Vaza Jato nos jornais – 9 de julho
Por Eduardo Barbabela, Juliana Gagliardi, Natasha Bachini e João Feres Jr.
O afastamento de Sérgio Moro do Ministério da Justiça é o grande assunto do trigésimo dia de cobertura da Vaza Jato. Outro fato que repercutiu foi a fala do ministro Fachin, durante evento em Curitiba, na qual afirmou que juízes que cometem ilícitos também devem ser punidos. Apesar dos novos fatos, a cobertura do escândalo continuou em queda, alcançando 11 textos.
O GLOBO
O Globo manteve sua tímida cobertura diária da Vaza Jato, com apenas quatro textos, todos neutros ou ambivalentes. Em artigo de opinião, Carlos Andreazza aponta que ainda não houve resposta por parte da Polícia Federal se Glenn Greenwald – jornalista que Andreazza não aprecia – está ou não sob investigação. O colunista aponta que não houve crime por parte do jornalista e que seria uma afronta ao artigo 5° da Constituição se a Polícia Federal o investigasse, mesmo que Moro esteja certo em se sentir incomodado com a forma ilegal que as mensagens foram obtidas. Ao final, o autor questiona o vale-tudo em nome da missão de prender corruptos, tal qual o lavajatismo e o bolsonarismo tem pregado. Em notícia sobre o afastamento de Moro, o jornal também cita a decisão de Deltan Dallagnol de não aceitar o convite da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para falar sobre as mensagens vazadas.
ESTADÃO
O Estadão também continuou com uma cobertura reduzida do escândalo, com três textos, dois deles neutros. Eliane Cantanhêde em sua coluna destaca que o sucesso da ação da Polícia Federal na prisão de membros da máfia italiana por ajudar Moro a inverter a pauta que o envolve. Na reportagem sobre a licença do ex-juiz, o jornal destaca a fala do ministro Augusto Heleno em que compara Moro a Batman e critica o fato de inventarem que é ilegal juiz conversar com procurador.
FOLHA
A Folha surpreendeu e reduziu sua cobertura da Vaza Jato, apresentando apenas quatro textos sobre o caso, três deles neutros. Na coluna Painel, dois ministros do STF são destaque. Uma nota interpreta a fala de Edson Fachin em Curitiba como uma crítica do ministro à citação de seu nome nas mensagens vazadas, nas quais ele é associado à Lava Jato. Outra nota informa que Luiz Fux, também citado nos vazamentos, afirma que a Lava Jato irá continuar viva, principalmente durante seu período como presidente do Supremo, que se iniciará no final de 2020. O diário, em outra reportagem, também cita o fato de a popularidade do ministro da Justiça ter caido de 59% para 52% após os vazamentos do Intercept.
JORNAL NACIONAL
Na edição de ontem (8/7) do Jornal Nacional, foi ao ar uma matéria curta (26s) informando o afastamento de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública por uma semana e informando que sua remuneração seria interrompida durante esses dias, já que o ministro, pelo tempo na pasta, ainda não tem direito a férias. Chama a atenção o fato de a Vaza Jato não ser sequer mencionada na matéria, mesmo que como um possível fator para o afastamento, em um momento em que o escândalo é presença frequente no noticiário nacional.
Não tivemos posts em 8 de julho que mencionassem diretamente a Vaza Jato. Os assuntos tratados nas publicações mais compartilhadas neste dia foram a conquista da Copa América pela seleção brasileira, a descoberta de aeronaves sucateadas da Funai e a polêmica declaração de Bolsonaro em defesa do trabalho infantil. Um dos posts da lista, assinado por Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), mais uma vez reproduziu um tweet do perfil Pavão Misterioso, com o objetivo de comprometer o ex-deputado Jean Wyllis (PSOL-RJ), seu adversário político e desafeto pessoal. O Pavão Misterioso vem divulgando mensagens supostamente grampeadas de políticos do PSOL como uma resposta da direita aos vazamentos do Intercept Brasil.
CONCLUSÃO
Sem novas mensagens, os jornais repercutiram os efeitos dos vazamentos, principalmente a opinião de Edson Fachin sobre juízes que cometem ilícitos. O afastamento de Moro também foi notícia. O novíssimo vazamento, agora de um áudio, pelo Intercept, citando uma relação entre procuradores e um ministro do STF, reacende a Vaza Jato e envolve mais uma vez o Tribunal que, em última instância, é responsável pelo funcionamento da Lava Jato.