O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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11 a 17 de novembro, 2018

Entre os dias 11 e 17 de novembro, as 155 páginas que monitoramos publicaram 3.843 posts, que geraram 3.919.652 compartilhamentos.

Entre os dias 11 e 17 de novembro, as 155 páginas que monitoramos publicaram 3.843 posts, que geraram 3.919.652 compartilhamentos.

Entre os dias 11 e 17 de novembro, as 155 páginas que monitoramos publicaram 3.843 posts, que geraram 3.919.652 compartilhamentos. As páginas que mais postaram no período foram: Movimento Brasil Livre (211 posts), Revista Isto É (203 posts) e  SBT (186 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (11/11/2018 a 17/11/2018)

semana 53

Os números mostram a diminuição da atividade e da interatividade gerada pelas páginas relacionadas à política após as eleições. Entretanto, seus posts foram mais representativos no que concerne ao volume de compartilhamentos. Os 20 posts da tabela acima concentram 18% dos compartilhamentos obtidos pelas 155 páginas ao longo do período.

Quando observamos os recursos empregados nos posts, verificamos que a foto voltou  a ser o mais usado (55%), seguida do vídeo (20%), do link (15%) e do texto (5%).

A página do Movimento Brasil Livre (MBL) retomou o protagonismo do debate político no Facebook. Três assuntos se destacaram entre os posts que compõem a lista dessa semana: o fim do programa Mais Médicos, a repercussão das falas e posicionamentos de Silvio Santos acerca da política institucional e no programa Teleton 2018, e o último interrogatório de Lula.

As páginas de direita defenderam as exigências de Bolsonaro para a continuidade do programa Mais Médicos e acusaram o governo cubano de ser antidemocrático e não garantir aos seus médicos direitos humanos e trabalhistas. A partir desse argumento, a esquerda brasileira foi recriminada por “relativizar” e “flexibilizar” os valores que “supostamente defende”, e de “falsa empatia” com os brasileiros que ficarão sem atendimento daqui para frente. Rubinho Nunes, advogado do MBL, criticou o convênio estabelecido entre os dois países, alegando que seu único objetivo era “financiar a ditadura cubana”. Em particular, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi responsabilizado por proibir a abertura de novos cursos de medicina por dez anos, o que teria agravado o déficit da saúde brasileira[1].

Os militantes da esquerda foram criticados também por promover boicote ao evento promovido pelo SBT, Teleton 2018. As declarações do humorista Danilo Gentili sobre o caso orientaram as acusações de que a esquerda “politiza até a solidariedade” e difunde “o ódio do bem”.

Considerando cenas polêmicas protagonizadas por Silvio Santos e uma vinheta que aludia ao período da ditadura militar veiculada pela emissora após a eleição de Bolsonaro, a esquerda realizou campanha na rede defendendo o boicote ao SBT e ao apresentador. No 17 º post da tabela, Manuela D’Avila (PC do B) trouxe um vídeo que reunia falas agressivas de Silvio Santos durante o programa. Para citar alguns exemplos, o apresentador manifestou ficar excitado na presença das cantoras Anitta e Claudia Leitte, e desdenhou do sonho de uma criança negra de ser atriz devido ao seu cabelo crespo. Estas mesmas declarações foram relativizadas pelo MBL, que as justificaram pela idade avançada de Silvio.

Ainda sobre o evento, um dos posts da página Deboas na Revolução acusou a elite brasileira de apoiar programas de caridade por necessitar “da dependência dos mais humildes para alimentar seu ego”. Este seria o mesmo motivo pelo qual a elite rejeitaria “programas de distribuição de renda que não são paternalistas”. O outro post da página que compõe a lista esclarece sobre a importância da educação sexual na prevenção de doenças, da gravidez precoce e de abusos.

A mesma linha seguiu o post da Mídia Ninja, relativo à questão do Enem que abordava gírias LGBTs. Por meio de um repost (compartilhamento de uma postagem originalmente feita por outra página), a página elucidou que não era exigido que o aluno compreendesse o vocabulário, somente questionava porque a linguagem usada pelos LGBTs era considerada dialeto. Ao final, o post pedia: “Menos preconceito e mais estudo, por favor”.

O terceiro assunto que gerou maior volume de compartilhamentos foi a severidade da juíza Gabriela Hardt na condução do interrogatório do ex-presidente Lula na Lava Jato. A postura da juíza foi comemorada pelo MBL, que manifestou sua alegria em “ver Lula preso”.

Outras bandeiras da direita que tiveram grande repercussão na rede foram a ética empreendedora, por meio da participação do influenciador digital Rick Chester no Programa Pânico, da Jovem Pan, e a defesa do excludente de ilicitude, através da entrevista da Revista Isto É com o próximo secretário de Segurança Pública de São Paulo, João Camilo Pires de Campos. Ambos os posts reafirmam o posicionamento político dessas mídias, historicamente alinhadas à direita.

Observamos que durante a semana referida, as pautas da direita conservadora obtiveram maior sucesso no que se refere aos compartilhamentos do Facebook, sugerindo a aderência majoritária de seus usuários a esse discurso, que tem como cerne o antipetismo. A página do MBL segue desempenhando a militância pós-campanha com intenso uso de fake news e defendendo na rede os posicionamentos do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Em menor proporção, vêm endossando as decisões de Bolsonaro as narrativas do Programa Pânico e da Revista Isto É. Já as páginas da esquerda alcançaram o ranking a partir de posts reativos e denuncistas. A despeito da troca de personagens no ranking, os dois grupos seguem dinâmicas semelhantes às que adotaram ao longo do processo eleitoral.

[1] O projeto assinado por Chinaglia a que fazem referência os posts fazem foi apresentado em 2003 e aprovado pela Constituição e Justiça em 2007. Na realidade, o projeto acabou não sendo convertido em lei. O objetivo, tinha por objetivo impedir a abertura de cursos de medicina de qualidade duvidosa. https://ptnacamara.org.br/portal/2018/11/17/101031/

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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