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17 a 23 de fevereiro, 2019

Entre os dias 17 e 23 de fevereiro de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 6.582 posts, que geraram 4.749.545 compartilhamentos.

Entre os dias 17 e 23 de fevereiro de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 6.582 posts, que geraram 4.749.545 compartilhamentos.67ª semana de monitoramento: 17 a 23 de fevereiro de 2019.

Entre os dias 17 e 23 de fevereiro de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 6.582 posts, que geraram 4.749.545 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nesta semana foram: Revista IstoÉ (308 posts), SBT (299 posts) e RedeTV! (290 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (17/2/2019 a 23/2/2019)[1]

 semana 67

Os 20 posts da tabela acima concentram 16% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais empregados nos posts foram a foto (60%), seguida por vídeo (35%) e link (5%).

O assunto mais comentado entre os posts no rol desta semana foi a Reforma da Previdência. Enquanto as páginas ligadas ao governo, como a do próprio presidente e do Movimento Brasil Livre (MBL), defenderam a reforma de maneira rasa, com poucos argumentos, as diferentes páginas da oposição, com destaque para Ciro Gomes (PDT), Cabo Daciolo (Podemos), Conversa Afiada Oficial e Mídia Ninja, conquistaram muitos compartilhamentos ao discutir os prejuízos aos trabalhadores e os interesses escusos que a orientam.

O presidente Bolsonaro publicou vídeo com alguns “esclarecimentos” sobre a Reforma da Previdência. Partindo de um discurso salvacionista, Bolsonaro afirmou que é preciso “garantir que o país não quebre como aconteceu com alguns estados”, e que a reforma “será justa para todos, sem privilégios”, mas que “exigirá um pouco mais de cada um de nós, porém é para uma causa comum: para o futuro de nosso país e das próximas gerações”.

O MBL saiu em defesa da medida a partir de ataques ao Partido dos Trabalhadores e suas lideranças. Os movimentos acusaram o partido de fazer terrorismo com relação à reforma, e de hipocrisia, pois tanto Lula quanto Dilma defenderam em momentos anteriores o aumento da idade mínima para a aposentadoria.

O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) emplacou três posts no ranking desta semana, dentre eles o mais compartilhado, que reproduzia a discussão via tweets entre Mc Carol e o maquiador Agustin, a respeito do projeto deste último para as mulheres que sofreram violência doméstica. Enquanto Carol manifestava sua dúvida sobre o que seria esse projeto, Agustin não respondeu e a atacou dizendo que a cantora estimula as mulheres a se “drogarem, deitarem com traficantes e serem obesas”. Kim apoiou o maquiador. Os outros dois posts acusavam os partidos de esquerda (PT, PSOL, PC do B e PDT) de apoiarem o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro e, dessa forma, de serem corresponsáveis pelas mortes decorrentes da crise no país.

Ainda a respeito da Venezuela, seguiu a mesma linha dos posts de Kataguiri o movimento Vem Pra Rua Brasil, afirmando que o PT “ajudou a transformar o país em uma ditadura” e que o partido “apoia um ditador sanguinário”.

Do outro lado, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) falou à imprensa sobre a reforma e chamou a redução dos benefícios dos idosos para 400 reais de “criminosa”. O pedetista afirmou não ser razoável que trabalhadores rurais e urbanos tenham a mesma idade mínima estipulada para se aposentarem, assim como que um professor trabalhar por quarenta anos. Ciro ainda chamou atenção para o fato de a reforma não tratar do maior buraco relativo da previdência – os militares.

O jornalista Paulo Henrique Amorim, em seu canal Conversa Afiada, comentou o conflito entre a Rede Globo e o presidente Bolsonaro. Entre outras coisas, Amorim afirmou que a Globo está tão interessada na reforma quanto Bolsonaro, pois ambos estão a serviço dos bancos, e que não há diferenças em relação ao governo deste último e o de Michel Temer: “Qual é a diferença entre o Guedes e o Meirelles? Qual é a diferença entre o Onix e o gato angorá (Moreira Franco)?” O jornalista ressaltou também o poder da Rede Globo em eleger e destituir presidentes e finalizou alegando que “a Globo não vai para a oposição. A globo é o poder. Quem está na oposição é o Bolsonaro”.

A página da Mídia Ninja reproduziu o discurso do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) na Câmara dos Deputados, em que este trouxe à tona o áudio de Bolsonaro sobre a Previdência à época da campanha eleitoral, denunciando a contradição entre o candidato e o presidente. Neste áudio, Bolsonaro afirma que a reforma é criminosa ao aposentar um trabalhador aos 65, quando sua expectativa de vida é de 69 anos.

Por fim, o popular deputado Cabo Daciolo (Podemos-RJ) ressurgiu no Facebook após meses. Em vídeo de vinte minutos, Daciolo afirmou ser vítima de perseguição política e denunciou que “o governo mente”, pois “não existe déficit algum na Previdência”. O deputado exigiu que se cobrasse a dívida ativa dos bancos, e que o objetivo dessa reforma é a privatização da Previdência. Daciolo ainda criticou as privatizações da Vale, da Embraer e do Nióbio, afirmando que foi tudo “dado” ao capital estrangeiro e alertou para uma guerra iminente, criada pelas grandes potências para reaquecer a economia mundial.

Em resumo, nesta semana observamos maior expressividade da esquerda no debate do Facebook a partir da pauta da Reforma da Previdência. Embora as lideranças petistas continuem sendo as mais alvejadas na rede pela direita, foram os posts críticos de outras páginas que viralizaram. Destacaram-se dois candidatos à presidência nesta discussão: Ciro Gomes e Cabo Daciolo. Verificamos também que o discurso contra o governo Maduro tem sido usado para criminalizar a esquerda e fomentar indiretamente os argumentos liberais que sustentam a reforma. Veremos até que ponto a mobilização da opinião pública influenciará a votação desta proposta no Congresso Nacional.

[1] Tendo em vista nossos propósitos, foi excluído um post, de O Globo, por não tratar de Política.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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