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Parceria

15 a 21 de julho, 2019

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

Em suma, a semana anterior foi espinhosa para o presidente, que recorreu às redes para se defender das críticas e justificar suas atitudes.
Em suma, a semana anterior foi espinhosa para o presidente, que recorreu às redes para se defender das críticas e justificar suas atitudes.

Entre os dias 15 e 21 de julho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.114 posts, que geraram 3.403.894 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram VEJA (395 posts), Estadão (394 posts) e Exame (390 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (15/7/2019 a 21/7/2019)[1]

semana 88

Os 20 posts da tabela acima concentram 15% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais frequentes nos posts foram vídeo (55%), seguido de link (20%), texto (15%) e foto (10%).

O ranking do período é composto pelas diversas polêmicas que marcaram o mundo político na semana passada. A maioria envolveu de alguma forma o presidente Jair Bolsonaro, que  assinou 13 dos 20 posts mais compartilhados.

Pelo Facebook, Bolsonaro procurou se defender das críticas a suas atitudes e decisões, fazer propaganda dos seus primeiros 200 dias de governo e atacar aleatoriamente o Partido dos Trabalhadores.

Quanto aos seus feitos, o presidente destacou: a sanção da Lei 13.861/2019, que inclui dados específicos sobre o autismo no Censo do IBGE (assunto do post mais compartilhado da semana); a redução do custo da Carteira Nacional de Habilitação; a redução do número de homicídios; as obras da ferrovia norte-sul;  e a convocação de 2 mil concursados com deficiência pela Caixa Econômica Federal.

Nos posts, Bolsonaro respondeu ainda à pressão da comunidade internacional sobre o desmatamento da Amazônia, alegando que “nenhum país do mundo tem moral para falar sobre a Amazônia, porque já devastaram todas suas florestas” e que, no quesito preservação, “o Brasil é um exemplo para o mundo”.

Outra declaração de Bolsonaro, sobre a inexistência de fome no Brasil, teve desdobramentos na rede. A página de Lula veiculou um vídeo do discurso do ex-presidente ao ganhar o World Food Prize (Prêmio Mundial de Alimentação), em 2011. No vídeo, Lula destacou que, em seu governo, 40 milhões de brasileiros ascenderam de classe social e 20 milhões de brasileiros saíram da pobreza extrema. Na ocasião, Lula afirmou: “Essa é a verdadeira guerra que todos os governantes deveriam fazer. Lutar pela vida e não pela morte. Porque a fome é uma arma de destruição em massa mais perigosa que qualquer outra arma que o homem já inventou”. Já Guilherme Boulos, rebateu Bolsonaro argumentando que atualmente 18 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza no Brasil e que seu governo é um enorme retrocesso. Diante dessa e de outras críticas, Bolsonaro declarou que, no passado, “os chefes de Estado do Brasil (sobretudo Lula) faziam campanha negativa contra seu próprio país e mentiam sobre o número de crianças abandonadas, fome, desmatamento, etc”, e que, se fizesse o mesmo, seria aplaudido e não alvejado pela imprensa.

O vazamento da conversa de Bolsonaro com o ministro Onix Lorenzoni antes da coletiva com a imprensa estrangeira também lhe rendeu críticas. Nesse diálogo informal, Bolsonaro revelou-se xenófobo ao dizer: “’daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão”. A gafe alcançou o ranking por meio de uma matéria de O Globo e de post do próprio Bolsonaro, que procurou justificar-se compartilhando a fala de um apresentador de TV que lhe defendeu, no ar, dizendo que o presidente “está cuidando da Paraíba” e que prova disso seria o empréstimo concedido ao governador daquele estado, João Azevedo, para tratar de problemas no sertão.

Também repercutiu negativamente para o presidente, na rede, a suspensão pelo ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffolli, dos processos judiciais em que houve compartilhamento de dados da Receita Federal, do Coaf e do Banco Central com o Ministério Público sem prévia autorização judicial, a pedido da defesa do filho do presidente, Flávio Bolsonaro, no caso Queiroz. A decisão do STF rendeu ao Estadão duas posições na lista por meio de matérias críticas. Outra reportagem do jornal, negativa com relação ao governo federal, que alcançou o ranking foi a notícia de que a defesa de Jair Bolsonaro aceitou a decisão judicial de absolver e internar Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou o então candidato na tarde de 6 de setembro de 2018, no centro de Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral. Tal postura alimentou ainda mais suspeitas que circulam sobre o ataque ter sido simulado.

Em suma, a semana anterior foi espinhosa para o presidente, que recorreu às redes para se defender das críticas e justificar suas atitudes. Embora Bolsonaro siga obtendo o maior número de compartilhamentos com seus posts, as publicações que compõem a lista desta semana, em geral, são negativas para o governo federal. Corroborando as pesquisas de opinião pública, nossos dados mostram que a popularidade do presidente no Facebook, plataforma na qual possui muitos apoiadores engajados, também está em declínio.

[1] Nesta semana, excluímos da lista apenas um post, do G1, por não tratar de política.

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