De 1° a 7 de junho de 2020
Entre os dias 1º. e 7 de junho de 2020, foram observados 17.191 posts nas 719 páginas de nossa amostra, que geraram 10.230.467 compartilhamentos. Os principais recursos utilizados nos posts foram fotos (39%), links (37%), vídeos (23%) e texto (1%).
A extrema direita segue protagonizando o debate político no Facebook, instrumentalizando a plataforma para defender o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e atacar todos aqueles que considera opositores do governo. Essa categoria cresce e se diversifica a cada dia, abrangendo setores e políticos que vão da esquerda à própria extrema direita. Somam-se aos alvos costumeiros (a imprensa, o PT, Lula, Dilma, o STF, Cuba e Venezuela), os governadores e prefeitos que adotaram a quarentena pelo país -sobretudo João Dória (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ) -, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), os/as gays, as feministas e os militantes do movimento antifascista.
Contudo, novos atores têm pautado as discussões e o discurso foi progressivamente radicalizado, inclusive com o uso mais frequentes de palavras de baixo calão. Destaca-se a atuação da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que responde por 12 dos 20 posts mais compartilhados do período e acumulou mais de 700 mil compartilhamentos durante a semana.
O post mais compartilhado da semana (114.276) é um vídeo no qual o deputado federal André Janones (AVANTE-MG) apoia o veto de Jair Bolsonaro ao repasse de R$8 bilhões aos estados e municípios, afirmando que essas esferas não necessitam do dinheiro pois não sabem administrar seus recursos e desviam verbas destinadas ao combate da Covid-19.
O assunto mais comentado nos posts durante a semana foram as manifestações antifascistas em oposição às ações e ameaças autoritárias de Jair Bolsonaro e de seus apoiadores. Em geral, os posts da extrema direita desqualificam os protestos e seus participantes, afirmando tratar-se de uma “minoria antidemocrática, violenta, promíscua, pedófila e drogada”. O presidente e sua gestão são considerados vítimas de perseguidores, “golpistas” de esquerda, e de fake news. Dentre as teorias conspiratórias, a deputada Hasselmann (PSL-SP) é acusada de liderar um gabinete produtor e difusor de notícias falsas contra o governo e seus aliados.
Observa-se também um enorme esforço em reverter a abordagem negativa dos dados sobre a disseminação da Covid-19 no país a partir do destaque do número de recuperados, da proporção de contaminados pelo número de habitantes e de comparações forjadas que usam dados de outros países. Além disso, verifica-se uma campanha contra o Projeto de Lei n° 2.630/2020, que objetiva coibir a divulgação de fake news nas redes sociais, a partir do argumento de que a lei, se aprovada, enfraquece a democracia e configura censura.
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