O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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De 29 de junho a 5 de julho de 2020

Na semana entre 29 de junho e 5 de julho de 2020 foram contabilizados 16.783 posts nas 719 páginas de nossa amostra, que geraram 8.584.709 compartilhamentos. Os principais recursos utilizados nos posts foram fotos (40%), links (37%), vídeos (22%) e  somente texto (1%). Os assuntos que mais repercutiram na rede ao longo do período foram o auxílio emergencial, o combate à Covid-19 e o projeto de lei das Fake news.

O deputado André Janones (Avante-MG) segue liderando o número de compartilhamentos na plataforma com suas lives sobre o auxílio emergencial. Janones procura diferenciar-se das posições que referenciam a polarização política atual, o bolsonarismo e o petismo,  afirmando que “não possui lado” e que “seu compromisso é, acima de tudo, com o povo”.

Nos posts dessa semana, o deputado declarou oposição a Bolsonaro,  defendendo a extensão do benefício enquanto durar a pandemia. Ele também refuta o argumento da suposta falta de recursos para manter os pagamentos dizendo que há uma série  de empresas devedoras da Previdência, que se cobradas, devolveriam R$ 200 bi aos cofres públicos. Janones manifestou também indignação com a fala do ministro Paulo Guedes, que chamou os brasileiros dependentes do auxílio de “vagabundos”.

Em contrapartida, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) tentaram reverter a imagem negativa decorrente das ações do presidente no combate à pandemia  e suas  declarações acerca do benefício.

Em um dos posts, Bolsonaro e Guedes apertam as mãos e comemoram a marca de 64,1 milhões de beneficiários, como se fossem entusiastas e propositores do auxílio.  No post, indica-se que este número equivale à população de 8 países da Europa. Em outra publicação, Bolsonaro qualifica como promissora a parceria com a Inglaterra na produção da vacina contra à Covid-19 e declara triunfante que esse acordo coloca o Brasil na liderança do enfrentamento ao coronavírus.

Observou-se ainda nos posts de Bolsonaro e Zambelli (PSL-SP) ao longo dessa semana um forte apelo religioso. Nos vídeos divulgados, populares e lideranças religiosas enfatizam que Bolsonaro foi “escolhido por Deus para ser presidente e livrar o país de uma ditadura socialista”, personificada pela candidatura de Haddad (PT-SP), e desacreditam a pesquisa da Datafolha acerca da queda de sua popularidade.

O enquadramento antipetista também foi mobilizado nos ataques das páginas da extrema direita ao PL 2630/2020, conhecido também como PL das Fake news. Esses políticos condenam o projeto argumentando que ele configura censura e viola os direitos à privacidade e à liberdade de expressão, alinhando-se à proposta de regulação da mídia dos tempos do PT e aos interesses de atores supostamente autoritários, corruptos e de esquerda, como a imprensa e o STF.  Lógica semelhante foi utilizada para atacar o movimento Blacks lives matter. A partir da deturpação dos ideários igualitarista e liberal, os protestos são acusados de defender privilégios para as minorias raciais e étnicas, endossar a violência e colocar em risco a liberdade dos brancos, conservadores, cristãos e capitalistas, sobretudo daqueles contrários ao lockdown.

As atitudes reativas das páginas da extrema direita sugerem uma mudança na correlação de forças no Brasil. Com a pandemia, as inúmeras investigações em curso e a flagrante incapacidade do governo, a presumida superioridade moral do grupo político liderado pelo presidente, assim como o caráter técnico do  seu corpo ministerial, vem se esfacelando. Com o intuito de frear a perda de apoiadores, esses atores recorrem à velha estratégia da ameaça comunista, apelando até mesmo a Deus para se  justificarem.

Você pode baixar nosso relatório, clicando aqui.

Por Natasha Bachini, Eduardo Barbabela, Douglas Moura, Keila Rosa, Andressa Liegi Costa, Monique Sousa, Bruna Medina, Matheus Ribeiro, Ana Beatriz Getirana, Robson Nunes, Victor Nobre e João Feres Jr.

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