O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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14 a 20 de abril, 2019

Entre os dias 14 e 20 de abril de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 5.986 posts, que geraram 4.103.873 compartilhamentos.

Entre os dias 14 e 20 de abril de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 5.986 posts, que geraram 4.103.873 compartilhamentos.

Entre os dias 14 e 20 de abril de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 5.986 posts, que geraram 4.103.873 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: Veja (537 posts), Record TV (499 posts) e Fora Temer (493 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (14/4/2019 a 20/4/2019)[1]

 semana 75

Os 20 posts da tabela acima concentram 14% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais empregados nos posts foram foto (80%), seguida de vídeo (20%).

A maioria dos posts que compõem a lista desta semana pertence à página Vem Pra Rua Brasil e trata da decisão do ministro Alexandre de Moraes de ordenar a exclusão da reportagem “amigo do amigo do meu pai” dos sites O Antagonista e Revista Crusoé. A reportagem fala sobre o e-mail de Marcelo Odebrecht a respeito de suposta negociação espúria que envolvia o ministro Dias Toffoli. Moraes estipulou multa e pena aos sites, além de exigir-lhes esclarecimentos, posto que tal notícia foi constatada inicialmente como falsa pela Procuradoria Geral da República (PGR) e fere, conforme argumentou, a honra do presidente da Corte.  O Vem Pra Rua, indignado em seus posts, interpretou a determinação como uma tentativa de “censura” da “ditadura da toga”. O episódio levou o movimento e alguns deputados a registrar o pedido de impeachment dos ministros Moraes e Toffoli, fato que também viralizou. Após averiguar que a reportagem não era falsa, o ministro, pressionado, recuou em sua decisão.

A Reforma da Previdência continuou a se destacar em boa parte das discussões políticas no Facebook durante o período. Os movimentos Brasil Livre, Vem Pra Rua Brasil e o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) defenderam a proposta por meio de ataques aos partidos de esquerda, sobretudo ao PT. Em seus posts, argumentam que “a turma do Lula livre” sabe da necessidade da reforma, mas faz-lhe oposição sistemática por sede de poder e por não querer perder seu privilégio da aposentadoria especial. Estes atores alegam ainda, em suas publicações, que PT, PSOL e PCdoB possuem dívidas altas com a Previdência.

Do outro lado do espectro político, tivemos somente um post de Guilherme Boulos no ranking, sobre a denúncia publicada na Folha de compra de votos, por parte do governo, para aprovar a reforma, a partir da liberação de 40 milhões em emendas parlamentares para deputados federais. Considerando que são necessários 308 votos, em uma conta rápida, Boulos mostra que este valor equivale a cinco vezes o investimento no FIES e ao dobro do dinheiro destinado ao projeto Minha Casa, Minha Vida.

Por fim, cinco posts do presidente acumularam muitos compartilhamentos, embora somente dois deles tenham conteúdo de interesse público. Em encontro com lideranças indígenas no Palácio do Planalto, Bolsonaro criticou as instituições e ONGs voltadas a estas populações e defendeu o acesso direto dos indígenas ao governo federal. O presidente afirmou que os indígenas desejam se integrar à sociedade e têm o direito de explorar e lucrar com suas terras como bem entenderem, inclusive fazendo acordos com a iniciativa privada e com estatais, como na construção de hidrelétricas ou assuntos de agropecuária, para melhorarem suas condições de vida. Entretanto, o presidente deixou escapar seu preconceito quando se referiu à liderança Paresi com o seguinte comentário: “até que ele fala bem”.

Já em sua live, Bolsonaro comentou rapidamente a renovação do passaporte diplomático a Edir Macedo e sua esposa e a viagem de seu filho à Hungria. Além disso, o presidente justificou sua última gafe a respeito de sua relação com a imprensa, que foi largamente criticada por seu tom ameaçador (“devemos nos entender para que a chama da democracia não se apague”); informou sobre o recadastramento do seguro-defeso e prometeu anistia para os irregulares que não renovarem o benefício; defendeu o porte de armas e exclusão da cláusula do excesso para casos de tiro em legítima defesa; acusou parte da classe artística de apoiar a esquerda por causa da Lei Rouanet, que supostamente os teria beneficiado; e, ainda, alegou que a esquerda tratava os índios como animais em zoológicos ou seres pré-históricos.

Em suma, a disputa entre a direita e a esquerda nos mais diversos assuntos pautou o debate político ao longo do período analisado. O governo e seus apoiadores defenderam suas propostas no Facebook a partir da tentativa de criminalizar a oposição, tanto no caso da Previdência, como por meio das política públicas implementadas  nos governos anteriores ou pela simples existência dos movimentos sociais e de outras organizações progressistas. Contudo, os projetos do governo e seu discurso deixam claro a quem se voltam: ao agronegócio, aos grandes empresários e ao capital financeiro. A exploração desenfreada do território e do trabalho a partir da redução de direitos e das mudanças na legislação ambiental se sobrepõem às necessidades da sociedade brasileira e ao desenvolvimento do país de modo geral.

[1] Tendo em vista nossos propósitos, foi excluído da lista o post de Adilson Barroso (PEN), por não tratar de Política.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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