O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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De 22 a 28 de junho de 2020


Na semana entre 22 e 28 de junho de 2020 foram observados 16.512 posts nas 719 páginas de nossa amostra, que geraram 10.624.531 compartilhamentos. Os principais recursos utilizados nos posts foram fotos (39%), links (37%), vídeos (22%) e somente texto (2%).

Os assuntos que mais repercutiram na rede ao longo do período foram a prorrogação e extensão do auxílio emergencial, e a entrega do trecho cearense da obra de transposição do Rio São Francisco.

O deputado André Janones (Avante-MG) subiu o tom contra o governo em suas costumeiras lives devido Bolsonaro ter vetado a expansão do benefício para mais categorias e proposto a redução do valor das próximas parcelas do auxílio emergencial. Colocando-se como “defensor dos interesses do povo”, Janones afirma que “esse dinheiro é, por direito, dos brasileiros”, oriundo dos seus impostos, e não uma dádiva do presidente ou dos parlamentares. O deputado também acusa a Caixa de se apropriar indevidamente desse recurso ao restringir o acesso ao dinheiro pela plataforma do banco e demorar a liberar os saques.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) publicaram fotos e vídeos com imagens da obra de transposição do Rio São Francisco, saudando o presidente pela entrega e instilando rivalidade com os irmãos Ferreira Gomes, árduos opositores do atual governo. Os posts afirmam que “o povo cearense mudou sua opinião sobre Bolsonaro” e que a “dinastia da família Gomes na região chegava ao fim”. Essas afirmações foram acompanhadas de um clip musical em vídeo homenageando Bolsonaro, elaborado pelo Movimento Ceará Conservador.

Observamos também nas páginas aliadas ao governo a continuação de ataques sistemáticos à esquerda, à imprensa, à OMS e ao STF, desta vez, a partir da reprodução dos comentários de Alexandre Garcia e Caio Coppolla sobre fatos recentes e em defesa do pensamento conservador. Estes atores seguem difundindo narrativas que vinculam os governos petistas à corrupção e ao aumento da violência, alegam perseguição nas investigações do inquérito das fake news e do caso Queiroz, afirmam a inocência de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e dos 300 do Brasil, e desautorizam as recomendações da OMS no combate à pandemia a partir de suposta retificação da instituição sobre o uso da cloroquina, medicamento defendido por Bolsonaro no tratamento de pacientes com Covid-19.

Por fim, destacou-se entre as desinformações propagadas nessa semana posts de fake news de Zambelli (PSL-SP), que compara fotos das provas de crimes encontradas supostamente durante o governo petista e no atual governo pela Polícia Federal, sugerindo viés nas investigações e tentando minimizar a gravidade das ações da extrema direita. Uma das fotos traz objetos apreendidos recentemente entre os membros do grupo 300 pelo Brasil, como fogos de artifício e camisas. A segunda foto retrata malas cheias de dinheiro e é atribuída à gestão petista. No entanto, tal escândalo veio à tona no governo Temer, quando foi descoberto o bunker do ex-ministro Geddel Viera Lima (MDB-BA). Vale ressaltar que a grande imprensa, na época, propôs associação semelhante em suas capas, embora o PT não tivesse nenhuma relação com o caso.

Por Natasha Bachini, Eduardo Barbabela, Douglas Moura, Keila Rosa, Andressa Liegi Costa, Monique Sousa, Bruna Medina, Matheus Ribeiro, Ana Beatriz Getirana, Robson Nunes, Victor Nobre e João Feres Jr.

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