20 a 26 de maio, 2019
Entre os dias 20 e 26 de maio de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.544 posts, que geraram 4.305.186 compartilhamentos.
Entre os dias 20 e 26 de maio de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.544 posts, que geraram 4.305.186 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: Exame (394 posts), UOL (389 posts) e Catraca Livre (388 posts).
Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (20/5/2019 a 26/5/2019)[1]
Os 20 posts da tabela acima concentram 13% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais frequentes nos posts foram o link (45%), seguido de vídeo (40%), foto (5%) e texto (5%).
O assunto mais discutido na rede foram os protestos em apoio ao governo Bolsonaro, uma resposta aos protestos do dia 15 contrários aos cortes efetuados na Educação.
Assinando quase metade dos posts mais compartilhados da semana, Bolsonaro publicou vídeos curtos dos protestos de domingo (26/5) em diferentes cidades, como São Luís (MA), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF). Neles, manifestantes trajados de verde e amarelo e portando a bandeira do Brasil, gritavam: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e “Mito”.
Entre seus posts, o presidente veiculou uma notícia falsa e logo foi descoberto. Trata-se da foto de uma idosa, locomovendo-se com auxílio de um andador, que, supostamente, estaria participando do protesto no Rio. Disse o presidente: “Ministros, Senadores, Deputados, Governadores, Prefeitos, Vereadores, Juízes, OLHEM A NOSSA RESPONSABILIDADE”. Descobriu-se, porém, que a foto retratava momento dos protestos pró-impeachment de 2015 e que aquela senhora morreu há seis meses.
Em sua live semanal, que conquistou a 9ª colocação, o presidente falou sobre diversos assuntos, como o 13º do Bolsa Família; o decreto das armas; o projeto internet nas escolas; a possibilidade do Brasil ingressar no OCDE; o potencial turístico do Brasil; e a inauguração da hidrelétrica de Nova Iguaçu. Ao final, Bolsonaro afirmou que os recursos desviados da Petrobras retornarão ao Brasil e serão destinados à Educação, de modo que não haverá mais o contingenciamento.
Os posts da grande imprensa sobre os atos de domingo também viralizaram. A Revista Veja publicou longa matéria sobre os protestos, que ocupa a quarta posição do ranking, e informou que os motes iniciais das manifestações, organizadas pelos grupos Brasil Conservador e Revoltados Online, eram “ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF)” e incluíam a defesa do fechamento das casas do Legislativo e do Judiciário”. Mas, ainda segundo a revista, após a repercussão negativa entre parlamentares e “o temor de um agravamento na crise entre Palácio do Planalto e Legislativo”, os “aliados de Bolsonaro atenuaram a pauta dos protestos, que passou a ser de defesa da Reforma da Previdência e do pacote anticrime elaborado por Sergio Moro”. A reportagem destacou a ausência do Vem Pra Rua e do Movimento Brasil Livre (MBL). Em outra matéria, a Veja chamou a atenção sobre a presença de um boneco de Rodrigo Maia carregando um saco de dinheiro no ato do Rio. Também alcançaram a lista os posts da revista Época e do Portal R7, que trouxeram fotos das manifestações no Rio e em São Paulo, respectivamente.
Os meios de comunicação apresentaram nesta semana matérias sobre as diferentes fake news propagadas pelo governo, que tiveram ampla repercussão no Facebook. A revista Exame denunciou os ministros Ricardo Salles, Abraham Weintraub e Damares Alves por mentirem em seus currículos sobre títulos e publicações. Já O Globo alertou que a foto de estudantes nus em protesto dentro da universidade que vinha sendo atribuída aos manifestantes pró-Educação do último dia 15 era, na verdade, imagem de um protesto ocorrido durante a Rio+20.
Por fim (e por coincidência), tivemos na 13ª posição da lista um estreante, Luiz Marinho (PT), cujo vídeo de um repente crítico a Bolsonaro, viralizou.
Em suma, observamos que os cortes na Educação evidenciaram diversos problemas enfrentados pelo Planalto, cujas decisões não são mais unânimes entre a opinião pública. Os posts desta semana evidenciam alguns deles. O Executivo, com suas atitudes autoritárias, indispõe-se tanto com o Legislativo quanto com o Judiciário. Movimentos que foram fundamentais para sua vitória em 2018 – o MBL e o Vem Pra Rua – deixaram de apoiá-lo, assim como lideranças de partidos da base, como o DEM, vêm se mostrando insatisfeitas. Os meios de comunicação tradicionais, que não fizeram objeção a Bolsonaro enquanto candidato (inclusive alguns deles lhe declararam apoio), retomaram seu papel de cães de guarda. E a cobertura das manifestações dos dias 15 e do 26 revela que a oposição cresce, enquanto o grupo que a apoia o governo, embora ainda volumoso, diminui. Dessa maneira, o governo usa o Facebook para reafirmar sua força, ora atacando a imprensa e a oposição, e ora recuando nas decisões que não agradaram à opinião pública.
[1] Tendo em vista nossos propósitos, foi excluído um post do R7 por não tratar de Política.