O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 40 – 27 Janeiro a 02 de Fevereiro de 2024

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais nas capas e nas páginas 2 e 3 dos jornais Folha de São Paulo, O Globo e Estado de São Paulo. Consideramos na análise textos que citaram o Governo Federal ou algum de seus representantes, sejam eles pessoas físicas ou instituições. Textos que citam, por exemplo, a pessoa do presidente da república, ministras ou ministros de estado, a Caixa Econômica Federal ou Petrobrás são incluídos na análise. Esta semana 115 textos compõem a amostra.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

O Globo foi o mais negativo, com Índice de Viés (IV)[2] –1,36, seguido pela Folha de São Paulo, com –1,08 e Estadão com –0,92.


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.



Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal

O destaque da semana recai sobre as descobertas relacionadas ao caso chamado de Abin paralela. Segundo o que veio à tona, membros do governo Bolsonaro, utilizaram recursos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para montar um esquema de monitoramento de adversários políticos, jornalistas e ministros do STF. A narrativa dos jornais enfatiza que a crise na Abin revela distorções na agência, gerando desconfiança e sugerindo uma possível politização da mesma. O governo Lula é criticado por apostar em uma suposta polarização como projeto de governo.

O segundo tema aborda a mudança no comando do Ministério da Justiça, com a indicação de Lewandowski, que é vista positivamente. A agenda de segurança pública, historicamente negligenciada pelo Partido dos Trabalhadores, é apontada como o ponto frágil da popularidade de Lula. No entanto, as justificativas para a nomeação de Lewandowski, fora seu perfil técnico e respeitável, são consideradas sem sentido pelos jornais. O aumento da participação feminina e a considerável alocação de recursos para a segurança pública são destacados como elementos positivos da nova gestão.

A terceira posição é ocupada pelo debate sobre as contas públicas, sugerindo que o governo precisa retomar o controle sobre elas. O aumento do déficit é atribuído à suspensão de pagamento dos precatórios na gestão Bolsonaro, mas o Governo é instado a não concentrar seu foco apenas na arrecadação. A análise sugere que parte do rombo está relacionada ao pagamento dos precatórios, ressaltando a importância de uma gestão eficaz desses compromissos para a saúde financeira do governo.

O quarto tema versa sobre a política industrial, enfocando a insuficiência do novo plano Nova Indústria Brasil para conter a desidratação da indústria. Apesar disso, os jornais acreditam que o plano pode prosperar no mercado internacional, contribuindo para a redução da desigualdade social. Por outro lado, o Nova Indústria Brasil é visto como uma repetição de erros passados dos governos petistas, com preocupações sobre possíveis crises no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) decorrentes dos projetos do governo.

Finalmente, o quinto tema trata da proposta de mudança no comando da mineradora Vale S.A., que é categorizada como inaceitável pelos jornais. A intervenção de Lula e do ministro de Minas e Energia é criticada, com destaque para a importância de nomeações em empresas privadas serem guiadas por critérios de competência e mérito, sem influência do governo. A percepção de interferência estatal nas decisões internas da Vale S.A. é vista como um ponto sensível e é criticada como uma prática prejudicial à autonomia e eficiência do setor privado.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Esta semana, a mídia intensificou as críticas ao Governo Federal, com um destaque notável para as abordagens negativas. Os textos negativos dominaram em quase todas as modalidades nos três jornais. O Globo, por sua vez, concentrou suas críticas em chamadas, colunas e editoriais. O Estadão seguiu uma abordagem semelhante, priorizando textos negativos em chamadas e editoriais. Na Folha a presença forte de textos negativos nos editoriais, chamadas e manchetes revelam decisão dos editorialistas de marcar posição contra o governo.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Essa semana, o Globo ficou na liderança de negatividade, com IV de –1,4, seguido pelo Estadão, com IV de –1,33 e a Folha com IV igual a –1.

Gráfico 5. Temas mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Assim como na cobertura do Governo Federal, as discussões sobre a crise na Abin, a tentativa de ingerência de Lula na Vale, a nova política industrial e o novo ministro da Justiça ocuparam uma parte significativa dos textos com citações  ao Presidente Lula.

Gráfico 6. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

A cobertura em torno de Lula continua sendo menor em comparação à do Governo Federal, embora permaneça igualmente negativa. É notável a disposição editorial dos três jornais de tratar o presidente de maneira desfavorável. Isso é particularmente pronunciado nos jornais paulistas. A aparição de manchetes negativas é um dado preocupante para Lula, pois esse é o texto de maior visibilidade do jornal e, portanto, indica orientação adversária forte.  

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.


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DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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