O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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17 a 23 de março, 2019.

Entre os dias 17 e 23 de março de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 8.011 posts, que geraram 7.198.626 compartilhamentos.

Entre os dias 17 e 23 de março de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 8.011 posts, que geraram 7.198.626 compartilhamentos.

Entre os dias 17 e 23 de março de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 8.011 posts, que geraram 7.198.626 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: UOL (411 posts), Veja (396 posts) e Catraca Livre (390 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (17/3/2019 a 23/3/2019)[1]

  semana 70

Os 20 posts da tabela acima concentram 13% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais empregados nos posts foram vídeo e link (35%), seguidos por foto (30%).

O post mais compartilhado da semana consiste em uma crítica do apresentador Boris Casoy, no programa RedeTV News, aos deputados que votaram a favor de diplomar os deputados presos. Disse o apresentador: “Diplomar deputados na cadeia é o absurdo dos absurdos. (…) É uma indecência, uma imoralidade. Vão pro inferno!”.

O assunto mais comentado nos posts desta semana foi as prisões preventivas do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco, no âmbito da Operação Lava Jato, no Rio de Janeiro. A cobertura da grande imprensa  rendeu alto número de compartilhamentos, especialmente para G1, Veja e Estadão. Os jornais e revistas destacaram que as prisões foram baseadas na delação de José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, e que no pedido de prisão, o juiz Marcelo Bretas argumentou que Temer é o “líder da organização criminosa” e “responsável por atos de corrupção”. As matérias apresentaram também o contraditório do próprio Temer e sua defesa, que julgaram o pedido “um atentado ao Estado Democrático e de Direito no Brasil”.

Os movimentos de direita, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua Brasil, se aproveitaram do acontecimento para difundir um meme baseado em foto da posse de Dilma, na qual a ex-presidente está de mãos dadas com Temer e Lula. Esta vinha acompanhada de frases como: “Se a Lava Jato prender a Dilma, pode pedir música no Fantástico”, “Ninguém solta a mão de ninguém” e “Enfim, juntos”.

Estes grupos e a UOL defenderam na rede também o pacote anticrime do ministro Sergio Moro a partir de sua resposta ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que criticou o fato de o ministro ter lhe enviado mensagens durante a madrugada, cobrando a tramitação do projeto. No segundo post mais compartilhado da semana, o movimento Vem Pra Rua Brasil reproduziu frase de Moro: “Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais”.

O Supremo Tribunal Federal foi, mais uma vez, alvejado nos posts mais compartilhados. A página Vem Pra Rua Brasil publicou vídeos de um protesto contra a decisão a respeito da Lava Jato. Os manifestantes arremessaram papel higiênico em frente ao prédio da Corte e gritavam “lixo” para os ministros. Endossou este coro a atriz Regina Duarte que, em seu Twitter, defendeu o fim do STF para o combate à corrupção. Esta declaração rendeu-lhe uma posição no trending topics do Twitter entre apoios e críticas, e alcançou o ranking por meio de notícia da revista Veja.

Por fim, tivemos os posts de Jair Bolsonaro, com desempenho aquém do habitual nesta semana. Renderam compartilhamentos ao presidente, especialmente, sua foto com o presidente do Estados Unidos, Donald Trump, um vídeo no qual as pessoas o cumprimentavam por seu aniversário e uma live com os ministros, tratando de sua agenda e outros assuntos do período. Nesta última, Bolsonaro falou sobre suas visitas aos Estados Unidos e ao Chile, e justificou uma série de polêmicas que envolvem seu governo e vem repercutindo na imprensa. Entre elas, a presença inusitada do seu filho Eduardo no encontro com Trump, o comprometimento da soberania nacional no acordo firmado sobre a base de Alcântara, a liberação não recíproca do visto para os estadunidenses, suas dificuldades para garantir a governabilidade e as contradições que envolvem a Reforma da Previdência.

Em suma, a Operação Lava Jato e alguns de seus desdobramentos pautaram a maioria dos posts do período. Enquanto a prisão de Temer foi usada para atacar o Partido dos Trabalhadores, a decisão do STF de direcionar os processos da operação para o TSE foi largamente criticada, e o pacote anticrime de Sergio Moro teve repercussão favorável, reforçando a popularidade do ministro. Já o presidente, que durante a campanha eleitoral adotou uma atitude mais proativa no debate da rede, agora utiliza as mídias sociais para se explicar aos eleitores, na tentativa de reverter sua queda de aprovação. Eis as duas faces da moeda da política na rede.

[1] Tendo em vista nossos propósitos, foi excluído um post da lista, de Adilson Barroso (presidente do Patriota), por não tratar de Política.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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