O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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3 a 9 de março, 2019

Entre os dias 3 e 9 de março de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.177 posts, que geraram 4.353.330 compartilhamentos.

Entre os dias 3 e 9 de março de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.177 posts, que geraram 4.353.330 compartilhamentos.Entre os dias 3 e 9 de março de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.177 posts, que geraram 4.353.330 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: RedeTV! (396 posts), Catraca Livre (395 posts) e Portal R7 (385 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (3/3/2019 a 9/3/2019)[1]

semana 69

Os 20 posts da tabela acima concentram 13% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais empregados nos posts foram foto (40%), seguida de vídeo (35%), link (20%) e texto (5%).

O presidente Jair Bolsonaro foi autor de sete posts que compõem o ranking desta semana e foi assunto de outros cinco, que lhe são críticos.

Bolsonaro voltou a fazer lives e prometeu realizá-las semanalmente para comentar os assuntos do momento, sanar dúvidas e receber sugestões da população.  Elas ocorrerão sempre às quintas-feiras, às 18h30.  Acompanhado do porta-voz oficial do governo, general de divisão Otávio Santana do Rêgo Barros, e do general Augusto Heleno, Bolsonaro comentou a polêmica sobre a sua afirmação de que “democracia só existe quando as forças armadas permitem”. O presidente defendeu também a Reforma da Previdência e criticou o governo anterior pelas regras do concurso do Banco do Brasil, pelas ilustrações de educação sexual ao final da caderneta de vacinação e pelo “excesso” de fiscalização no trânsito, decorrente em sua visão, do aparelhamento das autarquias.

Em outro post, Bolsonaro reproduziu o vídeo do deputado Vinicius Poit (NOVO-SP) sobre as “5 fake News da Reforma da Previdência. Neste, argumenta-se, fundamentalmente, que o déficit é real,  e que somente a elite do funcionalismo público se opõe à reforma porque não quer abrir mão de seus privilégios.             Por meio do post, o deputado afirmou ainda que somente a cobrança de impostos atrasados das empresas não resolveria o problema.

O presidente informou também, via Facebook, que os índices econômicos do país estão melhorando e a economia, crescendo. Sem informar a fonte, Bolsonaro afirmou que as contas da União no mês de janeiro fecharam com saldo positivo de R$30bi. Entretanto, tal desempenho pode ser enganoso. Além de haver concentração de receitas em janeiro e não haver transferências para estados e municípios, se há algum mérito neste resultado, este é do governo anterior, visto que Bolsonaro assumiu também em janeiro de 2019.

Por fim, o presidente se utilizou do Facebook para confrontar os artistas, afirmando que “a Lei Rouanet não será mais usada pelos famosos”, “nem para financiar o Carnaval”, mas “para resgatar nossa cultura, que foi destruída pelo viés socialista”.

Em contrapartida, Bolsonaro foi criticado pela imprensa, cujas matérias alcançaram alto número de compartilhamentos. Dentre essas, destaca-se a notícia da revista Exame sobre mais uma polêmica fala do presidente a respeito dos gastos do país com a educação – “Bolsonaro diz que Brasil gasta demais com educação em relação ao PIB” – e a reportagem de O Globo – “Bolsonaro sugere que pais rasguem páginas sobre educação sexual de Caderneta de Saúde da Adolescente”. Ambos veículos argumentaram a inveracidade e o caráter retrógrado das posições do presidente.

Quando nos voltamos aos temas, os mais comentados nos posts desta semana foram o Carnaval e o Dia Internacional da Mulher.

A infeliz publicação de Bolsonaro de um vídeo ilustrando a prática do golden shower, motivo de deboche em todo o mundo, também foi criticada no Facebook. A Mídia Ninja publicou foto de grafite em um banheiro masculino, no qual o mictório era a boca do presidente. O post foi vastamente compartilhado. A Mídia Ninja ainda ocupa mais duas posições na lista dessa semana com um post que parabenizou a escola de samba carioca Mangueira pelo enredo combativo, representativo e vitorioso que apresentou, e com outro post, que reúne vários vídeos das pessoas nos blocos de carnaval gritando “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c…”.

Um dos filhos de Bolsonaro, Eduardo (PSC-RJ), saiu em defesa do pai, alegando que a esquerda “é contraditória e doente”, e teria como único objetivo desgastar a imagem do presidente.

O Carnaval trouxe de volta ao ranking o deputado Marco Feliciano (PSC-RJ), que revoltou-se com o samba enredo da escola Gaviões da Fiel, o qual, em sua visão, foi herético e profanou os símbolos cristãos. O deputado afirmou que vai se esforçar para que os desfiles não recebam mais recursos públicos.

Os posts comemorativos do 8 de março assinados pelas páginas da direita viralizaram na rede. Alcançaram o ranking um meme do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), em homenagem às mulheres de direita; um post do MBL noticiando que, “pela primeira vez na história, uma mulher hasteia a bandeira nacional no Palácio do Planalto”; e uma foto de Bolsonaro com sua esposa em cerimônia referente à data.

Em resumo, o presidente Bolsonaro segue utilizando as mídias sociais como seu principal canal de comunicação e, nesta semana, oficializou as lives enquanto um recurso comunicativo do seu governo. Durante o Carnaval, ele e a extrema direita, de modo geral, publicaram posts de cunho moralista, na tentativa de desviar as atenções e boicotar a festa, que além de ser um marco da nossa cultura, é altamente lucrativa para o país. Entretanto, esses posts obtiveram grande repercussão negativa na rede e seus autores receberam inúmeras críticas. Pautas estritamente políticas, como a Reforma da Previdência e as políticas públicas para a saúde, ficaram em segundo plano no debate do Facebook desta vez. Seguimos observando para que essa estratégia adotada pela direita, de ofuscar e inviabilizar decisões e discussões políticas importantes através de pautas religiosas, não seja bem-sucedida.

 

 

[1] Tendo em vista nossos propósitos, foram excluídos dois posts da lista por não tratarem de Política: um do G1, um do SBT e um de Fernando Haddad.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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