O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

Parceria

31 de março a 6 de abril, 2019

Entre os dias 31 de março e 6 de abril de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 6.688 posts, que geraram 4.713.218 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: Veja (396 posts), O Globo (386 posts) e Exame (376 posts).

Entre os dias 31 de março e 6 de abril de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 6.688 posts, que geraram 4.713.218 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: Veja (396 posts), O Globo (386 posts) e Exame (376 posts).Entre os dias 31 de março e 6 de abril de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 6.688 posts, que geraram 4.713.218 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: Veja (396 posts), O Globo (386 posts) e Exame (376 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (31/3/2019 a 6/4/2019)[1]

semana 73

Os 20 posts da tabela acima concentram 13% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais empregados nos posts foram vídeo (40%), seguido de link (30%), foto (20%) e texto (10%).

O assunto mais comentado da semana foi a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, na audiência da Comissão de Constituição e Justiça sobre a Reforma da Previdência. O debate entre o ministro e a oposição foi acalorado. A direita se aproveitou do episódio para recortar uma das falas de Guedes e espalhá-la na rede, como se o ministro tivesse vencido a discussão. Na citação em questão, Guedes acusa o Partido dos Trabalhadores de “não ter feito nada durante 18 anos de governo”, “de não ter tido coragem” e que “quando (os petistas) eram governo, não colocaram imposto sobre os dividendos e deram benefícios para os bilionários”. Este trecho foi compartilhado nos posts do Movimento Brasil Livre (MBL), de Jair Bolsonaro e dos deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP), que compõem a lista.

Outro argumento de Guedes, sobre a reforma colocar fim aos privilégios da classe política, já que a aposentadoria parlamentar é 20 vezes maior que a média do que é recebido pelos trabalhadores do INSS, virou título de uma matéria do Estadão que alcançou o ranking por meio dos posts do próprio jornal e de João Amoêdo (Novo).

Jair Bolsonaro segue utilizando o Facebook para comunicar suas decisões aos seus eleitores. Ao lado dos ministros Sergio Moro e General Heleno, na live desta semana, comentou a reunião realizada com líderes partidários na qual foram discutidas a Reforma da Previdência e a governabilidade, e informou sobre: a aprovação do 13º do Bolsa Família; a Operação Luz da Infância; o encontro da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, com a comunidade árabe; a visita a Israel e os acordos lá assinados; a tramitação do pacote anticrime, o lançamento do perfil de Sergio Moro no Twitter e o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O presidente destacou que todas essas propostas possuem amplo apoio entre os deputados; defendeu a importância das parcerias com outros países, independentemente de posição ideológica, e do livre-comércio como é praticado em Israel; e alegou que a visita àquele país não implica em indisposição com a comunidade palestina, embora boa parte da própria comunidade palestina manifeste o contrário.

Em seus outros posts que compõem o ranking, Bolsonaro declarou o cancelamento da instalação dos radares eletrônicos nas rodovias federais e a revisão de todos esses contratos e parabenizou os policiais da ROTA (PM-SP) “pela rápida e eficiente ação contra 25 bandidos fortemente armados” na cidade de Guararema, em que foram mortos 11 deles.

Bolsonaro ainda foi tema de duas matérias da imprensa, uma da Veja e outra do R7, sobre a sua intenção de acabar com o horário de verão e de dois posts do seu filho Eduardo, que compartilhou um vídeo ressaltando as diferenças das coberturas da visita à Israel pelo presidente realizadas pela Record e pela Globo. Eduardo argumentou que a primeira relatou pontos positivos do encontro com o premiê Benjamin Netanyahu, enquanto a segunda teria realizado um enquadramento negativo a partir do destaque dado à investigação do premiê por corrupção e à iniciativa polêmica e ofensiva de se mudar a embaixada brasileira para Jerusalém.

Por fim, o MBL publicou dois posts críticos ao Partido dos Trabalhadores em razão do partido se declarar contrário à Reforma da Previdência. Em um deles, foram elencados os diversos projetos em que o partido votou contra (a Constituição de 1988, o Plano Real, a Lei de Responsabilidade fiscal e a PEC de teto dos gastos) sem informar o porquê desse posicionamento, e o segundo atacou especificamente a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), que declarou ser impossível um idoso viver com R$400, como prevê a Reforma. O contra-argumento do MBL é que, atualmente, com o Bolsa Família defendido pela deputada, esse mesmo idoso pobre vive com R$180.

Em resumo, observamos nesta semana que a nova direita utilizou o Facebook para realizar intensa campanha a favor da Reforma da Previdência. Entretanto, seus posts concentraram-se mais em atacar a esquerda, sobretudo o PT, do que em apresentar argumentos consistentes em defesa do projeto. A marcação ideológica esteve presente não apenas nesses posts, mas também naqueles que tratavam das relações exteriores, do combate ao crime e de benefícios governamentais. Tal posicionamento tende a perpetuar e acentuar a polarização política e o ódio à esquerda, fomentados durante o período eleitoral. O bom senso, a prudência e o franco debate passam muito longe do governo e destes grupos políticos, o que é muito prejudicial à democracia e certamente penitenciará a população brasileira nas próximas décadas.

[1] Tendo em vista nossos propósitos, foram excluídos dois posts da lista – um da Revista IstoÉ e outro do G1 – por não tratarem de política.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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