Vaza Jato nos jornais – 28 de julho
Por Eduardo Barbabela, Juliana Gagliardi, Natasha Bachini e João Feres Jr.
O 49° dia de Vaza Jato trouxe uma cobertura extensa sobre o escândalo, com 33 textos. Além de novas informações sobre os hackers e seus depoimentos, a fala do presidente Jair Bolsonaro, afirmando que Glenn Greenwald poderia ser preso, repercutiu bastante nos diários.
O GLOBO
O Globo manteve uma cobertura bastante voltada ao hacking, embora seus colunistas tenham defendido a questão do conteúdo dos vazamentos. Foram 11 textos na edição de 28 de julho. Em sua coluna, Bernardo Mello Franco defende que as investigações sobre os hackers ameaçam ofuscar o conteúdo dos vazamentos do Intercept, que é importantíssimo, e argumenta que Moro abandonou a neutralidade como juiz. Elio Gaspari também defende a importância do conteúdo dos vazamentos. O diário ainda traz a informação de que o hacker teria se vangloriado de ter hackeado o ministro Moro.
ESTADÃO
O Estadão reduz sua cobertura sobre o escândalo para apenas 6 textos. Em editorial, o diário comenta a questão da segurança da comunicação das autoridades, reforçando que tal fato é uma questão de Estado e precisa ser levada mais a sério. Na Coluna do Estadão, Alberto Bombig pontua que as investigações sobre o hacking criaram um ambiente de Fla-Flu político no Congresso e que muitos líderes esperam o avanço das investigações para tomar uma posição. Em sua coluna, Eliane Cantanhêde defende que os erros formais de Moro à frente do Ministério da Justiça durante as investigações sobre os hackers são justificados por sua posição como ministro.
FOLHA
A Folha mantém seu protagonismo na cobertura do escândalo e traz 16 textos sobre o caso. No Painel, Daniela Lima apresenta o ceticismo de Lula sobre a possibilidade de ser libertado, dado que existiriam muitas forças (mercado, Forças Armadas, mídia) que não querem que isso aconteça. Os aliados do ex-presidente também defendem que o STF não deve alterar o status quo, devido à pressão que o tribunal tem sofrido. Em artigo de opinião, a ombudsman da Folha, Flavia Lima, discute as decisões editoriais do diário em contraposição às dos demais jornais nos últimos dias, defendendo as escolhas de divulgar novas revelações sobre o material do Intercept ao invés de focar na descoberta sobre o papel de Manuela D’Ávila na história. Em entrevista concedida ao jornal, Renan Santos, um dos coordenadores do MBL, afirma não ter visto nada demais nas mensagens vazadas.
CONCLUSÃO
A questão do hacking e a investigação da Polícia Federal têm sido usadas para evitar a discussão sobre o conteúdo dos vazamentos, que já era bastante reduzida nos últimos tempos. Com o desenrolar das investigações nos próximos dias descobriremos se essa condição se manterá ou se novas mensagens darão força ao Vaza Jato.