O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 38 – 13 a 19 de Janeiro de 2024

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente, ou algum personagem ou Instituição do Governo Federal, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Esta semana foram analisados 101 textos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

A Folha foi a mais negativa, com IV[1] – 1,23, seguida por O Globo, com – 0,42, e o Estadão, com IV de – 0,06.



Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal [2]

[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

O principal tema da semana foi a transição no Ministério da Justiça, destacando a movimentação interna no PT para ocupar secretarias na pasta. A nomeação de Mário Luiz Sarrubbo como secretário de Segurança Pública, a pedido de Lewandowski, é noticiada destacando a defesa de um método mais rígido para a segurança pública.

O segundo tema foi a suspensão da isenção de impostos para os pastores, com textos apontando o impacto da medida sobre a relação de Lula com os pastores. Se, por um lado, a decisão é percebida como aumentando o atrito com os líderes evangélicos, por outro, a isenção fiscal das igrejas é considerada irrealizável do ponto de vista fiscal. A cobertura enfatiza a promessa de retaliação ao governo de Lula por parte do setor evangélico, enquanto a  suspensão da isenção é vista como positiva por abrir caminho para um diálogo necessário com esse segmento que resiste à perda de privilégios. Apesar da demora em tomar uma decisão, o governo de Lula é elogiado por tratar os líderes evangélicos com isonomia em relação aos demais cidadãos, destacando um acerto na abordagem, mesmo diante das tensões criadas pela medida fiscal.

A terceira posição ficou com a retenção da vacina da dengue devido à burocracia no Ministério da Saúde, com textos defendendo que o governo não deve se isentar de tomar atitudes em relação à doença. A cobertura ressalta a importância de agir diante da situação, mesmo com atrasos na disponibilidade da vacina, e enfatiza a necessidade de medidas preventivas e de combate à doença enquanto se aguarda a vacinação em larga escala.

Finalmente, o quarto tema da semana foi a discussão sobre reoneração fiscal, que destacou a possibilidade de o governo editar uma nova medida provisória. O presidente da Câmara, Arthur Lira, sinaliza disposição para conversar com Haddad, mas condiciona a discussão à existência de uma alternativa à MP. A disputa em torno do tema é apontada como passível de ser levada ao STF, com o qual o governo cultiva boas relações. A reação de Haddad à prorrogação da desoneração da folha é avaliada como acertada, destacando a importância da postura do político diante das medidas propostas.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Esta semana, os jornais reduziram as críticas ao Governo. Observamos que a Folha distribuiu textos negativos em todas as modalidades. O Globo, por seu turno, concentra seus textos negativos em chamadas e colunas. Já o Estadão escolhe fazê-lo nos editoriais, enquanto não apresenta textos negativos ao governo em artigos, chamadas e manchetes.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Essa semana, a Folha ficou na liderança da negatividade, com IV de –0,94, seguida pelo Globo, com –0,89, e pelo Estadão, com IV igual a–0,64.

Gráfico 5. Temas mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Da mesma forma que ocorreu na cobertura do Governo Federal, as discussões sobre as relações entre evangélicos e o governo ocupa parte significativa das notícias relacionadas ao Presidente Lula. No entanto, na cobertura do presidente, a diferença está no foco sobre a refinaria de Abreu e Lima, as relações entre Executivo e Legislativo, e o Judiciário dominaram as referências ao presidente na imprensa esta semana.

O tema de maior destaque na cobertura do presidente foi a retomada das obras na refinaria de Abreu e Lima. Os jornais apresentam uma cobertura mais crítica ao governo, afirmando que a obra é considerada fracassada, e a retomada das obras da refinaria é percebida como uma possível vingança de Lula em relação à Operação Lava Jato.

As relações entre Executivo e Legislativo também são tema da cobertura. Os jornais vaticinam que 2024 será um ano ainda mais difícil para o governo em sua relação com o Congresso. A estratégia de Lula é percebida como uma tentativa de dobrar a aposta com o Congresso, visando uma transferência de culpa. A cobertura enfatiza que Lula teve 16 vetos derrubados de um total de 30, indicando desafios significativos na relação entre os poderes.

Finalmente as relações entre Lula e o poder Judiciário também foram tema. Os jornais sinalizam o desejo do presidente de governar em estreita relação com o Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, as nomeações recentes para a pasta da Justiça e para o STF são consideradas problemáticas pela cobertura jornalística. A indicação de Lewandowski para a pasta da Justiça é interpretada como uma possível retribuição aos votos favoráveis do mesmo em processos do STF que envolviam petistas.

Gráfico 6. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

A cobertura em torno de Lula permanece menor quando comparada àquela dedicada ao Governo Federal, porém mais negativa. Os três jornais publicaram editoriais negativos em abundância essa semana, o que demonstra uma disposição bastante avessa ao presidente. As colunas de opinião de Folha e O Globo também foram intensamente negativas, o que confirma a prática reiterada da imprensa brasileira de favorecer a contratação de jornalistas que concordam com as opiniões dos patrões.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.


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DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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