O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

Parceria

24 a 30 de janeiro, 2018

Entre 24 e 30 de janeiro de 2018 foram publicados 4.698 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 3.346.158 compartilhamentos.

Entre 24 e 30 de janeiro de 2018 foram publicados 4.698 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 3.346.158 compartilhamentos.

Entre 24 e 30 de janeiro de 2018 foram publicados 4.698 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 3.346.158 compartilhamentos. As páginas que mais postaram foram as de mídia: UOL (407 posts), Folha de S. Paulo (391 posts) e Catraca Livre (369 posts).

Tabela 1: 10 posts mais compartilhados da semana (24/1/2018 a 30/1/2018)[1]

Por fugirem aos nossos objetivos, foram excluídos do ranking os posts de duas páginas nessa semana, 1 da Record TV e 2 da Catraca Livre, e substituímos pelos subsequentes.

Os 10 posts da tabela acima concentram 15% do volume total de compartilhamentos alcançados pelas 41 páginas monitoradas ao longo desse período. No âmbito dos recursos, verificamos a inversão de uma tendência. O recurso mais empregado nessa semana foi a foto, presente em 70% dos posts, seguida dos vídeos (30%).

Como era de se esperar, o principal tema abordado nos posts essa semana foi a condenação do ex-presidente Lula pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) no dia 24 de janeiro. Os atores da extrema direita aproveitaram o fato para atacar o seu principal adversário nas urnas, Lula. Tendo em vista que seu provável candidato, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), figura em 2º lugar nas pesquisas de opinião, o resultado do julgamento e consequente impedimento da candidatura de Lula, lhe favorecem.

O 1º e o 3º posts mais compartilhados da semana pertencem ao deputado Marco Feliciano (PSC-RJ). No primeiro, o deputado comenta em vídeo o julgamento de Lula, defendendo sua condenação por diversos “crimes”, como: “lavagem de dinheiro”, “ocultação de patrimônio”, “organização criminosa”, “uso indevido da máquina pública,” por eleger Dilma, “uma presidente incompetente”, “por aumentar os impostos,” por “humilhar os militares”, “por ter aparelhado as universidades federais com reitores de esquerda”, pela “disseminação do zika vírus”, etc. No 3º post, Feliciano critica o programa da Rede Globo, Big Brother Brasil, afirmando que a emissora corrobora a prática do incesto ao colocar no ar cenas da Família Lima, grupo de participantes do reality show cujo comportamento tem suscitado críticas por parte de internautas. O deputado aproveita a circunstância para associar esse comportamento ao PT, inserindo uma fala recortada da deputada Erika Kokay (PT-DF) no vídeo, como se ela defendesse tal prática. Feliciano segue dizendo que o conjunto desses fatos não é coincidência: trata-se de uma conspiração dos “esquerdopatas” infiltrados nas mídias de massa para destruir a família tradicional brasileira, por meio da defesa da “libertinagem”, da “erotização das crianças” e da “liberação da drogas e do aborto”.

O 2º, o 8º e 10º posts mais compartilhados da semana são assinados pelo Movimento Brasil Livre (MBL). O 2º é uma fotomontagem parabenizando os desembargadores do TRF-4, o juiz Sergio Moro e os brasileiros pela condenação de Lula. O 8º post consiste igualmente em uma foto sobre o acontecimento, com a frase: “Nunca na história desse país um desembargador passou três horas narrando prova por prova de um processo que ‘não tinha nenhuma prova’”. No 10º post, o grupo coloca uma foto de Lula indicando o tempo de sua pena com a hashtag #lulanacadeia. Todas essas mensagens foram acompanhadas de um pedido de doação ao MBL.

O 4º post do ranking pertence a Bolsonaro. Esse é uma foto de Bolsonaro ao lado da televisão durante a transmissão do julgamento. Na tela, o desembargador João Gebran Neto está sob a legenda “relator aumenta pena de Lula para 12 anos e 1 mês”.

A 5ª posição é ocupada por um post da página Deboas na Revolução, que é de esquerda. Neste é reproduzido um tuíte de @jovensreacinhas, com um texto ironizando o discurso de combate à corrupção, utilizado pelos que defendem a prisão de Lula, ao citar como o Congresso salvou duas vezes Temer e como Gilmar Mendes barrou a investigação contra Aécio.

O 6º e 9º posts são do movimento Vem Pra Rua Brasil. O 6º consiste em um vídeo que pede à ministra Carmen Lúcia para não retomar, no Supremo Tribunal Federal, a discussão sobre a execução de pena após condenação em 2ª instância, pois uma alteração no atual entendimento do Tribunal pode vir a “beneficiar” Lula. O 9º é uma foto em que se informa a condenação de Lula pelo placar “Brasil 3 x Lula 0”.

O 7º post é do movimento Juventude Contra Corrupção (JCC). Nele, o movimento afirma que o FIES não é de autoria do “mentiroso Lula”, mas dos militares, que supostamente o criaram em 1976 sob o nome de “crédito educativo”.

Em suma, observamos que a disseminação do pacote interpretativo crítico à esquerda e ao PT segue com força no Facebook Brasil, tendo como alvo principal a candidatura de Lula. O contraponto das páginas de esquerda não parece desfrutar da mesma capacidade de viralização, o que pode ser explicado por três hipóteses, concomitantes ou não: 1) as páginas de direita contam com bots para a viralização dos posts de atores específicos, e as de esquerda não; 2) as páginas de esquerda apresentam maior diversidade de posts, o que dificulta a viralização do conteúdo na mesma proporção; 3) a maioria dos eleitores com perfis no Facebook que se interessam por política estão mais alinhados à direita. Em nossos próximos estudos e com o auxílio de dados de fontes secundárias, procuraremos investigá-las.

[1] Por fugirem aos nossos objetivos, foram excluídos do ranking os posts de duas páginas nessa semana, 1 da Record TV e 2 da Catraca Livre, e substituímos pelos subsequentes.

Por Natasha Bachini, Luna Sassara e João Feres Jr.

Apoie o Manchetômetro

Criado em 2014, o Manchetômetro (IESP-UERJ) é o único site de monitoramento contínuo da grande mídia brasileira. As pesquisas do Manchetômetro são realizadas por uma equipe com alto grau de treinamento acadêmico e profissional.

Para cumprirmos nossa missão, é fundamental que continuemos funcionando com autonomia e independência. Daí procurarmos fontes coletivas de financiamento.

Conheça mais o projeto e colabore: https://benfeitoria.com/manchetometro

Compartilhe nossas postagens e o link da campanha nas suas redes sociais.

Seu apoio conta muito!