 29 de maio, que tratou da paralisação dos caminhoneiros. O deputado trouxe ao plenário alguns representantes da categoria e articulou para que um deles, Wallace Landim, o Chorão, discursasse ao final da sessão. Iniciando todos os seu vídeos com mensagens religiosas, Daciolo defendeu que as reivindicações dos caminhoneiros eram legítimas e que o governo federal não os chamou para negociar, forjando propositalmente o caos instaurado. Daciolo enfatizou a todo momento que eles são trabalhadores, pais de família e necessitam de um desconto maior do que os R$0,46 propostos por Temer para terem condições mínimas de trabalho.

O G1 teve uma matéria de grande repercussão nessa semana, nona colocada na lista, que tratou o tema a partir de outra perspectiva: o texto chama atenção para os cortes que serão efetuados em programas públicos devido ao barateamento no litro do combustível e traz ma longa lista das áreas atingidas.

O deputado e também candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL-RJ) também tratou essa questão em um de seus vídeos. Bolsonaro começa o vídeo afirmando que “o governo, de forma covarde, trabalha para colocar na conta dos caminhoneiros a responsabilidade pelos futuros prejuízos causados pela paralisação, deixando em segundo plano seu total descaso às reivindicações da população e sua inércia”. Entretanto, “pediu humildemente” que os caminhoneiros voltassem às atividades, pois a continuidade da paralisação levaria o país ao colapso, e isso só interessaria “ao governo comunista que deixara há pouco o país”.

Já a página Fora Temer emplacou dois posts no rol. Um deles foi um cartaz informativo sobre o que seria a “maior paralisação nacional da história” por parte dos caminhoneiros, marcada para o dia 4/6/2018. O evento, porém, não se concretizou: a categoria foi voltando gradualmente às suas atividades a partir de 29 de maio. No outro, a página noticiou ironicamente: “Mais um presentinho do presidente Temer para os brasileiros: conta de luz fica mais cara a partir de hoje”.

Por fim, tivemos a volta da página do ex-presidente Lula ao ranking, com quatro posts. Três deles abordaram a paralisação dos caminhoneiros, posicionando-se favoravelmente à categoria e criticando a atual política de preços da Petrobras. No 18º post do ranking, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, critica a entrega da Petrobras ao capital estrangeiro pelo presidente Temer, compara os prejuízos à empresa decorrentes da gestão Temer em um único dia (R$40bi) ao valores que teriam sido desviados com  corrupção (R$1,5bi) e esclarece que operações como a Lava Jato só foram possíveis porque Lula equipou os órgãos de investigação. Hoffmann retoma também os avanços do governo petista para que o Brasil conquistasse autonomia no refinamento do petróleo, e apresentou as propostas dos parlamentares do PT que tramitam no Congresso para solucionar a crise: estabelecer o reajuste anual dos combustíveis; aumentar a contribuição social do lucro dos bancos; e derrubar as isenções dadas a petroleiras multinacionais.

O 19º post consiste em um vídeo no qual a ex-presidente Dilma faz um discurso muito semelhante ao de Hoffmann após visitar Lula em Curitiba-PR. Ovacionada pela militância, diz, entre outras coisas, que ela e Lula entendem que o país não podia estar submetido à “maldição do petróleo” (a exportação do material bruto para o refinamento e posterior importação), e que “aumentar o preço do combustível alegando que a Petrobras está quebrada é fazer pouco caso da inteligência do povo brasileiro”. Ao final, Dilma chama o coro “Lula Livre”.

O 10º e 20º da página de Lula foram registros da visita do ator Danny Glover ao ex-presidente. Glover afirmou que Lula está tranquilo e confiante na redemocratização do Brasil, e que recorrerá a organizações internacionais para que pressionem por sua libertação.

Figuraram na lista dessa semana também um post de Kim Kataguiri sobre o suposto fracasso dos governos socialistas no mundo; um post do Vem Pra Rua no qual o movimento expressa indignação perante a decisão do TRF-3 de manter os benefícios de seis assessores, carro oficial e motoristas ao ex-presidente Lula; e outro post do movimento que consiste em uma montagem satírica de fotos sobre as prisões e consecutivas solturas de Paulo Preto, operador do PSDB, pelo ministro Gilmar Mendes.

Em resumo, observamos que a despeito da pluralidade de atores que obtiveram maior viralização dos seus posts acerca da paralisação dos caminhoneiros durante essa semana, parece existir um consenso mínimo entre eles. Todos posicionam-se criticamente ao governo Temer, defendem a categoria, e condenam os cortes nos serviços públicos e o aumento de impostos aos setores produtivos. Dentre as páginas que apresentam soluções concretas ao impasse, temos aquelas que propõem a diminuição da máquina pública, de um lado, e a (re)oneração do grande capital, de outro. Destacou-se no ranking dessa semana maior presença de candidatos à Presidência da República, evidenciando algumas das correntes que estarão em disputa no pleito de outubro. Nesse âmbito, verificamos que, com exceção dos primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto, os posts dos candidatos de partidos nanicos alcançaram maior número de compartilhamentos do que os posts de políticos consagrados e de partidos tradicionais, como os candidatos do PSDB, do PDT e da REDE.

Findada a paralisação dos caminhoneiros e aproximando-se cada vez mais o período eleitoral, vejamos quais serão os próximos assuntos a pautar o debate político no Facebook.

[1] Dois posts foram excluídos da lista dessa semana por fugirem aos propósitos do monitoramento: um do SBT e outro de Adilson Barroso – Ambientalista.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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