O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

Parceria

Metodologia

No início de julho de 2014, o Laboratório de Estudos da Mídia e da Esfera Pública (LEMEP) colocou no ar o Manchetômetro. Durante os meses seguintes, a equipe fez o acompanhamento diário da cobertura das eleições nos jornais impressos Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e O Globo, e no Jornal Nacional da Rede Globo, noticiário televisivo de maior audiência no país. A equipe também incluiu na base de dados e gráficos do site o período anterior à campanha eleitoral, retrocedendo a análise até o começo de 2014, a fim de que os usuários pudessem avaliar se houve mudanças com o advento do período de campanha.

Após o fim do período eleitoral, o Manchetômetro continuou a acompanhar a cobertura de economia e política dos maiores veículos de comunicação brasileiros, produzindo dados quantitativos e artigos qualitativos acerca de tais temas.

No caso dos jornais impressos, as análises levadas a cabo no Manchetômetro são focadas nas capas. Tal escolha se baseia nas seguintes justificativas:

  1. A capa de um jornal tem poder comunicativo muito maior do que as notícias de seu miolo. A manchete, as chamadas e as fotos da capa são os elementos comunicativos mais vistos na publicação, seja pelos assinantes e seus familiares, pelas pessoas que compram os jornais nas bancas ou mesmo pelas pessoas que circulam todos os dias em frente às bancas de revistas, onde as capas dos jornais diários são expostas para a apreciação pública.
  2. As manchetes e chamadas expostas na capa são aquelas consideradas mais relevantes pelos editores do jornal, as que melhor resumem o conteúdo de toda a publicação, as que supostamente atraem mais os leitores. A capa funciona como um índice, um guia para leitura.

O Manchetômetro analisa também as páginas de opinião. Estas apresentam três tipos de textos: editoriais, artigos de opinião e colunas. Os editoriais contêm a opinião dos donos e editores dos jornais, aqueles responsáveis por tomar as decisões sobre quais temas serão cobertos e como eles serão abordados, seja em reportagens ou em outros artigos de opinião. Os colunistas, por sua vez, são profissionais de diversas áreas que escrevem periodicamente nas páginas dos jornais. Sua presença reflete ou tenta refletir muitas vezes uma pluralidade de perspectivas ou reforçar posicionamentos específicos. Por fim, os artigos de opinião são textos feitos por articulistas convidados que escrevem sobre temas específicos e não estão vinculados ao periódico.

A análise do Jornal Nacional, por sua vez, leva em conta todo o conteúdo veiculado diariamente pelo telejornal. Além da codificação de valências, os tempos das notícias são computados, o que nos permite mapear a exposição relativa de cada assunto, personagem, partido ou tema polêmico.

A principal metodologia utilizada no Manchetômetro, a Análise de Valências, já pertence à tradição dos estudos de mídia e foi empregada de maneira pioneira no Brasil por Marcus Figueiredo, professor e pesquisador do antigo IUPERJ, atual IESP-UERJ. Tal análise busca responder à seguinte pergunta: o texto em questão expressa alguma posição quanto ao assunto ou aos personagens mencionados Dividimos nossas valências em quatro tipos: positivas, negativas, neutras e ambivalentes. As notícias favoráveis são as que contêm referências predominantemente positivas ao personagem ou tema em questão, sejam elas factuais ou normativas (exemplo: “Programa X diminuiu drasticamente os níveis de desnutrição infantil nos estados da Região Nordeste” ou “Fulano de Tal cumpriu a maioria de suas promessas de campanha”); as contrárias são aquelas que contêm referências predominantemente negativas ao personagem ou tema em questão (exemplo: “Política econômica do governo não detém inflação” ou “Cicrano não é um ministro confiável”; quando o texto é mormente descritivo e destituído de conteúdo claramente positivo ou negativa, ele recebe a classificação de neutro (exemplo: “Congresso aprova lei Y” ou “Conheça as novas regras do programa Z”); e em caso de equilíbrio entre referências negativas e positivas, a notícia é classificada como ambivalente (exemplo: “Desemprego cai, mas inflação aumenta”).

Como as manchetes e títulos de capa são taquigráficos, frequentemente utilizamos a interpretação do texto que vem abaixo para determinar a valência correta. Já no caso dos artigos de opinião, editoriais e textos mais longos na capa, a valência é atribuída a partir de um julgamento acerca de todo o conteúdo da matéria, pensando as referências nela contidas.

As notícias são classificadas por um membro da equipe e posteriormente revisadas por um segundo membro. Em caso de discordância sobre a valência atribuída, um terceiro membro é consultado e seu veredicto funciona como critério de desempate. A equipe é instruída a fazer classificações conservadoras – ou seja, apenas identificar valências positivas ou negativas nos casos em que a inclinação for clara e intensa.