2 a 8 de setembro, 2019
Por Natasha Bachini e João Feres Jr.
Entre os dias 2 e 8 de setembro de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.418 posts, que geraram 3.321.335 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nesta semana foram: O Globo (391 posts), Exame (384 posts) e Portal R7 (380 posts).
Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (2/9/2019 a 8/9/2019)[1]
Os 20 posts da tabela acima concentram 15% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais frequentes nos posts foram vídeo (60%), foto (20%), link (15%) e texto (5%).
A semana da pátria foi o principal tema abordado pelos posts que compõem a lista. Jair Bolsonaro, que ocupa a maioria das posições, fez várias publicações em comemoração à data. Alcançaram alto volume de compartilhamentos seus vídeos do desfile do dia 7 de setembro; um vídeo do governo federal em que o hino nacional é cantado pelos ministros e por pessoas comuns (famílias, crianças, grávidas, negros, indígenas, pessoas com deficiência) – com direito às vozes de todos, inclusive dos mais desafinados – e finalizado com a primeira-dama, Michele Bolsonaro, cantando em linguagem de sinais; e uma foto do presidente junto a Edir Macedo e Silvio Santos, que participaram do evento oficial. O jantar oferecido pelo presidente a estes dois últimos um dia antes do desfile também teve ampla repercussão através de matéria do Portal R7.
Ainda no âmbito de comemorações da semana pátria, o governo lançou a campanha Semana do Brasil, em parceria com o setor privado, cujo objetivo é aquecer a economia e estimular o turismo interno a partir da oferta de descontos semelhantes aos da Black Friday, em novembro.
Durante esta semana foi anunciada também a Medida Provisória que altera o benefício de prestação continuada para o de pensão vitalícia a crianças anencéfalas vítimas da zika, permitindo assim, segundo o governo, que suas mães trabalhem. A proposta foi um pedido da primeira-dama e tematizou, ao menos, quatro posts da lista, sendo dois da grande imprensa.
Bolsonaro e seu filho, Eduardo (PSL-SP), trataram ainda da questão da Amazônia sob a ótica da soberania. Bolsonaro acusou os presidentes anteriores de destruírem e lotearem o Brasil; informou que não demarcará mais terras indígenas; e disse que anteciparia sua cirurgia para que possa participar da reunião da ONU, no dia 22 de setembro. Eduardo reproduziu o trecho de uma entrevista concedida à TV francesa pelo embaixador do Brasil na França, Luiz Fernando Serra, no qual compara o fato de o Brasil não ter sido convidado para o encontro do G7 sobre a Amazônia, em Biarritz, à Conferência de Berlim, em 1884, na qual os países europeus e os Estados Unidos realizaram a divisão territorial da África. Serra considerou a postura colonialista. No entanto, o Brasil não faz parte do G7.
Por fim, em coletiva à imprensa, Bolsonaro desacreditou a pesquisa do Datafolha que indica queda em sua popularidade; afirmou que seus vetos ao projeto anticrime de Moro são oriundos de comportamentos abusivos por parte do Ministério Público, do qual “ele próprio já foi vítima”; e garantiu que “um dos dois ou os dois perderão a cabeça” após a apuração dos fatos da acusação feita por Luiz Augusto Ferreira, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ao secretário de Produtividade e Emprego, Carlos da Costa, em entrevista à revista Veja. Ferreira afirmou ter recebido pedidos ‘não republicanos’ do colega.
Em resumo, o presidente aproveitou-se do 7 de setembro para reafirmar-se enquanto patriota, seja com registros das comemorações oficiais, com os anúncios de medidas populares (como a pensão vitalícia e a Semana do Brasil) ou, ainda, defendendo o combate à corrupção. Além disso, a data foi oportuna para que Bolsonaro deixasse de ser o foco das críticas sobre as queimadas na Amazônia e se colocasse como defensor da soberania nacional. Nacionalismo, moralismo, autoritarismo e simplismo: a velha fórmula dos populistas da direita.
[1] Excluímos da lista desta semana um post do Portal R7 por não tratar de Política.