18 a 24 de julho, 2018
Entre os dias 18 e 24 de julho de 2018, as 139 páginas que monitoramos publicaram 7.044 posts, que geraram 2.966.786 compartilhamentos
Entre os dias 18 e 24 de julho de 2018, as 139 páginas que monitoramos publicaram 7.044 posts, que geraram 2.966.786 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram Juiz Sergio Moro – o Brasil está com você (299 posts), MCC – Movimento Contra Corrupção (270 posts) e G1 – O Portal de Notícia da Globo (261 posts).
De cara é relevante notar que páginas da Nova Direita conseguiram essa semana superar o número de postagens de grandes veículos de mídia, como a Globo e todos outros que frequentam nossas listas de campeões semanais de números de postagens.
Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (18/7/2018 a 24/7/2018)[1]
Os 20 posts da tabela acima concentram 10% do volume total de compartilhamentos alcançado pelas 139 páginas ao longo do período. O recurso mais usado nesses posts foi o vídeo (50%), seguido da foto (45%) e do link (5%).
A página que mais emplacou posts no ranking esta semana foi a de Lula (PT), ocupando sete posições na lista. Seus posts trataram da viabilidade constitucional da candidatura, do petista, destacando a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou o pedido do Movimento Brasil Livre (MBL) de torná-lo inelegível. Também trazem os resultados das pesquisas em Minas Gerais, Maranhão e Pernambuco, estados nos quais Lula lidera as intenções de voto com larga vantagem sobre os adversários. Foram veículados ainda vídeos em que diversos eleitores manifestam seu apoio a Lula. Em um deles, intitulado “100 dias, sem provas”, questionam: “Cadê a prova contra Lula?”
Do outro lado do espetro político temos as publicações dos grupos da nova direita, que se distribuíram de maneira bastante pulverizada entre as páginas. O post mais compartilhado da semana pertence ao MBL e denuncia a hipocrisia de Paulo Maluf, que alegou estar doente em seu pedido de prisão domiciliar, mas agora se declara apto para ser deputado novamente. O MBL também responde pelo quarto post da lista, reproduzindo matéria jornalística de programa apresentado por Chico Pinheiro e Alexandre Garcia sobre a cota parlamentar, que pode chegar R$ 174 mil por mês para cada senador. São denunciados na reportagem o inadequado uso desse dinheiro pelos senadores Fernando Collor (PTC-AL), que contratou uma empresa para prestar segurança privada que não oferece o serviço; Helio José (PROS-DF), que emprega 99 pessoas com a verba, porém só tem quatro funcionários em seu gabinete; e Ciro Nogueira (PP-PI), que alugou um avião para ir à Teresina, mas na data da contratação do serviço, estava em Lisboa.
O segundo post mais compartilhado da semana é assinado por Jair Bolsonaro (PSL). Este consiste na transmissão ao vivo da convenção nacional de seu partido, que oficializou sua candidatura. Participaram do evento várias lideranças do partido, seus filhos, e a advogada Janaína Paschoal, até então cotada para ser vice em sua chapa. Na convenção, as palavras de Paschoal causaram percetível incômodo e constrangimento em Bolsonaro. De modo geral, os discursos defenderam o conservadorismo e o acolhimento de ex-petistas, destacando o apoio que a candidatura recebe do empresariado. Também foram condenadas futuras alianças com o “Centrão” e pontuada a necessidade de oposição constante aos “esquerdopatas”. Lula, Dilma e o PT foram citados inúmeras vezes como principais adversários a serem combatidos. Tudo isso em meio a referências a várias passagens bíblicas.
A página Vem Pra Rua continuou destilando ataques ao PT. No quinto post da lista, pergunta: “Por que será que o PT não quis assinar o acordo se comprometendo a não propagar notícias falsas? O post traz o título de matéria da Folha de São Paulo (“PT é a única sigla a não assinar acordo contra notícias falsas”) e a foto de Lula. No décimo post, ironiza ao afirmar que Lindbergh Farias (PT-RJ), com medo de perder o foro privilegiado, desistiu da candidatura ao Senado.
Seguiram a mesma linha do Vem Pra Rua dois posts de páginas administradas pela Rede RFA, Juventude Contra Corrupção e Movimento Contra Corrupção. O primeiro utiliza matéria do Jornal Nacional sobre a ferrovia transnordestina para atribuir o atraso da obra e seus altos gastos a Lula, embora a matéria do jornal Global não cite o ex-presidente. O segundo afirma que “há uma bomba que o PT não quer que estoure” e elenca as diversas obras realizadas pelas empreenteiras nacionais financiadas pelo BNDES em outros países. A página acusa os governos petistas de usar “dinheiro brasileiro para favorecer países comunistas”.
As páginas da nova direita concentraram-se ainda em atacar o funcionalismo público –criticando os seus privilégios–, a proposta de aumento de salário dos parlamentares (Vem Pra Rua), e defendendo a redução dos impostos (Ranking dos Políticos).
Em suma, observamos que o debate político no Facebook continua pautado por dois grupos distintos: PT e Nova Direita. Enquanto o primeiro grupo defende a legalidade da candidatura de Lula, recupera os progressos sociais alcançados nos governos petistas e mostra a alta popularidade do ex-presidente, o segundo promove o antipetismo, apresentando-se como campeão da moralidade e do combate à corrupção, a qual associa ao PT e suas lideranças.
O grande número de posts produzidos pelas páginas da Nova Direita indica intensificação de suas atividades – é digno de nota o fato de que algumas dessas páginas consigam produzir mais posts que grandes empresas de mídia que empregam centenas de jornalistas. Por outro lado, as páginas do PT, particularmente a de Lula, também mostram alto grau de ativação.
Trabalhos recentes de Ciência Política revelam que no âmbito da opinião pública o PT é de longe o partido que mais simpatia desperta no eleitorado. Em segundo lugar, contudo, vem o anti-petismo. O Facebook parece reproduzir essa mesma dicotomia neste momento. Vejamos como a situação evolui à medida que as candidaturas e as alianças entre partidos se concretizem.
[1] Excluímos da lista dessa semana sete posts de Adilson Barroso – Ambientalista e dois do G1 por não tratarem de política.