O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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9 a 16 de janeiro, 2018

Nessa semana foram publicados 5.513 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 2.731.353 compartilhamentos.

Nessa semana foram publicados 5.513 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 2.731.353 compartilhamentos.

Nessa semana foram publicados 5.513 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 2.731.353 compartilhamentos. As páginas que mais postaram foram as de mídia: UOL (564 posts), Catraca Livre (541 posts) e Folha de S. Paulo (474 posts).

Tabela 1: 10 posts mais compartilhados da semana (9/1/2018 a 16/1/2018)

Os 10 posts da tabela acima concentram 17% do volume total de compartilhamentos alcançados pelas 41 páginas monitoradas ao longo desse período

Os 10 posts da tabela acima concentram 17% do volume total de compartilhamentos alcançados pelas 41 páginas monitoradas ao longo desse período. O recurso mais empregado foi o vídeo, presente em 90% dos posts.

Os posts de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) predominaram no ranking, ocupando 50% das posições. Tal fato se deve a reação defensiva do deputado às matérias da Folha de S. Paulo, que revelaram o crescimento do patrimônio de sua família ao longo de sua carreira política [1] e denunciaram sua servidora “fantasma”, que na realidade, vende açaí em Angra dos Reis[2].

No post mais compartilhado da semana, Bolsonaro mostra sua casa em Angra dos Reis em companhia de um vizinho, na tentativa de desmentir a denúncia da Folha sobre a mansão que teria no local. O 3º post consiste numa tabela que mostra os valores supostamente devolvidos por Bolsonaro referentes à sua cota parlamentar entre 2010 e 2017. Ao final da tabela, Bolsonaro provoca os grandes jornais: “Aguardando a divulgação por parte da Folha de S. Paulo e demais órgãos da imprensa”. No 5º post, em um vídeo de 11 minutos, o deputado comenta as matérias da Folha afirmando que incomoda os poderosos pela projeção que conquistou mesmo sem dinheiro. Bolsonaro diz que a imprensa o ataca porque apoia os tucanos, prefere o PT e Marina a ele, e quer tirá-lo da disputa eleitoral.

Ao justificar o patrimônio que possui com a desvalorização dos imóveis no momento da compra, acusa a “canalha” Folha de manipular os dados sobre os auxílios que recebe. O deputado também se isenta de responsabilidade sobre qualquer comportamento dos filhos. E falando em filhos, mais uma vez, a caçula de Bolsonaro aparece no vídeo, curiosamente no momento em que ele fala de Deus. Bolsonaro ainda ataca Lula, culpando-o pela situação da Petrobrás e desacreditando seu argumento da perseguição política, e o historiador Marco Antonio Villa, que a seu ver, atua em prol de seu partido político, cuja sigla não é revelada pelo deputado. No final do vídeo, Bolsonaro defende o encarceramento em massa como solução para o problema da violência.

O 7º post é um vídeo curto no qual Bolsonaro fala em sua casa de Angra com os jornalistas da Folha, achacando mais uma vez o veículo pela verba de patrocínio recebida durante o governo do PT. Já o 10º post é uma reprodução do programa da Jovem Pan, no qual Augusto Nunes, Felipe Moura Brasil e Joice Hasselmann se posicionam de maneira favorável a Bolsonaro, criticam os editores da Folha pelo formato das reportagens, e alfinetam Lula.

Recém incluída no ranking, a página da Mídia Ninja, desponta no segundo lugar com o vídeo do ator Lúcio Mauro Filho criticando a nomeação de Cristiane Brasil (PTB), filha de Roberto Jeferson, por Temer para o Ministério do Trabalho, no vídeo: “Ano Novo, Brasil Velho”.

O 4º e o 6º post pertencem à página Juventude Contra Corrupção (JCC). O 4º é um vídeo onde jumentos aparecem caminhando ao som de “Lula lá”, jingle da campanha do petista em 1989, e com a legenda “Seguidores de Lula são filmados indo para Porto Alegre”. O 6º post também se inicia com ataques ao PT, mas seu alvo principal é Luciano Huck, possível candidato à presidência da República. Os ataques a Huck parecem ter origem na rejeição do grupo pelo global, e misturam tantos argumentos que confundem. O apresentador é caracterizado como “playboy da elite progressista”, “tucano isentão”, “hipócrita esquerdista do Agora” e “promotor de bundas”. O grupo direitista afirma que ao mesmo tempo em que defende “os fumetas”, a “ideologia de gênero”, apóia a REDE e o PSOL, Huck é amigo pessoal de Aécio Neves, Joesley Batista, Eduardo Paes e Sergio Cabral, e o candidato da Globo e da elite financeira.

Por fim, temos o 8º e o 9º post, assinados por Marco Feliciano (PSC-RJ). Como de costume, seus posts têm como tema a religião e a moral. No 8º post, o pastor denuncia Evo Morales, chamado de líder “cocaleiro”, “comunista”, “amigo dos camaradas Fidel, Lula e José Dirceu”, acusado de criar uma lei que criminaliza o proselitismo cristão. Na verdade, a nova legislação trata do tráfico de pessoas, e prevê penas de 7 a 12 anos e reparação econômica a quem capturar, transportar, transladar, privar de liberdade, alojar ou receber pessoas com o fim, entre outros, de recrutamento de pessoas em conflitos armados ou em organizações religiosas ou de culto. No 9º post, Feliciano defende Ratinho da chamada “ditadura gay” – o apresentador está sendo processado pelo Ministério Público por sua fala preconceituosa sobre a participação de gays nos folhetins da Rede Globo.

Em suma, observamos que após um curto período de calmaria, a direita voltou inflamada para o debate político no Facebook. A semana foi marcada pelo compartilhamento de mensagens de ódio à esquerda, especialmente ao PT, e em menor medida, também ao PSDB, que são enquadrados como se estivessem do mesmo lado no espectro político. Dentre esses atores, diferenciou-se Bolsonaro, que depois de receber as acusações da Folha, adotou um tom mais ameno em seus posts. Por outro lado, pela primeira vez uma página de esquerda, a da Mídia Ninja, alcançou posição tão alta no ranking. Ao que parece, 2018 será um ano de acirramento político.

[1]http://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/01/1948526-patrimonio-de-jair-bolsonaro-e-filhos-se-multiplica-na-politica.shtml.

[2]http://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/01/1949719-bolsonaro-emprega-servidora-fantasma-que-vende-acai-em-angra.shtml

Por Natasha Bachini, Luna Sassara e João Feres Jr.

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