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Vaza Jato nos jornais – 14 de junho

Por Eduardo Barbabela e João Feres Jr.

José Cruz/ Agência Brasil
José Cruz/ Agência Brasil

dia 5

No dia 5 do escândalo da Vaza Jato, 14 de junho, confirma-se a mudança de enquadramento da cobertura dos jornais impressos. Duas notícias são reproduzidas nos três jornais. A primeira diz respeito ao posicionamento oficial do presidente Jair Bolsonaro, defendendo Sérgio Moro e seu legado. A segunda é a inclusão dos diálogos no pedido de liberdade do ex-presidente Lula.

O Estadão traz 8 novos textos sobre o escândalo, dos quais 7 são críticos ao Intercept e apenas um crítico a Moro. A cobertura do jornal rompe o equilíbrio dos últimos dias e adere ao enquadramento do escândalo feito por Sérgio Moro que, em entrevista exclusiva ao jornal, diz que o ataque seria direcionado às instituições e desafia o site a divulgar todo o material que possui.  Fernando Gabeira em sua coluna argumenta que as críticas à conversa entre Moro e Dallagnol se dão pela Lava Jato ter adentrado o campo da política.

O Globo, com 9 textos novos, continua a focar sua cobertura do escândalo como uma questão de sobre segurança de dados e defesa da Lava Jato, abrindo pouquíssimo espaço para opiniões críticas à atuação de Sérgio Moro. O jornal destaca o suposto legado de Moro em sua capa e denota que as conversas não tinham interesse em prejudicar a defesa do ex-presidente Lula, mas discutir sobre um dos principais problemas do país, a corrupção.

A Folha de São Paulo, por sua vez, reduz sua cobertura para apenas 8 textos no dia 5, e ela é agora equilibrada entre críticas ao The Intercept e a Sérgio Moro, sem textos neutros tal qual o Estadão.

Após um momento inicial de divergência, os grandes jornais parecem agora confluir para uma cobertura que remete ao segundo plano, quando não oblitera, as questões éticas, legais e políticas relativas à colaboração entre juiz e procuradores reveladas nos diálogos, ao passo que aposta no enquadramento do escândalo com um crime de invasão de privacidade que atenta contra as instituições públicas e o legado da luta contra a corrupção da Operação Lava-Jato.  Tal enquadramento desqualifica os vazamentos tanto pela forma como foram obtidos como por seu conteúdo – que, segundo Moro e os jornais, pode ser adulterado –, ao mesmo tempo que sugere que o suposto bem da luta pela corrupção suplanta qualquer deslize cometido pelos agentes que o produziram, isto é, Moro e os procuradores.

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