O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 32 – 02 a 08 de dezembro

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente, ou algum personagem ou Instituição do Governo Federal, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Esta semana foram analisados 106 textos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

O Estadão foi o mais negativo com IV[1] de – 1,1, seguido pela Folha, com – 0,73 e o Globo, com – 0,53.


[1] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.


Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal

O principal destaque da semana foi a crise entre Venezuela e Guiana, evidenciando a necessidade de atuação do Brasil para evitar conflitos armados no continente. Lula é considerado peça chave nesse cenário, utilizando sua relação com Maduro para impedir o uso da anexação da Guiana como ferramenta de mobilização nacionalista. Os textos ressaltam a importância de o governo brasileiro agir como líder regional para conter os impulsos de Maduro. A participação de Celso Amorim é mencionada, destacando seu tom mais alarmista em relação a Essequibo. A amizade entre Lula e Maduro é vista como desafiadora para a atuação do presidente em relação à Venezuela.

Na segunda posição, destaca-se a discussão sobre a escolha de Flávio Dino para o Supremo. Os meios se manifestam contrariamente ao fato de Lula ter indicado um homem branco para o STF. A análise sugere que Lula adere às questões das minorias apenas quando lhe convém, levantando questionamentos sobre a consistência de suas posições. Por outro lado, também é ressaltado que Flávio Dino possui as credenciais necessárias para ocupar o Supremo, indicando que a escolha é fundamentada em méritos técnicos.

Na terceira posição está a questão do Orçamento. Apesar de a proposta do governo em relação ao custeio de bolsas para o ensino médio ser louvável, a criação de um fundo para isso não é recomendável. A análise sugere que há uma preocupação mais acentuada com a preservação da imagem do presidente do que com a conformidade legal no tratamento da questão orçamentária.

Por fim, os jornais noticiam a crise em Maceió, enfatizando que o Ministério de Minas e Energia informou sobre a estabilização do afundamento na região. No entanto, a situação de desastre em Maceió tornou-se motivo de conflito entre aliados de Lira e o governo Lula. Há a observação de que o depoimento do presidente da Petrobras à CPI pode acelerar seu desgaste perante o governo. Aponta-se que, durante seu discurso na COP28, Lula não abordou a situação em Maceió, gerando possíveis questionamentos sobre a priorização de temas e a relação entre o presidente e Lira, especialmente após Renan Calheiros obter aval para a CPI.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Esta semana, os periódicos ampliaram suas críticas ao Governo, com textos desfavoráveis em relação ao governo em diversos gêneros de texto. O enfoque negativo predominou nas chamadas tanto do O Globo quanto da Folha, enquanto no Estadão, a liderança da cobertura negativa foi dos editoriais.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Essa semana, o Estadão ficou na liderança da negatividade, com IV de –1,86, seguido pela Folha com IV de –0,9 e O Globo com –0,78, índices bem mais negativos que os recebidos pelo Governo.

Gráfico 5. Temas mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Da mesma forma que ocorreu na cobertura do Governo Federal, os temas relacionados à crise entre Venezuela e Guiana e a escolha de Dino ocuparam considerável espaço nas notícias envolvendo o Presidente Lula. Contudo, as questões do PIB, da COP-28 e do Acordo Mercosul e União Europeia também se destacaram nas citações da imprensa ao líder nesta semana.

A análise dos jornais sobre o PIB aponta para uma possível redução no setor do agronegócio, mesmo diante da perspectiva de redução das taxas de juros. Além disso, destaca-se que o governo está ultrapassando os limites do gasto planejado, desviando-se das normas estabelecidas no arcabouço fiscal. Esses fatores, segundo os periódicos, indicam desafios significativos para o crescimento econômico em 2024, sinalizando uma complexidade na gestão macroeconômica do país.

Os jornais pontuaram que o discurso de Lula sobre energia limpa na COP28 foi marcado por ambiguidades, especialmente em relação à possível entrada do Brasil na OPEP. Entre falas genéricas, algumas críticas e elogios foram tecidos em torno do pronunciamento de Lula, destacando a qualidade do discurso em meio a certa falta de clareza em alguns pontos. Além disso, surgiram disputas relacionadas a qual pasta seria responsável pela regulamentação e fiscalização das questões ambientais abordadas no discurso. A fala de Lula provocou descontentamento entre os ruralistas, criando problemas com esse grupo específico. Essa situação não apenas impactou a relação com os ruralistas, mas também gerou desdobramentos no Congresso, sendo interpretada como um desrespeito às atividades legislativas.

Um dos destaques da semana foi a discussão sobre o Acordo Mercosul e União Europeia, que enfrenta desafios diante das dificuldades impostas pela França e da posição contrária do próximo governo argentino. A possível concretização do acordo ainda está em aberto, pois dependerá, em grande parte, da postura da Argentina. O cenário atual ressalta a importância das decisões e alinhamentos no âmbito do Mercosul para o avanço desse acordo com a União Europeia.

Gráfico 6. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

A cobertura relacionada a Lula continua sendo menos intensa em comparação àquela dedicada ao Governo Federal. Todos os três jornais mantêm uma abordagem muito crítica em relação ao presidente. O Estadão se destaca pela negatividade com a qual trata o presidente, mas nos outros dois jornais a negatividade também é alta, particularmente nos editoriais.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.


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DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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