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21 a 27 de outubro, 2018

Na semana que antecedeu o 2º turno, as 155 páginas que monitoramos publicaram 8.760 posts, que geraram 15.087.511 compartilhamentos

Na semana que antecedeu o 2º turno, as 155 páginas que monitoramos publicaram 8.760 posts, que geraram 15.087.511 compartilhamentos

Na semana que antecedeu o 2º turno, as 155 páginas que monitoramos publicaram 8.760 posts, que geraram 15.087.511 compartilhamentos. As páginas que mais postaram no período foram: Mídia Ninja (365 posts), Portal R7 (356 posts) e VEJA (348 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (21/10/2018 a 27/10/2018)

semana 50

Os 20 posts da tabela acima concentram 12% do volume total de compartilhamentos alcançado pelas 155 páginas ao longo do período. O recurso mais usado nesses posts foi o vídeo (50%), seguido da foto (20%), do link (15%) e do texto (15%).

A página de Jair Bolsonaro (PSL) manteve-se na liderança do volume de compartilhamentos durante todo o segundo turno e, na semana anterior a votação, ocupou 13 posições no ranking. O candidato do PSL utilizou-se frequentemente de vídeos, por meio dos quais fez críticas a seu oponente Fernando Haddad (PT). Direcionando-se aos cristãos e reivindicando-se defensor da família brasileira, Bolsonaro seguiu reafirmando a existência do “kit gay”, que já fora desmentido pela Justiça Eleitoral, acusou Haddad, junto ao PT e ao PSOL, de ter arquitetado seu atentado, de ter jogado uma bíblia que ganhou de presente no lixo, de responder por mais de 30 processos na justiça, sendo a maioria por corrupção, e de que o petista, caso fosse eleito, acabaria com a Operação Lava Jato, soltaria Lula e todos os condenados pela operação.

Bolsonaro rebateu denúncias do uso de fake news em sua campanha. O presidenciável alegou que, não era necessário mentir sobre o PT, dados os vários escândalos noticiados sobre o partido, e declarou que quem “mente descaradamente é Haddad”, quando diz que entre suas propostas estão o ensino à distância, a cobrança de mensalidade nas faculdades públicas, o fim do 13º salário e do Bolsa Família, distribuir armas para a população, tirar o título de padroeira de Nossa Senhora Aparecida, desmatar a Amazônia e exterminar os índios e os gays.

Bolsonaro acusou o jornal Folha de S. Paulo de ser “a maior fake news do Brasil”, disse que o veículo não receberá mais verba publicitária se for eleito presidente, e exigiu retratação da campanha de Haddad sobre o caso de uma mulher que teria tido uma suástica, símbolo associado ao nazismo, entalhada em seu corpo por apoiadores de Bolsonaro no Rio Grande do Sul; sobre as acusações de que o candidato a vice-presidente de sua chapa, General Mourão, teria sido torturador durante a ditadura; e sobre a morte do capoeirista Romualdo Costa em Salvador que, no seu entendimento, teria sido decorrente de uma briga de bar, e não motivada por política[1].

O candidato do PSL também agradeceu o apoio dos internautas e apelou aos parlamentares eleitos pelo PSL que continuassem o ajudando na campanha, sugerindo que esses só conseguiram votos por sua causa. Nesse sentido, Bolsonaro se referiu especialmente aos deputados eleitos pelo estado de São Paulo, que a seu ver, estavam preterindo a disputa presidencial em favor da disputa estadual, denominada pelo candidato como uma “briguinha entre França e Dória”. Bolsonaro pediu ainda para que seus seguidores fiscalizassem as urnas, sugerindo possibilidade de fraude eleitoral.

No que se refere ao comportamento violento de parte de seus eleitores, Bolsonaro eximiu-se de qualquer responsabilidade e, mais uma vez, fez acusações à esquerda, descrita por ele como fascista e agressiva.

No sétimo post da lista, que consiste na sua participação via celular num ato organizado por seus apoiadores na Av. Paulista,  Bolsonaro defendeu a suspensão de direitos políticos para a esquerda. Dentre as suas afirmações, temos: “Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria. Ou vão para fora ou vão para cadeia”, “Lula (…), você vai apodrecer na cadeia (…) Em breve você terá Lindberg Farias para jogar dominó no xadrez e Haddad chegará aí também, para ficar alguns anos ao seu lado”, “Petralhada, vocês verão uma Polícia Civil e Militar com retaguarda jurídica para fazer valer a lei no lombo de vocês”.

As páginas de esquerda emplacaram cinco posts no ranking, sendo quatro de Fernando Haddad e um da Mídia Ninja. Haddad também investiu em lives, pedindo que seus apoiadores sigam na militância, sobretudo com seus familiares e demonstrou-se  esperançoso numa virada, mostrando as últimas pesquisas que indicaram queda nas intenções de voto de Bolsonaro. O ex-prefeito também desmentiu a história disseminada por Bolsonaro segundo a qual teria jogado uma bíblia no lixo, afirmando que esta havia sido furtada por militantes do PSL. Foram destacados ainda por Haddad o caráter plural da sua candidatura e os apoios recebidos por artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso e Mano Brown. Já o post da Mídia Ninja consistia em um vídeo satírico sobre a dança pró-Bolsonaro em Fortaleza.

Por fim, tivemos um post do jornal O Globo sobre a declaração de voto em Haddad pelo ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa, relator do processo do Mensalão.

Em resumo, o principal assunto da semana que antecedeu o segundo turno foram as fake news, fechando um período dominado pela campanha negativa e pelo quase inexistente debate de propostas. Embora não seja possível inferir correlação entre o sucesso da campanha virtual e a vitória nas urnas sem a devida aplicação de um modelo estatístico e o atendimento de seus pressupostos, são muitos os indícios da influência da difusão de informações por meio de redes sociais na conformação da opinião pública, e por consequência, no resultado das eleições.

[1] Sobre o primeiro caso, o laudo da perícia informa que ou a mulher foi imobilizada para que o símbolo tivesse sido marcado em sua pele, ou teria havido consentimento. Já o caso da acusação de tortura por parte do general Mourão foi feita nas redes sociais de um artista, Geraldo Azevedo, que depois desculpou-se publicamente pelo equívoco. No caso do capoeirista, o homicida confessou motivação política para o crime.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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