O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 53 – 27 de abril a 03 de maio de 2024

No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula, ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 119 textos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

Em abril, o Estadão foi o jornal mais crítico, com IV[2] – 1,25, seguido pelo Globo, com IV de –1,16, e a Folha, com –1,03. O IV da cobertura total de abril foi de –1,15, o segundo mais negativo desde o início do governo Lula 3. Em maio, O Estadão continua como o jornal com o maior número de textos desfavoráveis ao governo, com IV de – 2, seguido pela Folha, com – 0,875, e Globo, com IV de – 0,17. O IV da cobertura total de maio é – 0,89.


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

O destaque da semana foi a repercussão sobre as comemorações do 1º de maio, Dia do Trabalhador. As publicações priorizaram dois aspectos do ato das centrais sindicais, do qual Lula participou. O primeiro foi o fato de o evento ter sido esvaziado. Além disso, a segunda questão abordada foi o pedido de votos do presidente para Guilherme Boulos, pré-candidato à prefeitura de São Paulo, o que fere a legislação eleitoral. O episódio reverberou no meio político e levantou dúvidas sobre campanha antecipada.

O segundo tema discutido foi a desoneração da folha de pagamento. A ação judicial do governo contra os efeitos da Lei aprovada no Congresso que prorrogava o benefício, e a decisão de Cristiano Zanin, ministro do Supremo Tribunal Federal, de suspender a desoneração momentaneamente foram o foco das publicações. Os jornais priorizaram críticas à posição considerada belicosa do governo, afirmando que tal ação poderia deteriorar as relações com o Legislativo. Já sobre a suspensão de Zanin, a imprensa destacou o incômodo de prefeitos e parlamentares com a decisão.

O terceiro assunto foi o próprio Supremo Tribunal Federal, e suas relações com Executivo. Os jornais continuaram a explorar uma suposta utilização do Judiciário pelo Planalto, como forma de reverter derrotas no Congresso. As publicações afirmam que o STF tem sido pouco transparente quanto à sua agenda. Neste sentido, o Estadão até sugere que estaríamos caminhando para uma “espécie de ditadura do STF” com as ações do ministro Alexandre de Moraes.

Finalmente, o quarto tema abordou as relações entre Executivo e Legislativo. Nessa semana, o alvo foi o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). As publicações reforçam os acenos de Pacheco ao bolsonarismo, e citam o embate público entre Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e o parlamentar. Haddad acusou o Congresso de não respeitar regras fiscais, e Pacheco criticou o ministro por sua fala.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Nessa semana, a mídia continuou a criticar o Governo Federal. Folha e Globo publicaram textos desfavoráveis em todas as seções, enquanto no Estadão os textos negativos só não apareceram nos artigos de opinião. No Estadão, os editoriais foram a modalidade com maior número de análises desfavoráveis. Já na Folha e no Globo, as chamadas na capa concentram a maior parte das críticas ao governo. Tal qual veremos na cobertura de Lula, o Estadão também se apresentou como o jornal com maior número de textos e análises desfavoráveis ao presidente.

[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Observando os dados de abril, o Estadão apareceu como o jornal líder no Índice, com um IV de – 2,11, seguido pelo Globo, com -1,94, e a Folha, com IV de -1,25. O IV total de abril foi de – 1,67 resultado melhor apenas do que os meses de março de 2023 e março de 2024. Em maio, a liderança seria do Estadão, com um IV de – 9, seguido pela Folha, com – 1,2, e Globo, com – 0,67. O IV total até o momento é de – 2,13.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

A cobertura em torno de Lula continua sendo menor em comparação àquela dedicada ao Governo Federal, porém muito mais negativa. O Estadão apresenta textos desfavoráveis em quase todas as modalidades, exceto nos artigos de opinião em que o petista não aparece. Na Folha, não há artigos de opinião contrários ao presidente no período, somente favoráveis. No Globo, não há manchetes negativas. Os destaques contrários ficam com os editoriais do Estadão, e as chamadas de capa da Folha e colunas de O Globo. Os dados do Estadão revelam um jornal dedicado a abordar assuntos relacionados ao presidente de forma desequilibrada, essencialmente crítica e desfavorável.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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