O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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5 a 11 de maio, 2019.

Entre os dias 5 e 11 de maio de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 9.710 posts, que geraram 4.757.935 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: UOL (549 posts), Catraca Livre (506 posts) e Veja (500 posts).
Entre os dias 5 e 11 de maio de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 9.710 posts, que geraram 4.757.935 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: UOL (549 posts), Catraca Livre (506 posts) e Veja (500 posts).

Entre os dias 5 e 11 de maio de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 9.710 posts, que geraram 4.757.935 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: UOL (549 posts), Catraca Livre (506 posts) e Veja (500 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (5/5/2019 a 11/5/2019)[1]

semana 78

 

Os 20 posts da tabela acima concentram 14% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais frequentes nos posts foram o link (35%), seguido de vídeo (30%), foto (20%) e texto (15%).

O assunto mais comentado na semana foi o contingenciamento de 30% das verbas destinadas às universidades federais e programas de pesquisa, anunciado pelo governo no último dia 30 de abril. O presidente Bolsonaro tentou justificar a decisão em três posts que compõem a lista, alegando, por meio dos vídeos do vereador Carlos Molina (PSDB-SP) e do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que se trata do contingenciamento somente das despesas discricionárias e que os governos petistas utilizaram-se do mesmo recurso. O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) apresentou o mesmo argumento em um de seus posts, acusando sociólogos, professores, jornalistas e estudantes de parcialidade em sua indignação.

Entretanto, há divergência de informações nos próprios vídeos compartilhados por Bolsonaro. No vídeo do vereador, que se apresenta como professor universitário, fala-se em corte de 7%. Já na live, Weintraub explica, usando chocolates como exemplos, que o corte é de 3,5%. Este último vídeo viralizou na internet entre os críticos da decisão, que acusam o ministro de exemplificar erroneamente o corte de 30%, visto que este deveria ser ilustrado com 30 dos 100 chocolates, e não com 3,5, como ele fez.

Participaram também desta live os pesquisadores da Universidade Federal do Ceará responsáveis pela pesquisa com pele de tilápia no tratamento de queimados. Muito provavelmente este convite foi uma tentativa de minimizar a repercussão negativa da decisão perante a opinião pública.

Em contrapartida, também obtiveram alto número de compartilhamentos as notícias de que a Alemanha destinará € 160bi para as universidades e pesquisas e do manifesto, assinado por mais de mil acadêmicos de todo o mundo, contra a suspensão de verbas por parte do governo federal para os cursos de Sociologia e Filosofia no Brasil. A primeira matéria alcançou o ranking pela página do G1 e a segunda, pela página de Fernando Haddad (PT).

A Reforma da Previdência foi o segundo tema mais discutido no período. Todos os posts do rol que tratam do assunto são favoráveis à reforma. Quatro deles consistem em um vídeo da participação do ministro Paulo Guedes na Comissão de Constituição e Justiça. Neste, o ministro responsabiliza os governos do PT por rombos nas estatais e pela crise econômica de modo geral, e afirma que os deputados da oposição “não têm o direito de perguntar onde estão os empregos”. Dois desses posts são de autoria de Kataguiri, um do presidente e outro do Movimento Brasil Livre, evidenciando o total alinhamento entre esses grupos políticos. Bolsonaro falou sobre a reforma também em sua participação no Programa Silvio Santos. Junto ao apresentador, o presidente defendeu a necessidade da medida e afirmou que, caso não seja realizada, teremos alta da inflação, desvalorização da moeda e fuga de capitais do país, como ocorreu na década de 1980.

Contudo, Silvio Santos não corroborou todas as propostas de Bolsonaro, manifestando-se contrário ao novo decreto sobre as armas. Este tema esteve presente em outros dois posts da lista, um da Revista IstoÉ e outro do Estadão, cujas matérias chamam a atenção para o fato de que a medida autoriza crianças e adolescentes a praticarem tiro desportivo sem aval judicial.

Por fim, a cassação da liminar que havia suspendido a polêmica licitação de fornecimento de refeições do Supremo Tribunal Federal (STF) foi destacada em dois posts críticos à decisão, um do Estadão e outro de João Amoêdo (Novo), que aproveitou a oportunidade para divulgar a proposta de emenda do deputado Gilson Marques (de seu partido) de proibir itens de luxo nas futuras licitações.

Em resumo, as páginas da situação seguem predominantes no debate político do Facebook, porém as políticas de austeridade pretendidas e efetuadas pelo governo vêm demandando esforços explicativos, de modo que a plataforma vem sendo usada para este fim nas últimas semanas. Outra evidência de que os questionamentos sobre o governo vêm aumentando ou que sua aprovação esteja diminuindo é que, embora poucas páginas da esquerda venham alcançando o ranking, as matérias negativas da grande imprensa, especialmente sobre os cortes na Educação, estão sendo largamente compartilhadas. Tal fato sugere a contrariedade de parcela significativa dos internautas, para além daqueles que se identificam como de esquerda, acerca de tais medidas. Observamos a gradual desconstrução de um “mito”.

[1] Tendo em vista nossos propósitos, foram excluídos da lista: um post do G1 e dois posts do Portal R7, por não tratarem de Política.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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