O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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23 a 29 de setembro, 2019

Por Natasha Bachini e João Feres Jr

Entre os dias 23 e 29 de setembro de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 6.827 posts, que geraram 3.434.299 compartilhamentos. As páginas que mais postaram neste período semana foram as mesmas da semana anterior: O Globo (346 posts), Portal R7 (341 posts) e Veja (337 posts).
Entre os dias 23 e 29 de setembro de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 6.827 posts, que geraram 3.434.299 compartilhamentos. As páginas que mais postaram neste período semana foram as mesmas da semana anterior: O Globo (346 posts), Portal R7 (341 posts) e Veja (337 posts).

Entre os dias 23 e 29 de setembro de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 6.827 posts, que geraram 3.434.299 compartilhamentos. As páginas que mais postaram neste período semana foram as mesmas da semana anterior: O Globo (346 posts), Portal R7 (341 posts) e Veja (337 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (23/9/2019 a 29/9/2019)[1]

 semana 98

Os 20 posts da tabela acima concentram 23% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais frequentes nos posts foram foto (40%), vídeo (35%), link (20%) e texto (5%).

O post mais compartilhado foi do senador Álvaro Dias (Podemos-PR) e defendeu o Estatuto da Criança e do Adolescente diante de  um vídeo que denunciava um pai agredindo violentamente seu filho. Dada a violência do conteúdo do vídeo, o Facebook o bloqueou.

O tema mais comentado nos posts durante a semana foi a participação de Bolsonaro na Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU). Um vídeo do seu discurso, que foi o segundo mais compartilhado, repercutiu largamente também nas páginas do MBL e foi apoiado pelo jornalista Alexandre Garcia. Bolsonaro iniciou seu discurso agradecendo a Deus e, em seguida, concentrou-se em atacar a esquerda, “defender seu compromisso com a Amazônia” e destacar algumas realizações que argumenta serem de seu governo, como o “combate à corrupção, a desburocratização e a defesa da família e da religião”. O presidente destacou o trabalho do governo atual em acabar com a corrupção presente no “regime socialista anterior”, acusou o  PT de ter submetido os médicos cubanos ao trabalho escravo e de não ter se certificado de sua formação; afirmou que os impactos da “ditadura venezuelana” são sentidos no Brasil, com a volumosa imigração de venezuelanos; chamou o Foro de São Paulo de organização criminosa; dissertou sobre os acordo comerciais firmados entre o Mercosul e a União Europeia, e entre o Mercosul e a Área Europeia de Livre Comércio (EFTA); falou sobre seu compromisso com a Amazônia e justificou as queimadas pelo clima seco e por rituais indígenas; e acusou o cacique Raoni de ser usado pelas elites internacionais para viabilizar os interesses dos índios na região.

Viralizaram também os vídeos de Bolsonaro cumprimentando Donald Trump e as declarações do ex-prefeito de Nova York e atual advogado pessoal do presidente norte-americano, Rudy Giuliani, sobre o presidente brasileiro por meio de matéria do jornal O Globo. Nesta, Giuliani afirma que Bolsonaro “é sensato e atrai investidores” e defendeu as posturas mais radicais: “Se ele não for agressivo, como mudaria as coisas?”.

Bolsonaro anunciou ainda em posts que alcançaram o ranking a chegada da companhia aérea Vuela JetSMART no Brasil; o início das obras na BR-101/ES; e o veto ao aumento anual do fundo eleitoral.

Outro tema que pautou grande parte dos posts nesta semana foi a possibilidade de anulação de sentenças da Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal, devido ao recurso de Márcio de Almeida Ferreira, ex-gerente da Petrobras, que resultou na anulação de sua condenação. Os ministros do STF entenderam que os réus delatados devem apresentar as alegações finais (última etapa de manifestações no processo) depois dos réus delatores, garantindo direito à ampla defesa nas ações penais. Com isso, por jurisprudência, processos em que réus delatores e delatados apresentaram as alegações finais ao mesmo tempo – como os da Operação Lava Jato – podem vir a ser anulados. Grupos da nova direita, como o Vem pra Rua Brasil e o Movimento Brasil Livre (MBL), manifestaram, na rede, sua indignação diante dessa possibilidade por meio de memes com frases como “Nojo do STF” e a exaltação das palavras do ministro Luís Roberto Barroso, contrário à revogação das sentenças.

Posicionaram-se da mesma maneira, em posts muito compartilhados na rede, o senador Álvaro Dias e João Amôedo (Novo). Já a página Pragmatismo Político, única de esquerda a integrar a lista desta semana, trouxe matéria sobre uma manifestação organizada na Praça dos Três Poderes  com o objetivo de pedir o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar ministros, além de analisar os processos de impeachment de Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Na manifestação, ativistas pró-intervenção militar foram atingidos por bombas de gás e spray de pimenta pela polícia e, por isso, a acusaram de atuar em prol do STF.

Em resumo, o debate político ao longo deste período foi pautado pela participação de Bolsonaro na Assembleia da ONU e pelos protestos contra o STF diante da possibilidade de anulação das sentenças da Operação Lava Jato. Em ambos os casos, observa-se uma semelhança fundamental entre aqueles que compartilham os posts: a defesa e a justificativa de determinadas ações por puro revanchismo ideológico, a despeito da norma jurídica e do interesse coletivo. Seguimos monitorando as discussões que, no Facebook, vêm sendo protagonizadas pela direita.

[1] Excluímos da lista desta semana um post da Record TV, dois da Rede Globo e um da RedeTV!, por não tratarem de Política.

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