O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 18 – 29 de julho a 04 de agosto

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente, ou algum personagem ou Instituição do Governo Federal, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Esta semana foram analisados 104 textos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal

Essa semana, os três jornais apresentaram redução na cobertura sobre o Governo Federal. 

Calculando o Índice de Viés (IV) segundo a fórmula F-CA+N, na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras, a Folha é a mais negativa, com IV de -0,37, seguida pelo Globo com – 0,24, e o Estadão com IV de – 0,05.  

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal

As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

O tema central da semana foi a reunião do Copom e a decisão de reduzir a taxa de juros em 0,5%. Os jornais oscilaram entre críticas à pressão exercida pelo governo para a diminuição da taxa e elogios ao BC por embasar sua escolha em “fundamentos técnicos”. A nomeação de Marcio Pochmann para a presidência do IBGE também permaneceu em destaque na cobertura do governo federal nesta semana, reiterando a crítica de que essa seleção foi motivada por considerações ideológicas. As invasões realizadas pelo MST em diferentes partes do país também foram pautadas pela cobertura dedicada do governo. Segundo as publicações, tais ações do movimento foram impulsionadas por promessas de campanha de Lula não cumpridas.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto

Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados. 

Os favoráveis foram, como de praxe, bastante esparsos, mas os contrários também não foram numerosos essa semana, com exceção dos editorais de O Globo. Já o Estadão apresentou comportamento atípico essa semana, com dois editoriais positivos e somente um negativo. 

Gráfico 4. Enquadramentos mais presentes na cobertura do Governo Federal

Os enquadramentos dizem respeito ao modo como a mídia trata os diversos temas apresentados, associando a eles argumentos e narrativas, para além da pura negatividade ou positividade capturada pelas valências.

No âmbito do Governo Federal, dois focos de análise se destacam: o primeiro centrado na seleção de Pochmann para o IBGE e o segundo na reestruturação ministerial. Os artigos relacionados à escolha do novo presidente do IBGE mantiveram tom crítico à decisão de Lula. No entanto, esta semana, a ênfase recaiu sobre o currículo de Pochmann e seu suposto viés ideológico, apontando potenciais impactos negativos para o instituto. Na semana anterior, as publicações haviam enfatizado o conflito gerado dentro do próprio governo pela decisão.

Quanto à reforma ministerial, o enquadramento principal abordou a indecisão, tanto por parte do governo quanto dos partidos PP e Republicano, em relação aos termos para sua incorporação à base aliada. Os textos manifestaram críticas à postura do Centrão, alegando que essa indecisão está atrasando pautas de grande relevância, como a reforma tributária e a reforma administrativa, em prol da busca por maior influência no Palácio do Planalto.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Calculando o Índice de Viés segundo a fórmula F-CA+N, na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras, temos a Folha na liderança de negatividade, com – 0,32, seguida pelo Globo com – 0,27 e o Estadão com IV igual a – 0,13. Também é importante destacar que, a cobertura de Lula diminuiu no Estadão e no Globo e aumentou na Folha. 

A cobertura de Lula se mostrou mais negativa que a de seu governo no Estadão e no Globo. Já na Folha foi ligeiramente menos negativa. 

Gráfico 6. Temas mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Assim como a cobertura do Governo Federal, o debate sobre a taxa de juros foi o centro das notícias relacionadas a Lula. Os artigos enfatizaram a pressão exercida pelo presidente para a redução da taxa de juros, sempre criticando essa ação de Lula. Os jornais também destacaram as interações entre o Executivo e o Legislativo, salientando a conexão intrínseca entre essa relação e um acordo entre Lula e Lira e afirmando que inevitavelmente ocorrerão conflitos nessa relação. Além disso, houve debates acerca da diminuição do desmatamento durante o período Lula, bem como críticas em relação ao mecanismo de “gratidão premiada” que supostamente seria empregado por Lula em relação aos aliados que o apoiaram durante o período em que esteve detido em Curitiba

Gráfico 7. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

A cobertura em torno de Lula se mantém menor quando comparada àquela dedicada ao Governo Federal. Os editoriais de O Globo dedicados ao presidente seguiram a tendência negativa da cobertura do Governo Federal. É interessante notar que essa semana houve somente dois textos favoráveis a Lula e ambos foram editoriais do Estado de S.Paulo. 

Gráfico 8. Enquadramentos mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Assim como ocorreu com os enquadramentos do Governo Federal, a incerteza em torno da reforma ministerial foi o tema dominante nas notícias sobre o presidente. Ao longo da última semana, as publicações enfatizaram a relevância do acordo entre Lula e Lira para o futuro do país, especialmente considerando o poder que o presidente da Câmara detém para obstruir a agenda de reformas nacionais. 

Análise da Semana

Ao longo desta semana, os jornais abordaram uma série de tópicos que ecoaram assuntos já debatidos nas semanas anteriores, tais como as relações entre o Governo e o Centrão, a reforma ministerial e a nomeação de Márcio Pochmann para o IBGE. Entre os principais temas inéditos, destacam-se a decisão de redução da taxa de juros e as críticas às escolhas de Lula para “recompensar” seus aliados.

A cobertura intensa da reforma ministerial manteve-se em um equilíbrio favorável ao governo ao longo da semana, com enfoque nas dificuldades enfrentadas na integração de partidos como o PP e o Republicanos, além da pressão exercida por Arthur Lira para a definição dos cargos. Os jornais criticam a falta de definição e ressaltam que o desbloqueio da pauta no Congresso é crucial para a aprovação da agenda de reformas nacionais.

A decisão do Banco Central de reduzir a taxa de juros em 0,5% foi celebrada pelas publicações. A cobertura apresentou duas perspectivas complementares sobre o acontecimento: a crítica à pressão exercida por Lula e pelo governo para a queda dos juros nos últimos meses; e o elogio à decisão embasada do BC, que é noticiada como “baseada em fundamentos técnicos”, houve, contudo, textos que apontaram para a demora na sua concretização. Em outras palavras, mesmo quando convergem para a posição de Lula, depois de longo período de franca oposição, como mostrado na série de relatórios do DONI, os jornais o fazem de maneira a exaltar o presidente do Banco Central, mantendo, ao mesmo tempo, suas críticas à atuação do presidente petista. 

Por fim, a decisão de Lula em nomear Márcio Pochmann para a presidência do IBGE permaneceu como tópico central ao longo da semana, trazendo à tona um novo assunto: a chamada “gratidão premiada”, um slogan adotado pelo próprio jornalístico para melhor turbinar suas campanhas negativas, como Mensalão, Petrolão e tantos outros. Segundo os jornais, Lula estaria recompensando seus aliados que o apoiaram durante seu período de prisão em Curitiba com cargos no governo. As publicações condenam essa atitude do presidente, argumentando que ele deveria tomar decisões mais ponderadas em prol do país e não em prol de seus associados. É interessante notar que essa estratégia de branding jornalístico é usada para tratar Bolsonaro e seu governo pretérito ou mesmo os governos tucanos de São Paulo e do Brasil. 

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais. 

Você pode baixar nosso relatório, clicando aqui.

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