O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

Parceria

DONI # 44 – 24 de fevereiro a 01 de março de 2024

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente, ou algum personagem ou Instituição do Governo Federal, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Esta semana foram analisados 112 textos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

O Estadão foi o mais negativo, com IV[2] – 1,33, seguido pelo Globo, com – 1, e a Folha, com IV de – 0,87.



[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.



Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal

O destaque da semana são os atos na Avenida Paulista em apoio a Jair Bolsonaro, que geraram diversas análises e interpretações. Os jornais priorizam a discussão sobre as críticas do ex-presidente à operação que o investiga e seus pedidos de anistia aos presos do 8 de janeiro. Também destacaram as presenças de figuras como Romeu Zema e Tarcísio de Freitas, que buscariam conquistar esses espólios bolsonaristas. Quanto ao governo federal, os jornais pontuam o tamanho da manifestação da direita em defesa de Bolsonaro e alertam o governo quanto ao cenário político complexo e possíveis dificuldades eleitorais.

O segundo tema abordado é a relação entre Executivo e Legislativo. Os jornais elogiam a proposta de Haddad sobre o Orçamento e afirmam que a mesma deve ser tratada como prioridade pelo Congresso, visando melhorar as condições do Brasil diante do cenário internacional. Contudo, a narrativa dos jornais apresenta um Congresso mais preocupado em garantir seu controle sobre o orçamento com as emendas parlamentares e menos preocupado com questões relacionadas ao equilíbrio fiscal e ao crescimento do país.

A terceira posição ficou com sucessão de executivos da Vale. Em suas críticas, os periódicos acusam Lula de se manter fiel ao “DNA do PT” de interferir em empresas como projeto de poder.

O quarto tema destaca a reoneração da folha. Apesar dos elogios dos jornais à proposta de reoneração, os mesmos destacam a insatisfação e a falta de apoio no Congresso. Assim, a ideia de Haddad é classificada como desastrada. Os jornais reforçam que a revogação da MP por Lula foi um importante aceno ao Congresso para em negociações futuras.

Finalmente, o último tema são as relações entre Brasil e Israel. Enquanto algumas vozes nos jornais consideram que as palavras do presidente foram acertadas, outras criticam sua retórica supostamente simplista para agradar a militância. Os jornais abrem espaço para textos que afirmam a legitimidade das críticas de Lula ao governo israelense, porém frisam que a fala ofendeu o povo judeu, e que um pedido de desculpas demonstraria grandeza e evitaria danos às relações bilaterais.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Os editoriais dos jornais essa semana mostraram-se fortemente desfavoráveis ao Governo Federal, e as colunas de opinião seguiram a tendência, mostrando mais uma vez a tendência dessas mídias de representarem o debate público de maneira fortemente enviesada e alinhada com sua linha editorial. É digno de nota também as posições similares esposadas pelos três meios, dado que mais uma vez demonstra a preocupante falta de pluralidade externa da imprensa brasileira.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Essa semana, o Globo ficou na liderança do Índice, com um IV de –2,57, seguido pelo Estadão, com IV de –2,17, e a Folha, com IV igual a –1,54. Mais uma semana em que Lula foi objeto de fortíssima cobertura negativa.

Gráfico 5. Temas mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Tal como na cobertura do Governo Federal, as discussões sobre Israel, os Atos pró-Bolsonaro na Paulista e a suposta tentativa de interferência na Vale ocuparam uma parte significativa das notícias relacionadas ao Presidente Lula. Contudo, outro tema também teve destaque nesta semana: as falas de Lula.

A declaração de Lula comparando as ações de Israel em Gaza ao Holocausto serviu de deixa para que os jornais resgatassem uma antiga crítica ao presidente, a de que ele acumua um histórico de declarações improvisadas infelizes. Os textos destacam que as palavras de Lula reforçam sua defesa do indefensável e que, quando proferidas no exterior, desconsideram a realidade e o contexto da política interna.

Gráfico 6. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

Assim como para o Governo Federal, editores e colunistas se juntaram para produzir uma avassaladora cobertura negativa do presidente. O Globo bateu o recorde essa semana, com 10 colunas negativas ao longo da semana. A Folha não ficou muito longe, com 7. Isso mostra que os jornais mantém em suas fileiras comentaristas prontos para seguirem a linha dada pelos editores, comportamento que refuta concepções românticas de liberdade jornalística ainda esposados por algumas pessoas.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.


___________________________________________________________________________________

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

Produção

Apoio


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Apoie o Manchetômetro

Criado em 2014, o Manchetômetro (IESP-UERJ) é o único site de monitoramento contínuo da grande mídia brasileira. As pesquisas do Manchetômetro são realizadas por uma equipe com alto grau de treinamento acadêmico e profissional.

Para cumprirmos nossa missão, é fundamental que continuemos funcionando com autonomia e independência. Daí procurarmos fontes coletivas de financiamento.

Conheça mais o projeto e colabore: https://benfeitoria.com/manchetometro

Compartilhe nossas postagens e o link da campanha nas suas redes sociais.

Seu apoio conta muito!