23 a 30 de agosto, 2018
Entre os dias 23 e 30 de agosto de 2018, as 155 páginas que monitoramos publicaram 10.334 posts, que geraram 5.614.673 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram as de mídia: UOL (475 posts), Estadão (460 posts) e O Globo (460 posts).
Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (23/8/2018 a 30/8/2018)[1]
Os 20 posts da tabela acima concentram 15% do volume total de compartilhamentos alcançado pelas 155 páginas ao longo do período. Em 55% deles foi empregado o vídeo, em 40% a foto e em 5% o link.
O ranking da semana foi majoritariamente preenchido pelas páginas dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e João Amôedo (NOVO). Juntos. eles emplacaram oito posts.
De modo geral, as publicações mais compartilhadas de Bolsonaro trataram de alguns temas relacionados a sua entrevista para o Jornal Nacional, em 28 de agosto. A acusação feita ao vivo pelo candidato sobre a distribuição do livro “Aparelho Sexual e Cia”, da Companhia das Letras, pelo Ministério da Educação rendeu-lhe mais de 200 mil compartilhamentos, alcance muito superior à média das últimas semanas. Segundo Bolsonaro, o livro “estimula precocemente as crianças ao sexo e escancara a pedofilia”, sobretudo os filhos dos mais pobres, que são os maiores frequentadores de escolas públicas. As imputações foram desmentidas tanto pelo MEC quanto pela imprensa. Na entrevista ao JN, Bolsonaro ainda acusou a emissora de receber bilhões em propaganda do governo durante as gestões petistas. O tema garantiu-lhe outra colocação no ranking, por meio da reprodução da tabela de gastos do governo federal publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em 2015. Contribuíram também para o bom desempenho da página de Bolsonaro vídeos de sua visita de campanha a Porto Alegre-RS, e do apoio recebido pelos empresários Mario Gazin e Luciano Hang. Este último realizou recentemente uma espécie de propaganda eleitoral terceirizada, infringindo a atual lei eleitoral para impulsionar posts de apoio a Bolsonaro.
Os posts mais compartilhados de João Amôedo destacaram sua entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, e suas participações em um evento na praça Benedito Calixto e em uma sabatina promovida pelo Estadão e pela Faap. Apresentando-se como “o novo na política”, Amoêdo defende ideias neoliberais, reforçando em seus vídeos a intenção de reduzir a máquina pública pela diminuição “do número de congressistas em 1/3” e dos impostos. O candidato afirma que “temos um sistema que foi feito contra os cidadãos e a favor de quem está no poder”, e que “o Estado brasileiro é um dos principais responsáveis pelo aumento da desigualdade”. Defensor da meritocracia, o candidato diz ainda que é preciso “acabar com a ideia de que o bom é ser vítima e não ter sucesso”, submeter os funcionários públicos a constantes avaliações e “eliminar o dinheiro público para os partidos”. Amoêdo declarou também que pretende redirecionar os recursos do ensino superior para a primeira infância e quer “atrair mais professores de boa qualidade” para o ensino público, pois os atuais ocupantes desses cargos não têm condições materiais suficientes para ministrar boas aulas. Amôedo respondeu também a um comentário de Ciro Gomes (PDT) sobre o fato de ser rentista, justificando que seus rendimentos vêm da iniciativa privada, e não de títulos públicos.
Por fim, tivemos dentre os mais compartilhados da semana dois posts do Movimento Brasil Livre, que saiu, mais uma vez, em defesa de Bolsonaro após sua participação no Jornal Nacional por meio de críticas à jornalista Renata Vasconcellos, que foi acusada de mentir sobre seu próprio salário e fazer discurso panfletário pela ex-jogadora de vôlei Ana Paula, cujo post foi reproduzido pelo grupo. O movimento prometeu também em breve divulgar “um vídeo explicando ponto a ponto a diferença salarial entre homens e mulheres”.
Em resumo, observamos que os candidatos da nova direita vêm se dedicando com afinco à campanha nas mídias sociais. Enquanto Bolsonaro adota um discurso mais conservador, focando em pautas de moral e costumes, Amôedo sublinha seus posicionamentos sobre a pauta econômica. Contribui para o bom desempenho dos seus posts, sua participação em eventos promovidos pela grande imprensa, como debates, entrevistas e sabatinas e a respectiva divulgação pelas páginas desses veículos. Assim como nos pleitos anteriores, a retroalimentação entre os diferentes canais midiáticos vai pautando o debate eleitoral.
[1] Nesta semana, excluímos um post do G1 do ranking por não tratar de Política.