O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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Boletim Eleições n.3

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Na terceira edição do Boletim Eleitoral, o Manchetômetro descreve a cobertura dos candidatos à Presidência que chegaram ao segundo turno do pleito, Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, e  seus respectivos  partidos, PSL e PT. Levamos em conta neste estudo as edições veiculadas entre o dia 1 de outubro, uma semana antes do primeiro turno da eleição, até o dia 21 de outubro, uma semana antes do segundo turno. Foram analisados 1094 textos dos periódicos O Globo, Folha de São Paulo, Estadão e Valor Econômico, além de aparições no Jornal Nacional.

Jair Bolsonaro

Gráfico 1. Percentual diário da cobertura de Jair Bolsonaro

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Fonte: Manchetômetro

Gráfico 2. Percentual geral da cobertura de Jair Bolsonaro

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Fonte: Manchetômetro

O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto durante o período, foi também o candidato mais citado pelos jornais, com 385 menções. A cobertura de Bolsonaro, como o gráfico 2 destaca, foi majoritariamente formada por matérias neutras, que representaram 51% do total. Outro dado importante são os 12% de textos favoráveis, a maior proporção dentre personagens e partidos analisados.

A cobertura de Bolsonaro, conforme o gráfico 9 demonstra ao final deste boletim, tem três dias de maior destaque. O primeiro é 9 de outubro, terça-feira após o primeiro turno, quando a entrevista concedida pelo presidenciável ao Jornal Nacional e exibida no dia 8, foi repercutida pelos jornais impressos. No dia 11, o candidato também foi destaque na cobertura, quando a primeira pesquisa de intenção de voto do instituto Datafolha foi divulgada e ele apareceu com 58% das intenções de voto.

Por fim, o terceiro grande momento da cobertura de Bolsonaro foi dia 17 de outubro, quando a composição de um possível governo Bolsonaro esteve em pauta e a Procuradoria Geral da República se posicionou contrária à proposta de aplicar o princípio de legítima defesa a polícias militares em serviço.

Fernando Haddad

Gráfico 3. Percentual diário da cobertura de Fernando Haddad

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Fonte: Manchetômetro

Gráfico 4. Percentual geral da cobertura de Fernando Haddad

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Fonte: Manchetômetro

O candidato petista, Fernando Haddad, segundo colocado no primeiro turno, foi mencionado 263 durante o período estudado. Diferentemente de seu adversário, Haddad teve presença inferior à de seu partido, o PT, conforme veremos mais à frente. A cobertura de Haddad, assim como a de Jair Bolsonaro, foi predominante neutra, 63%, maior percentual dentre os quatro personagens e partidos estudados.

Dois foram os dias de maior presença do petista nos veículos analisados: 4 e 8 de outubro. No primeiro, véspera do último debate entre candidatos antes do primeiro turno, organizado pela TV Globo, os jornais discutiram propostas dos presidenciáveis; Haddad inclusive. Já no dia 8, segunda-feira posterior ao resultado do primeiro turno, os jornais noticiaram a chegada do petista ao segundo turno e sua proposta de unir democratas no segundo turno contra Jair Bolsonaro.

PSL

Gráfico 5. Percentual diário da cobertura do PSL

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Fonte: Manchetômetro

Gráfico 6. Percentual geral da cobertura do PSL

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Fonte: Manchetômetro

O Partido Social Liberal esteve presente em 182 matérias, o menos citado entre os objetos selecionados para o presente estudo. Sua cobertura, assim como a de seu candidato, foi eminentemente neutra: 62%. Os dois dias de maior destaque da cobertura do PSL foram 9 e 10 de outubro, quando foram noticiados o expressivo resultado eleitoral do partido, que elegeu 52 deputados federais e o início da campanha de seu candidato para o segundo turno.

PT

Gráfico 7. Percentual diário da cobertura do PT

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Fonte: Manchetômetro

Gráfico 8. Percentual geral da cobertura do PT

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Fonte: Manchetômetro

O Partido dos Trabalhadores foi o segundo objeto com maior presença nos jornais: 319 citações, superando inclusive seu próprio candidato, Fernando Haddad, e perdendo apenas para Jair Bolsonaro. O PT foi o único a ter uma cobertura majoritariamente negativa: 51% das matérias foram contrárias ao partido; 46% neutras.

A cobertura do PT teve dois grandes picos de cobertura, assim com a de Haddad: 4 e 8 de outubro. No dia 4, as notícias relacionadas ao Partido dos Trabalhadores associaram-no ao fortalecimento da candidatura de Bolsonaro além de criticá-lo por, supostamente, não ter compreendido que a elite não o quer no poder. Já no dia 8, o principal tema foi o resultado do primeiro turno, já que o partido conquistou a maior bancada de deputados na Câmara. Nesse dia, matérias também responsabilizaram o partido “pela onda de direita” que teria surfado no antipetismo para se eleger.

Conclusão.

Gráfico 9 – Cobertura dos personagens e partidos ao longo do tempo

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Fonte: Manchetômetro

Conforme as seções anteriores e o gráfico acima demonstram, a cobertura midiática durante o período estudado contrapôs o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e o partido de Fernando Haddad, o PT. O embate entre bolsonarismo e petismo, visível na campanha, esteve também presente nos jornais, que reproduziram essa narrativa. Entretanto, enquanto Bolsonaro teve uma cobertura percentualmente mais neutra, o Partido dos Trabalhadores foi citado majoritariamente de forma negativa.

Assim, os veículos estudados mudaram os rumos da cobertura das candidaturas em comparação ao boletim anterior, principalmente a dedicada a Jair Bolsonaro, que antes era mais negativa e tornou-se mais neutra; já a cobertura do Partido dos Trabalhadores manteve-se negativa.

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