O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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24 a 30 de junho, 2019

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

Entre os dias 24 e 30 de junho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.409 posts, que geraram 4.572.496 compartilhamentos.
Entre os dias 24 e 30 de junho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.409 posts, que geraram 4.572.496 compartilhamentos.

Entre os dias 24 e 30 de junho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.409 posts, que geraram 4.572.496 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: Portal R7 (377 posts), O Globo (376 posts) e Veja (372 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (24/6/2019 a 30/6/2019)

 semana 85 

Os 20 posts da tabela acima concentram 12% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais frequentes nos posts foram vídeo (35%), seguido de link (35%), foto (20%) e texto (10%).

O presidente Jair Bolsonaro ocupa sete posições no ranking desta semana e quase todos os outros posts que compõem a lista estão relacionados a ele de alguma maneira.

O post mais compartilhado da semana pertence ao Estadão e divulga matéria sobre a detenção do segundo-sargento da Aeronáutica, Manoel Silva Rodrigues, na Espanha, no último dia 25, por transportar 39kg de cocaína no avião presidencial. O post alcançou 47 mil compartilhamentos. O jornal observa que Rodrigues já havia realizado 29 viagens com a aeronave oficial desde 2015 e acompanhado três presidentes da República. Outra reportagem sobre o assunto, do Movimento Brasil Livre, ocupa o rol na 15ª colocação e destaca o mesmo detalhe, tentando associar o sargento ao Partido dos Trabalhadores (PT).

Bolsonaro também comentou o episódio em seus posts, afirmando que tal fato é “inaceitável” e exigindo “investigação imediata e punição severa ao responsável pelo material entorpecente encontrado no avião da FAB”.

Entretanto, o assunto que pautou a maioria dos posts do presidente e lhe rendeu maior volume de compartilhamentos foi sua participação no encontro do G20, em Osaka (Japão) e, especialmente, o estabelecimento do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente publicou, ao longo da semana, fotos e vídeos com outras lideranças políticas, como Donald Trump e Emmanuel Macron, destacando que seus acordos são feitos “sem viés ideológico” e parabenizando o embaixador Ernesto Araújo e os ministros Paulo Guedes e Tereza Cristina por terem se empenhado nessa missão. Em um dos vídeos, Trump elogia Bolsonaro, afirmando que este “faz um ótimo trabalho”, que “Brasil e Estados Unidos estão mais próximos do que nunca” e que “está ansioso por vir ao nosso país”, visto que temos “a maior quantidade de ativos do mundo” e “uma quantidade de recursos naturais que a maioria dos países sequer pode sonhar”.

O segundo assunto mais discutido no Facebook durante o período foi o vazamento, pelo Intercept Brasil, das conversas entre o juiz Sérgio Moro e os procuradores do Ministério Público no decorrer da Operação Lava Jato. A página do PSOL postou um vídeo do jornalista Glenn Greenwald explicando a Vaza Jato e relatando sua perplexidade quando leu pela primeira vez o material da fonte e viu que o juiz estava “interferindo nas investigações”, “construindo as acusações” e abusando “severamente do poder judicial”. Neste trecho, Greenwald afirma também que Moro está tentando enganar o público ao dizer que o material “poderia ser alterado”, e que este foi cuidadosamente examinado pela equipe antes de ser divulgado.

Já Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), veicularam fotos e vídeos dos protestos em apoio a Moro que ocorreram no último domingo (30/6). Em seus posts, a família focou mais nas propostas do governo e no mote do combate à corrupção do que na figura de Moro propriamente. O único post mais explicitamente pró-Moro que participa da lista foi o do senador Álvaro Dias, que veiculou um vídeo antigo, da greve do ano passado, em que caminhoneiros e militares cantavam o hino nacional, como se estivessem nos atos. O próprio senador desculpou-se em sua página pelo equívoco.

Além disso, o ministro Moro recebeu do governador João Dória, na última sexta (28/6), a medalha da Ordem do Ipiranga, principal honraria do Estado de São Paulo. A homenagem repercutiu na rede por meio do próprio governador e de O Globo, que trataram indiretamente da Vaza Jato. Durante a cerimônia, Dória exaltou Moro pela atuação na operação Lava Jato e afirmou: “O Brasil precisa de mais Moros e menos Lulas”. Moro agradeceu a medalha e os elogios, reconheceu que a homenagem vinha “em boa hora”, e afirmou que não desistirá de sua “missão” no governo Jair Bolsonaro.

Por fim, mas não menos importante, tivemos um post do vereador do Rio de Janeiro Tarcízio Motta (PSOL) respondendo às ofensas proferidas na Câmara Municipal pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSL), que entre outras coisas, disse “respeito é o cacete” e o mandou “fazer regime na Venezuela”. Tarcízio disse que “ofender no nível pessoal os vereadores presentes é inadmissível”, que irá representar no conselho de ética sobre as ofensas e pedir esclarecimento das notícias  recentes sobre os assessores fantasmas de Carlos.

Em resumo, a direita segue forte no Facebook e se utilizando desse espaço para distorcer os fatos que negativos com relação ao governo ou contorná-los a seu favor. A despeito das denúncias do Intercept e das últimas divergências internas entre os grupos políticos que compõem a situação, todos seguem alinhados na defesa do governo e de Sergio Moro, exaltando-o como o grande combatente da corrupção. Na realidade, Moro foi uma peça fundamental para desestabilizar o seu verdadeiro inimigo, que não é a corrupção, mas a esquerda no poder, de modo que suas ações não são sequer questionadas pelos seus apoiadores, posto que “seu fim justificaria os seus meios”.

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