O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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7 a 13 de abril ,2019

Entre os dias 7 e 13 de abril de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.906 posts, que geraram 5.599.073 compartilhamentos.

Entre os dias 7 e 13 de abril de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.906 posts, que geraram 5.599.073 compartilhamentos.Entre os dias 7 e 13 de abril de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.906 posts, que geraram 5.599.073 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: O Globo (379 posts), Exame (368 posts) e Veja (358 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (7/4/2019 a 13/4/2019)[1]

semana 49

Os 20 posts da tabela acima concentram 13% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais empregados nos posts foram a foto (40%), seguida de vídeo (35%) e link (25%).

Os assuntos mais discutidos na rede foram a Reforma da Previdência, o desempenho do governo Bolsonaro, o pedido de impeachment do ministro Gilmar Mendes e a condenação de Danilo Gentili no processo de injúria contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS).

Nesta semana, o debate sobre a Reforma da Previdência no Facebook deixou de ser monopolizado pela direita. A esquerda reagiu e partidos pequenos, como o PSTU e o PSOL, conseguiram emplacar posts no ranking. Enquanto o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) e o presidente Bolsonaro postaram vídeos sobre a necessidade da medida e argumentando que esta reduzirá os privilégios e beneficiará os mais pobres, esses partidos denunciaram que se trata de uma mentira, visto que, entre outras coisas, os empresários que mais devem à Previdência, como o dono das lojas Havan, Luciano Hang, serão favorecidos. Em um destes vídeos da direita, protagonizado pelo ministro Paulo Guedes, foi defendido também o pacto federativo, visando a descentralização política e maior autonomia financeira dos municípios.

O movimento Vem Pra Rua Brasil convocou, na semana anterior, atos em algumas capitais em prol do impeachment do ministro Gilmar Mendes. As fotos e vídeos do evento foram muito compartilhados. Apesar da tentativa do grupo de mostrar um “protesto lotado”, poucas pessoas estiveram presentes. Destacaram-se nos posts as falas de Rogério Chequer, presidente do movimento; do professor Modesto Carvalhosa; e as máscaras de “robôs”, usadas pelos manifestantes como resposta satírica à declaração dos ministros do STF sobre o uso destes por alguns grupos para criticar suas decisões na rede.

O desempenho do governo federal em seus 100 primeiros dias rendeu matérias na imprensa e foi comentado pelo próprio presidente. Em reportagem que ocupa a sétima posição do ranking, o G1 afirmou que Bolsonaro cumpriu 12 de suas 58 promessas de campanha neste período. O jornal elencou algumas, como “não aumentar impostos”, “não recriar a CPMF”, “reduzir alíquotas de importação e barreiras não tarifárias”, o fim do Ministério das Cidades, que foi absorvido pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, e a diminuição do número de servidores comissionados a partir do decreto nº 9.725/2019.

Já em sua live da semana, o presidente afirmou que vem procurando fazer um bom governo e ter uma relação amigável com a imprensa brasileira, que, segundo ele, o persegue. Bolsonaro falou também sobre: o encontro dos prefeitos em Brasília, no qual foi retirado o impedimento das prefeituras em receber recursos das emendas parlamentares; a conversa com os embaixadores islâmicos, alegando que, a despeito do que noticia a imprensa, o governo “respeita todas as religiões” e “quer fazer negócio com todo mundo”; a proposta de reduzir o número de conselhos para cerca de cinquenta a partir do argumento de que, nesta semana, Brasília receberia 10 mil índios em um encontro custeado pelo dinheiro público; o asfaltamento da BR 163, com exaltação do governo Geisel, que deu início à obra; o alinhamento com os Estados Unidos e Israel no Conselho de Segurança da ONU; o fim do horário de verão; a inauguração do centro de dessalinização em Campina Grande-PB; e a implementação do 13º salário do Bolsa Família.

Por fim, a condenação de Danilo Gentili no processo movido pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) foi criticada pelo Movimento Brasil Livre (MBL). Ao sair em defesa do humorista, o MBL disse que “a justiça brasileira odeia a liberdade de expressão”, mas “ama a liberdade de bandidos”, visto que Dirceu, Dilma, Gleisi, Lindbergh e Aécio estão soltos.

Em resumo, o debate político no Facebook segue liderado pelos posts das páginas da nova direita e da grande imprensa, que é colocada sempre na posição de adversária por este primeiro grupo. Enquanto o Partido dos Trabalhadores e o Judiciário são alvejados pelos movimentos reacionários e influenciadores da rede, que se intitulam os baluartes da probidade, o presidente adota um tom de comunicação mais amistoso com seus eleitores, evitando polêmicas. A mudança de estratégia em realizar um discurso mais ameno e naturalizar as posições de direita por meio do apelo moralista vem favorecendo o governo nessa esfera, o que mostra certo descompasso entre a opinião dos internautas e a opinião pública registrada pelas pesquisas mais recentes.

Especificamente no que se refere à Reforma da Previdência, a esquerda reagiu com contra-argumentos que viralizaram na rede, mas se tomarmos por base o engajamento dos posts do governo, sua avaliação pelos usuários do Facebook, neste e em outros assuntos, tende a ser mais positiva do que negativa.

[1] Tendo em vista nossos propósitos, foram excluídos dois posts da lista, um da Revista IstoÉ e outro do G1, por não tratarem de Política.

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

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