Vaza Jato nos jornais – 06 de julho
Por Eduardo Barbabela, Juliana Gagliardi, Natasha Bachini e João Feres Jr.
A cobertura dos jornais do dia 6 de julho citou as acusações da revista VEJA, mas destacou mais a afirmação de Bolsonaro que levará Moro à final da Copa América. O número de citações da Vaza Jato cresceu e alcançou o total de 17 textos no vigésimo sexto dia de escândalo.
O Globo
O jornal novamente repete a tímida cobertura e cita o escândalo da Vaza Jato apenas em quatro textos, três deles neutros. São reproduzidas as falas do presidente Bolsonaro sobre as novas denúncias contra seu ministro da Justiça e sua afirmação de que levará Moro à final da Copa América e, se possível, ao gramado, para deixar o povo falar se estão certos em suas atitudes. Em outra reportagem, as novas acusações da revista Veja são apresentadas junto às respostas de Sérgio Moro a cada uma delas.
Estadão
O Estadão também apresenta uma cobertura acanhada do escândalo, com apenas cinco textos. O diário paulista abre espaço para os procuradores Deltan Dallagnol, Paulo Galvão e Antonio Carlos Welter defenderem a Operação Lava Jato e questionarem os ataques cibernéticos aos integrantes da força tarefa em artigo de opinião.
Folha
A Folha traz a maior e mais completa cobertura entre seus pares da Vaza Jato e das novas acusações apresentadas pela revista Veja. Em artigo de opinião, Fernando Haddad critica os membros da força tarefa não se dispuseram a entregar os celulares para perícia e também o fato de a única providência tomada até o momento ter sido a tentativa de intimidação de Greenwald com investigação da Polícia Federal. No Painel, Daniela Lima pontua que já há no STF a compreensão de que as novas denúncias apresentam falta grave do ex-juiz. Em artigo, Demétrio Magnoli questiona a contradição dos argumentos de defesa de Moro e da Lava Jato que afirmam que a publicação dos diálogos visa caluniar autoridades, porém afirmam também que os diálogos não indicam nenhuma violação da lei. O diário também abre espaço para os comentários realizados por Sérgio Moro durante evento em São Paulo, no qual minimiza as novas acusações e repete que mesmo defendendo a liberdade de imprensa ele repudia o sensacionalismo, deturpação e possível adulteração das mensagens que foram divulgadas.
Jornal Nacional
Na edição de ontem (5/7), o Jornal Nacional dedicou 16m01s à cobertura do novo episódio da Vaza Jato. Desse tempo, 6m41s foram ocupados citando e descrevendo o material divulgado pela revista Veja em parceria com o Intercept. Em seguida, o telejornal dedicou 5m34s à reprodução de trechos da nota emitida pelo ministro Sérgio Moro em sua defesa e 1m50s à reprodução de trechos da nota emitida pela força-tarefa da Operação Lava Jato. O jornal reproduziu mais uma vez as afirmações que deram início a ambas as notas, ressaltando que ex-juiz e procuradores não reconhecem a autenticidade/veracidade das mensagens divulgadas e obtidas por meio criminoso – que são repetidas desde o início do escândalo. O telejornal não ofereceu análises sobre o material ou diversidade de vozes, restringindo-se a reproduzir os argumentos dos citados. Mais uma vez, contudo, cedeu tempo predominante à defesa da operação.
No dia 5 de julho, quatro entre os dez posts mais compartilhados da data trataram da Vaza Jato. A grande notícia do dia foi a parceria firmada entre a revista Veja e o Intercept. A matéria da Veja em que é anunciada a parceria alcançou o ranking. Nesta, confirma-se a autenticidade das conversas, a ilegalidade da atuação de Moro e destaca-se que o juiz “era contra a delação de Eduardo Cunha” e pediu ser informado de possível acordo de delação. A Conversa Afiada Oficial informou que a revista não está mais sob o controle da “mafiosa” família Civita, e “tenta voltar às origens, a 1968, quando Mino Carta a lançou”. O jornalista recorta trechos das conversas dos procuradores do MPF onde observa-se que tentaram induzir o ex-ministro Teori Zavascki ao erro durante às investigações e a afirmação de Dallagnol “aha, uhu, o Fachin é nosso”. Em outro post que compõe a lista, Amorim acusa Moro de ter absolvido a esposa de Eduardo Cunha para evitar sua delação. Em movimento oposto, Álvaro Dias (Podemos-PR) afirmou que a divulgação das conversas teve um efeito reverso, visto que Moro foi ovacionado em evento recente não identificado pelo senador.
Conclusão
Enquanto os órgãos de imprensa do Grupo Globo continuam a fazer uma defesa cerrada de Moro e da Lava Jato, a Folha de S.Paulo mantém a divulgação do escândalo, publicando fatos e vozes críticas a ambos os lados. A novidade é o Estadão, que publicou edição bastante favorável a Moro. Será que essa tendência se consolidará?