O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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De 10 a 16 de agosto de 2020

Entre os dias 10 e 16 de agosto de 2020, das 719 páginas monitoradas, 643 publicaram algum conteúdo durante a semana analisada, em um total de 17.152 posts que geraram 8.213.286 compartilhamentos. Os recursos utilizados foram 7.294 (42%) fotos, 5.966 (35%) links, 3.735 (22%) vídeos e 157 (1%) status.

A pandemia do coronavírus continuou a ser o principal assunto nas redes sociais. Em postagem em sua página, o presidente Jair Bolsonaro criticou a transformação do coronavírus em politicagem. Bolsonaro compartilhou um vídeo da Band, no qual o repórter insinua que a transferência de responsabilidade de poder aos prefeitos e governadores, durante a pandemia, resultou no aumento no número de crimes como homicídios. O repórter ainda diz que após a chegada o país ter atingido a marca de cem mil mortes, governadores e prefeitos começaram a aderir à hidroxicloroquina e à azitromicina, enquanto o presidente sempre defendeu o uso de ambas no tratamento da Covid-19.

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) também utilizou um vídeo para defender o uso da hidroxicloroquina. Zambelli apresentou reportagens do Jornal Nacional  de maio de 2016 que elogiavam a utilização da cloroquina para o tratamento de malária e sua capacidade de proteger cérebro de fetos contra a infecção pelo vírus da zika. Na postagem, a deputada afirmou que a Rede Globo estaria manipulando as pessoas, mudando o teor das reportagens porque o governo agora era outro. Para reforçar seu ponto, a deputada trouxe reportagem atual sobre a hidroxicloroquina alertando para o perigo de usar o medicamento. Segundo Zambelli, a cobertura do medicamento tomou aspecto político inesperado durante o governo Bolsonaro.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também comentou sobre a pandemia, republicando um post da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) que questiona se a culpa da pandemia é do presidente Jair Bolsonaro. Eduardo Bolsonaro também citou a decisão do STF de responsabilizar governadores e prefeitos por medidas tomadas em seus estados e municípios durante a pandemia.

A Rede Globo também foi alvo de posts bolsonaristas. Carla Zambelli, Bia Kicis, Eduardo Bolsonaro e o próprio presidente publicaram imagens atacando a emissora carioca por conta da delação de Dario Messer. O doleiro teria realizado negócios no exterior com a família Marinho, dona da Rede Globo. Na maioria das imagens postadas apareceriam Messer e os apresentadores do Jornal Nacional, William Bonner e a Renata Vasconcelos, juntos ao da emissora.  Já Eduardo Bolsonaro postou um vídeo referente a uma reportagem do Jornal da Record sobre a investigação de Dario Messer pela Lava Jato e o envolvimento da família Marinho no esquema do exterior.

O principal alvo de ataques nessa semana, no entanto, continuou a ser o STF e o ministro Gilmar Mendes. Tal qual em semanas anteriores, a maioria das críticas vieram da deputada federal Carla Zambelli. Em uma de suas postagens atacando a Corte e o ministro, Zambelli publicou um vídeo do programa Pânico! falando que a indenização de um processo contra Gilmar Mendes seria paga com dinheiro público.

Como na semana passada, o senador Jorge Kajuru (CIDADANIA-GO) também comentou sobre o ministro do STF Gilmar Mendes ter soltado Alexandre Baldy. Para Kajuru, foi Marconi Perillo, ex-governador de Goiás e hoje assessor especial de João Doria, que solicitou a Gilmar Mendes a liminar para o secretário de Transporte de São Paulo.

O destaque nos posts compartilhados desta semana voltou a ser o deputado federal André Janones (AVANTE-MG), que comentou a tramitação de um projeto de lei referente a extensão do auxílio emergencial até dezembro de 2020, quando está marcado o término oficial do estado de calamidade causado pela pandemia do novo coronavírus.

Conforme notamos, esta semana as publicações, em sua maioria, foram de ataques a opositores do governo federal e ao STF. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) continuou como o destaque tanto na produção de posts agressivos como em compartilhamentos, demonstrando sua capacidade de influenciar o debate e engajar seu público. Por sua vez, o Deputado Federal André Janones (AVANTE-MG) retomou seu lugar no topo do ranking desta semana ao falar do auxílio emergencial e a possibilidade de prorrogação. Esse fato demonstra o poder da temática do auxílio emergencial nas redes. A chegada a 100 mil mortes também foi dominada pela extrema direita que questionou se a responsabilidade seria mesmo do Presidente, já que o STF passou a responsabilidade do lockdown a estados e municípios e também porque as medidas defendidas por Bolsonaro não teriam sido aplicadas desde o início da pandemia.

Em suma, em uma semana que poderia ser muito complicada para o governo, seus apoiadores nas redes sociais estavam determinados a reverter a narrativa e tentar jogar a responsabilidade pela tragédia humana da pandemia sobre governadores e prefeitos, isentando assim Bolsonaro. Essa tática de reversão de narrativas adotada pelos influenciadores da extrema direita se repete, semana após semana, apropriando-se dos diferentes conteúdos que são destaque no debate político, mas sempre à serviço do Bolsonaro, de seu governo e de sua família.

Você pode baixar nosso relatório clicando aqui.

Por Natasha Bachini, Eduardo Barbabela, Douglas Moura, Keila Rosa, Andressa Liegi Costa, Lucas Loureiro, Bruna Medina, Ana Beatriz Getirana, Matheus Ribeiro, Robson Nunes, Victor Nobre e João Feres Jr

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