O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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1° a 7 de julho, 2019

Por Natasha Bachini e João Feres Jr.

Entre os dias 1º e 7 de julho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.033 posts, que geraram 3.689.671 compartilhamentos.
Entre os dias 1º e 7 de julho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.033 posts, que geraram 3.689.671 compartilhamentos.

Entre os dias 1º e 7 de julho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.033 posts, que geraram 3.689.671 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: Veja (367 posts), O Globo (355 posts) e Exame (354 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (1/7/2019 a 7/7/2019)[1]

 semana 86

Os 20 posts da tabela acima concentraram 18% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais frequentes nos posts foram vídeo (70%), foto (25%) e texto (5%).

A página cujos posts mais viralizaram foi a do presidente Jair Bolsonaro. As fotos e vídeos postadas por ele nos últimos jogos da seleção brasileira na Copa América foram os que mais geraram engajamento. Outro tema, este realmente de interesse público, que pautou seus posts foram as justificativas sobre sua fala em defesa do trabalho infantil na live que disponibilizou na última quinta-feira (4/7). Bolsonaro alegou que sua experiência em trabalhar na roça quando criança o tornou quem ele é, e atacou a esquerda ao afirmar: “se estivesse defendendo sexualização e uso de drogas, estariam me idolatrando”.  O presidente reproduziu também um vídeo no qual o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aparece elogiando um garoto jardineiro de 11 anos e o contrata para trabalhar na Casa Branca.

Além disso, Bolsonaro tratou em seus posts da preservação ambiental e da questão indígena. Por meio de vídeos, negou a liderança de Raoni Metuktire; disse que o Brasil é um exemplo para o mundo na preservação ambiental; compartilhou fala da ministra Damares sobre o aumento do suicídio e do consumo de drogas entre indígenas e afirmando que as políticas voltadas para essas comunidades precisam ser revistas, pois, nas palavras da ministra, “o índio não quer ser tutelado. Quer progresso, quer inclusão, quer estudar, quer trabalhar”. Alguns indígenas aparecem nos vídeos endossando a posição de Damares.

Entretanto, o assunto que mais motivou compartilhamentos nesta semana foi o escândalo da Vaza Jato, devido ao comparecimento do ministro Sérgio Moro à audiência realizada na Câmara dos Deputados para esclarecer as conversas tornadas públicas pelo Intercept. O PSOL, a Mídia Ninja e o Conversa Afiada Oficial alcançaram o ranking com recortes das falas críticas dos deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS).  Braga afirmou que ele e sua família estão sendo acusados por seus colegas de enriquecimento ilícito. Procurando comparar ironicamente sua situação a de Moro, que alega ser inocente, sugeriu que ele e ministro quebrem seus sigilos telefônicos, bancário e fiscal para comprovar suas inocências nas acusações. Seguindo a provocação, deputado chamou  Moro de “juiz ladrão”, o que levou este último a abandonar a sessão.

A Mídia Ninja destacou de forma mais completa a fala de Braga: “Da história o senhor não pode se esconder. E o senhor vai estar sim nos livros de história, mas como um juiz ladrão e corrompido que ganhou uma recompensa para fazer com que a democracia brasileira fosse atingida”. Melchionna perguntou se é verdade que Glenn Greenwald está sendo investigado pela Polícia Federal, o que ela considera perseguição à imprensa, e pediu explicações sobre o silêncio de Moro com relação aos escândalos envolvendo os ministros do Turismo e Ônix Lorenzoni.

O Conversa Afiada Oficial, cujo âncora, o jornalista Paulo Henrique Amorim, faleceu nesta semana, comentou que “o show de Moro na Câmara foi o último ato de uma farsa que envolve a Globo e Bolsonaro, mas que não será mantida por muito tempo, porque logo o presidente “jogará Moro no lixo”.

Em contrapartida, as páginas que apoiam o governo saíram em defesa de Moro publicando algumas das respostas do ministro às acusações. Nestas, Moro afirma que o Intercept “criou uma tese e está tentando demonstrá-la”, observa que há muitos defensores da libertação de Lula e replica: “Onde estão os defensores de Eduardo Cunha e Sérgio Cabral? Quem defende que eles sejam colocados imediatamente em liberdade? Qual inocente foi condenado?”.

Por fim, a Mídia Ninja e Guilherme Boulos publicaram fotos do ato do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, na loja da Havan do Shopping Itaquaquecetuba, contra a reforma da Previdência, e estas renderam duas posições na lista. Foi um ato pacífico e bem-humorado. Cinquenta sem teto entraram na loja e começaram a encher os carrinhos de compras com tudo que viam pela frente: agasalhos, cachecóis, tapetes, colchonetes, travesseiros, roupas, etc. Os seguranças ficaram atentos à movimentação, mas as operadoras de caixa passaram as compras uma a uma. Na hora do pagamento, a surpresa: um cheque gigante de R$168 milhões, valor que Luciano Hang deve à Previdência.

Em resumo, o debate político na rede esta semana foi mais equilibrado. Argumentos de direita e de esquerda tiveram visibilidade semelhante quando se tratou do escândalo da Vaza Jato. Nas discussões sobre o trabalho infantil, o desmatamento e políticas indigenistas, as posições de direita se sobrepuseram à esquerda. Quanto à reforma da Previdência, prevaleceram as críticas da esquerda. Vejamos o que ocorrerá após a votação desta última na Câmara e das novas conversas divulgadas pelo Intercept.

[1] Nesta semana, excluímos um post do G1 da lista por não tratar de política.

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