O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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05 a 11 de dezembro, 2017

Naquela semana foram publicados 2.915 posts nas 40 páginas monitoradas, totalizando 1.982.558 de compartilhamentos.

Naquela semana foram publicados 2.915 posts nas 40 páginas monitoradas, totalizando 1.982.558 de compartilhamentos.Naquela semana foram publicados 2.915 posts nas 40 páginas monitoradas, totalizando 1.982.558 de compartilhamentos. As páginas que mais postaram foram as de veículos de mídia: Metropolitana FM, com 270 posts; Record TV com 270 posts; e G1, com 253 posts. Comparando-a à semana anterior, o número de posts decaiu de maneira significativa, mais precisamente em 1763 publicações no período.

Tabela 1: 10 posts mais compartilhados da semana (05/12/2017 a 11/12/2017)[1]

Os 10 posts da tabela acima concentram 22% do volume total de compartilhamentos obtidos pelas 40 páginas monitoradas ao longo dessa semana.

Os 10 posts da tabela acima concentram 22% do volume total de compartilhamentos obtidos pelas 40 páginas monitoradas ao longo dessa semana. O vídeo segue como o recurso mais empregado nos posts (70%).

Os dois posts mais compartilhados da semana tratam da saída do deputado Tiririca (PR-SP) da política. O 1º post consiste na reprodução do primeiro e último discurso de Tiririca na Tribuna da Câmara dos Deputados, realizado em 6 de dezembro de 2017. A página “Juiz Sergio Moro – o Brasil está com você” publicou uma edição que repete o vídeo durante 3 horas. No discurso, Tiririca fala de sua decepção com a política brasileira, diz que não pretende denunciar ninguém, e faz um apelo para que os deputados busquem atuar a favor do povo.

O 2º post mais compartilhado consiste em uma entrevista cedida após o discurso pelo deputado ao jornal Folha de S. Paulo, que publicou as respostas do deputado em forma de vídeo. Ao responder qual lição ele tirou de sua experiência parlamentar, Tiririca responde que aprendeu a não fazer as coisas erradas que viu ali e que é possível fazer algo pelo país, basta que os deputados cumpram suas obrigações.

O 3º post mais compartilhado da semana, de Marco Feliciano, consiste em um vídeo bloqueado pelo Facebook, que considerou seu conteúdo violento. Muito provavelmente isso ocorreu porque dentre as imagens utilizadas, constam diversas fotos de guerras. No vídeo, Feliciano traduz um texto atribuído ao primeiro ministro de Israel, no qual o Estado judeu é exaltado, por ter, segundo a narrativa de tom heroico, resistido a inúmeras adversidades e inimigos desde sua fundação, e vencido no mundo capitalista. O pastor termina recitando o Salmo 121 da Bíblia. O 6º post da lista é igualmente assinado pelo deputado e também se dedica a Israel. Nele, Feliciano comemora o reconhecimento por parte dos Estados Unidos de Jerusalém enquanto capital indivisível de Israel. O deputado ainda completa dizendo que Donald Trump é um “bom cristão” e o “terror das esquerdas”.

O 4º post mais compartilhado, da página Juventude Contra a Corrupção (JCC), consiste em uma homenagem do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro à professora Hellen, que morreu tentando salvar crianças durante um incêndio ocorrido na creche Gente Inocente, em Janaúba- MG. O 5º post do ranking é da mesma página e também consiste em um tributo. Dessa vez, a homenagem é ao general do Exército Antonio Hamilton Mourão e “aos militares que nos salvaram”, em provável referência aos militares envolvidos no ditadura. O vídeo, produzido de maneira amadora, tem como trilha sonora o Hino Nacional Brasileiro, mostra os participantes da homenagem de modo bastante informal (sem camisa e comendo churrasquinho) e leva a marca d’água do deputado federal Delegado Francischini (Solidariedade-PR).

O 7º post mais compartilhado da semana é uma foto do G1 que denuncia a relação entre policiais e traficantes no Rio de Janeiro. Após sua prisão, Rogério 157 e os policiais tiraram selfies sorridentes juntos.

O 8º post é do Senado Federal. Nele, a instituição revela que a pedido de seu autor, senador Magno Malta (PR-ES), o Projeto de Lei do Senado 193/2016, cujo objetivo era incluir o programa Escola sem Partido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, foi retirado por definitivo da pauta da Comissão de Educação, Cultura e Esporte. A página esclarece que o projeto já havia recebido parecer contrário de seu relator Cristovam Buarque (PPS-DF).

O 9º post mais compartilhado da semana é do Movimento Brasil Livre (MBL), e reproduz matéria do Jornal da Band sobre os impostos pagos pelos brasileiros. Segundo a matéria, os impostos atingem mais de ¾ dos rendimentos dos cidadãos. A reportagem ressalta o custo dos funcionários para as empresas, sugerindo que há uma equivalência entre direitos trabalhistas e impostos, aos quais se atribui a dificuldade de crescimento da economia do país.

O último post do ranking é uma foto do ex-presidente Lula fazendo um movimento de dança conhecido entre os jovens como “sarrada” junto a estudantes durante evento de que participou na UERJ no dia 8 de dezembro.

Em resumo, notamos que a maioria dos posts mais compartilhados no Facebook segue adotando o mesmo enquadramento, que consiste em uma abordagem negativa da política institucional, além de um estreitamento entre a política e a religiosidade. As posições defendidas nos posts combinam de modo peculiar militarismo, estado mínimo e  a religião judaico-cristã. O inimigo desses grupos é identificado como a esquerda corrupta, terrorista e simpatizante do islamismo.

Todavia, nessa semana o ranking foi um pouco mais plural. Tivemos a viralização dos posts do Senado e de Lula, que podem sinalizar algum tipo de resistência democrática na rede. Aguardemos as próximas semanas para observar os desdobramentos dessa disputa.

[1] Assim como nas semanas anteriores, substituímos no ranking posts que não tratavam de Política pelos seus sucessores. Dentre eles, tivemos um post de Adilson Barroso, presidente do PEN, e outro do SBT.

Por Natasha Bachini e João Feres Junior

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