O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

Parceria

3 a 9 de junho, 2019.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

Entre os dias 3 e 9 de junho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 8.619 posts, que geraram 3.811.840 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: UOL (471 posts), Catraca Livre (450 posts) e Estadão (447 posts).
Entre os dias 3 e 9 de junho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 8.619 posts, que geraram 3.811.840 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: UOL (471 posts), Catraca Livre (450 posts) e Estadão (447 posts).

Entre os dias 3 e 9 de junho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 8.619 posts, que geraram 3.811.840 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: UOL (471 posts), Catraca Livre (450 posts) e Estadão (447 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (3/6/2019 a 9/6/2019)[1]

semana 82

Os 20 posts da tabela acima concentram 16% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais frequentes nos posts foram vídeo (50%), seguido de link (30%), foto (15%) e texto (5%).

Jair Bolsonaro responde por metade dos posts mais compartilhados do período. Em suas publicações, o presidente falou sobre obras, projetos de lei e divulgou registros da sua participação em eventos. Bolsonaro enfatizou em seus posts a importância de obras de infraestrutura, como a duplicação de trecho da rodovia BR-116 no Rio Grande do Sul, a pavimentação da BR-163 no Pará e o investimento do governo federal na rodovia Norte-Sul.

O presidente utilizou a rede também para pressionar os parlamentares a aprovarem o PLN4, que prevê crédito suplementar ao Poder Executivo por meio da emissão de títulos públicos. Apelando para o patriotismo dos deputados e senadores, afirmou que quem votasse contra o projeto estaria se posicionando contra os mais pobres, visto que sem esse crédito, “o governo não conseguiria pagar benefícios como o Bolsa Família, o Pronaf e o Plano Safra”.

Bolsonaro ainda explicou a retirada da obrigatoriedade da cadeirinha para crianças em automóveis alegando que “quem tem responsabilidade não precisa de lei” e “quanto menos Estado, melhor”. Por fim, publicou fotos e vídeos do jogo da seleção no estádio Mané Garrincha e com o jogador Neymar que, acusado recentemente de estupro, encontrava-se lesionado no hospital.

Outro político cujos posts obtiveram grande visibilidade na rede ao longo dessa semana foi Kim Kataguiri (DEM-SP). O deputado reproduziu trechos da participação do ministro Paulo Guedes em sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados falando em defesa da Reforma da Previdência. Nestes trechos foram destacados os privilégios dos políticos e funcionários do Legislativo ao se aposentarem com o valor integral do salário, que é 20 vezes superior ao salário médio dos trabalhadores brasileiros, e como a reforma, se aprovada, deve impactar positivamente a economia.

João Amoêdo (Novo) e o Ranking dos Políticos adotaram discurso semelhante nos seus posts. O primeiro compartilhou matéria da Gazeta do Povo denunciando as caras refeições feitas por alguns deputados, que chegavam a custar um salário mínimo. Já a página compartilhou reportagem da BBC News sobre a inexistência de “privilégios” para políticos na Suécia.

A imprensa também obteve alto número de compartilhamentos em suas páginas próprias a partir de matérias que noticiavam o recebimento da  denúncia contra o ex-presidente Lula pela Justiça Federal sobre o suposto recebimento de R$ 64 milhões em troca de benefícios para a Odebrecht (revistas Exame e Veja) e a respeito da sanção da lei da internação involuntária de dependentes químicos. Teve destaque, ainda, em dois posts do ranking (Portal R7 e João Dória), proposta de responsabilização criminal de alunos infratores em casos de vandalismo e violência nas escolas. Muito provavelmente, o aumento do interesse no assunto se deu pela ocorrência na escola estadual Maria Lourdes Teixeira, em Carapicuíba-SP, na mesma semana, na qual alunos quebraram os móveis da sala de aula e agrediram a professora.

Em resumo, observamos que a rede continua sendo utilizada como instrumento de pressão e autopromoção política, por um lado, e realização de campanha negativa (sobretudo para o Partido dos Trabalhadores) e difusão de fake news, por outro. Tal instrumentalização vem se mostrando eficiente, visto que o antipetismo e o antiesquerdismo foram fomentados fundamentalmente a partir das mídias sociais, assim como parte da população foi convencida da necessidade da Reforma da Previdência e do PLN4 pelos conteúdos que circulam na web. No caso deste último, a chantagem realizada pelo presidente foi bem-sucedida, visto que o projeto foi aprovado. Seguimos acompanhando essa dinâmica que marca o fazer político nesta década.

[1] Tendo em vista nossos propósitos, foram excluídos da lista dois posts do SBT, dois posts do G1 e um post da UOL por não tratarem de Política.

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