O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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5 a 11 de junho, 2018

Entre os dias 5 a 11 de junho de 2018, as 143 páginas que monitoramos publicaram 9.510 posts, que geraram 4.082.212 compartilhamentos.

Entre os dias 5 a 11 de junho de 2018, as 143 páginas que monitoramos publicaram 9.510 posts, que geraram 4.082.212 compartilhamentos.

Entre os dias 5 a 11 de junho de 2018, as 143 páginas que monitoramos publicaram 9.510 posts, que geraram 4.082.212 compartilhamentos. As páginas que mais postaram naquela semana foram UOL (476 posts), Estadão (432 posts) e Terra (432 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (5/6/2018 a 11/6/2018)[1]

coleta semana 31

Os 20 posts da tabela acima concentram 11% do volume total de compartilhamentos alcançado pelas 143 páginas ao longo do período. O recurso mais usado nesses posts foi a foto (60%), seguida da vídeo (40%).

O ranking é composto por diversos temas: eleições 2018, críticas ao Supremo Tribunal Federal, impostos, um terço que o papa Francisco teria enviado ao ex-presidente Lula, as leituras de Lula na prisão, corrupção e cortes no orçamento do Congresso. Chamam a atenção os dois primeiros da lista: um post sobre o impeachment de Gilmar Mendes e outro sobre o preço da gasolina, que apresentam mais que o dobro de compartilhamentos dos outros colocados.

A página Vem Pra Rua emplacou o maior número de posts na lista, ocupando 8 colocações. Suas publicações dividiram-se basicamente entre críticas aos ministros do Supremo, ao Partido dos Trabalhadores e ao ex-presidente Lula. O grupo condenou os habeas corpus concedidos por Gilmar Mendes durante o mês de maio; pediu seu impeachment; repudiou a autorização de Barroso para que o deputado preso em regime semiaberto João Rodrigues (PSD-SC) voltasse a exercer seu mandato na Câmara; tripudiou sobre a candidatura de Lula, chamando-o de “Presodenciável”; endossou o projeto de lei que obriga os presidiários a pagarem por suas despesas na prisão; e denunciou os privilégios desfrutados pelos ministros. A área “VIP” para ministros do Supremo no aeroporto de Brasília também foi tema de post do MBL A página ainda fez uma enquete sobre o voto para presidente, onde Bolsonaro aparece com 79% das intenções.

A segunda página a conquistar maior número de posições na lista foi a de Lula, com 4 posts. O desempenho da página do ex-presidente impressiona, visto sua atual condição. A página transmitiu ao vivo o evento de lançamento de sua pré-candidatura em Minas Gerais. Vários quadros petistas discursaram durante o evento: a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais. Foi postado também um gráfico contendo uma pesquisa de  opinião que aponta vitória de Lula em qualquer cenário no segundo turno.

A página noticiou ainda o envio de um rosário pelo Papa a Lula, destacando a denúncia do pontífice sobre a conformação de golpes de Estado na América Latina a partir de um trabalho conjunto entre a mídia, a justiça e políticos oportunistas, e ironizou o fato de parte da elite revoltar-se ao saber que Lula leu 21 livros em 57 dias, mas não se incomodar com o juiz revisor do processo contra ele, Leandro Paulsen, ter lido 250 mil páginas em apenas 6 dias, o que significa uma média de 41 mil páginas por dia. Acerca desse último ponto, foi enfatizado o ódio por parte da direita às classes mais baixas.

No âmbito dos temas, o que gerou maior número de posts foi a corrupção. A página Ranking dos Políticos, que responde pelo segundo post mais compartilhado, veiculou um vídeo da ação do grupo Endireita Brasil no que seria o “dia da liberdade dos impostos”: 5 de junho. Segundo o grupo, o brasileiro trabalha 156 dias do ano somente para pagar impostos. Ou seja, apenas após essa data o dinheiro que obtém vai para o seu real usufruto. Em celebração, um posto na Av. Bandeirantes, em São Paulo, vendeu gasolina sem cobrar impostos, por R$1,96. A ação contou com a presença de Ricardo Salles, líder do grupo e ex-secretário do Meio Ambiente de São Paulo. Uma das mensagens trasmitidas foi: “imposto é roubo!”.

A página Política na Rede reproduziu um vídeo da participação de Miguel Falabella no Programa do Faustão. O ator criticou os corruptos: “Vocês não têm vergonha? Como colocam a cabeça no travisseiro e dormem?”, e sugeriu que as pessoas pesquisem o histórico dos candidatos na internet antes de votar. Faustão completou: “Um país onde se rouba merenda escolar, o que você pode esperar?”.

O Movimento Brasil Livre (MBL), mais uma vez, alfinetou Lula por meio de foto acompanhada da legenda: “Exemplo de superação. 2 meses sem roubar. Parabéns, Lula!”.

Em contrapartida, os presidenciáveis Álvaro Dias (PODE-PR) e Jair Bolsonaro (PSL-RJ) se vangloriaram em seus posts de possuírem reputação ilibada. O primeiro postou um trecho de sua participação no Programa Roda Viva, no qual declarou: “Eu posso perdeer votos, eu posso perder amigos, eu posso perder eleições, mas não perco a dignidadade… Sou ficha limpa do começo ao fim”. Já Bolsonaro divulgou imagens onde aparece sendo recebido por um grupo de apoiadores no aeroporto de Aracaju-SE. Em discurso, afirmou: “Todo mundo está atacando a gente. Chamam a gente de tudo, menos de corrupto. (…) Honestidade não é virtude, é obrigação”. Em seus vídeos, a militância procurava contrapor sua candidatura à de Lula: “Uh é Bolsonaro, Lula condenado (…) 1,2,3,4,5 mil é Bolsonaro presidente do Brasil”. O candidato ainda prometeu: “Se sentirmos que, por ventura, houver fraude (nas eleições), nós vamos ter que, sim, parar o Brasil. Não vamos continuar sendo governados por bandidos”.

Por fim, outro presidenciável da direita, João Amôedo (NOVO), defendeu uma economia de 10% nas despesas do Congresso para compensar o subsídio no preço do diesel. Segundo Amôedo, “uma das primeiras medidas de um NOVO governo deve ser dar o exemplo, acabando com privilégios e mordomias de políticos, que custam caro a todos os brasileiros. Há muito onde cortar”.

Em suma, observamos que após a paralisação dos caminhoneiros, o ranking voltou a ser dominado pelas páginas da direita. Embora esse bloco tenha se fragmentado em um maior número de páginas, retoma-se a corrupção enquanto eixo discursivo. Enquanto  Vem Pra Rua, MBL e Bolsonaro associam tal prática fundamentalmente ao PT e a Lula, e em menor medida, ao STF, os grupos e candidatos da direita liberal difundem a diminuição de impostos e da máquina pública. De outro lado, impressiona o desempenho da página de Lula que, mesmo preso, protagoniza o debate político tanto como principal inimigo da direita conservadora, quanto como líder de compartilhamentos entre páginas de esquerda. Iniciada a Copa do Mundo, veremos se outros jogadores entram em campo.

[1] Dois posts foram excluídos da lista dessa semana por fugirem aos propósitos do monitoramento: um da Rede Globo e outro de Adilson Barroso – Ambientalista.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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