O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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5 a 12 de novembro, 2017

Nesta segunda etapa monitoramos semanalmente as publicações das dez páginas com maior número de fãs nas categorias Política, Políticos, Mídia e Governo.
Nesta segunda etapa monitoramos semanalmente as publicações das dez páginas com maior número de fãs nas categorias Política, Políticos, Mídia e Governo.

A primeira etapa da pesquisa do M Facebook corresponde ao ranqueamento mensal das páginas segundo suas categorias temáticas e números de fãs. Nesta segunda etapa monitoramos semanalmente as publicações das dez páginas com maior número de fãs nas categorias Política, Políticos, Mídia e Governo[1].

Considerando que a quantificação dos compartilhamentos é o dado que nos permite inferir com mais segurança o alcance de um post, criamos um ranking com os dez posts mais compartilhados da semana nessa lista de 40 sites com mais fãs. Esse monitoramento nos permitirá, em estudos futuros, comparar os agendamentos das mídias tradicionais e das mídias digitais e suas relações, e nos fornecer mais pistas sobre a conformação da opinião pública em nosso país.

Tabela 1: Páginas monitoradas pelo M Facebook

Páginas monitoradas - 5 a 12 nov 2017.

Fonte: Autores, 2017.

1ª semana: 5 a 12 de novembro de 2017

Após definirmos as páginas do monitoramento, realizamos a primeira coleta dos posts por meio do software Facepager. Na semana de 5 a 12 de novembro de 2017 foram publicados 4.998 posts nas 40 páginas monitoradas. Conforme esperado, as páginas que mais postaram pertencem à categoria Mídia. Temos em primeiro lugar o Portal R7, com 390 posts, em segundo lugar, a página da Folha, com 388 posts, e em terceiro lugar, a página do G1, com 374 posts.

Tabela 2: Os 10 posts mais compartilhados da semana (5 a 12 de novembro de 2017)

Fonte: Autores, 2017.

Fonte: Autores, 2017.

Quando observamos a tabela, verificamos que as páginas da nova direita foram as que produziram os posts mais compartilhados do período. Dos 10 posts do ranking, 8 têm origem nessas páginas. Dentre elas, destaca-se o alcance dos posts dos deputados Marco Feliciano (PSC-RJ), de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e do Movimento Brasil Livre (MBL). Os temas tratados nesses posts possuem forte apelo moral: crime, impunidade, homossexualidade, transgênero, infidelidade e partidarização midiática. Parte deles faz a defesa de uma reforma penal acentuadamente punitivista, utilizando-se de casos do noticiário para inflamar o público, como o assassinato de Kelly Cadamuro, ocorrido na mesma semana. Outra parte, concentra-se na condenação do tráfico de drogas, da infidelidade e das variações de gênero, sendo que essas últimas são denominadas em um dos vídeos de Bolsonaro como “doença mental”. Essas mensagens vieram acompanhadas de frases e conotação religiosa. No último grupo, os posts denunciam a grande imprensa (Veja e Isto É) por proteger os políticos do PSDB e do PMDB, de incitar à criminalidade (Rede Globo) e atacam o PT, ora chamando Lula de corrupto, ora acusando-o de terrorista e mandante da destruição da fazenda da Igarashi (BA). A notícia sobre a destruição da fazenda da Igarashi é uma Fake News, que atribui a autoria do suposto ocorrido ao MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).

Uma das páginas deste ranking se dedica exclusivamente à difusão do antipetismo: Partido Anti-PT. Todavia, o post que mais foi compartilhado pela página ao longo dessa semana é uma crítica à fala de Rodrigo Maia, que afirmou: “O Congresso não é obrigado a ouvir o povo”.

Cabe ressaltar que, embora os posts de Bolsonaro figurem a partir da 6ª posição no ranking, esses possuem em torno de 55 mil curtidas, o que os coloca, junto com o post de Feliciano, entre os campeões de curtidas no Facebook essa semana.

Dois posts pertencem às páginas da categoria Governo, e reproduziram alguns dos principais assuntos do noticiário político da semana. Eles trataram da Reforma Trabalhista em forma de vídeo, que explicava as mudanças que entraram em vigor, e anunciaram o tema da Prova do Enem.  Contudo, posts com outros temas importantes da agenda, como a criminalização do aborto, a reforma da previdência, o reajuste dos planos de saúde e a reformulação do FIES, não tiveram tanta repercussão.

Por fim, observamos que, corroborando a constatação de outras pesquisas, o principal recurso utilizado pelas páginas nos posts foi o vídeo (70%), seguido da foto (30%). A maioria dos posts foi curta, não contendo mais do que 297 caracteres.

Nesta primeira coleta dos 10 posts mais compartilhados das páginas relacionadas à política, conseguimos notar que os assuntos relativos à violência, seja na forma física ou verbal, despertaram maior o interesse dos perfis brasileiros no Facebook. Os posts com essa inclinação foram produzidos por um seleto grupo de páginas, que são bastante próximas no espectro político-ideológico. Por outro lado, surpreende não termos entre os 10 posts mais compartilhados nenhum de autoria de página de mídia tradicional, ainda que suas páginas sejam as que mais publicaram posts na semana. Nas coletas das próximas semanas, verificaremos se este foi um caso isolado ou se essas são tendências mais estáveis do uso político do Facebook no Brasil.

[1] Haja vista nossos propósitos, as páginas Leia a Bíblia, Esporte Interativo, Multishow, Telecine,  Gshow e Porta dos Fundos, que apareciam entre as dez primeiras da categoria Mídia, foram substituídas em nossa lista de monitoramento pelas próximas da lista, pelo fato de se distanciarem do tema Política. Sob a mesma lógica, a página do Revoltados ON LINE, que encontra-se fora do ar, também foi substituída pela página FORA Corrupção.

[2]O post que ocupava inicialmente o 7º lugar no ranking pertencia à página do SBT. No entanto, como seu tema não era Política (tratava de brinquedos), foi desconsiderado.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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