De 13 a 19 de julho de 2020
Entre os dias 13 e 19 de julho, as 719 páginas monitoradas por nós produziram 17.315 posts que geraram 9.036.763 compartilhamentos. Os recursos utilizados nos posts foram foto (41%), link (35%), vídeo (23%) e texto (1%).
Novamente os assuntos que mais repercutiram entre as páginas monitoradas foram temas decorrentes da pandemia do Covid-19, como o auxílio emergencial, a hidroxicloroquina e o conflito ideológico-partidário.
Desde a primeira semana de junho/2020, quando retomamos o monitoramento, os posts do deputado federal André Janones (Avante-MG) aparecem no topo do ranking das publicações mais compartilhadas. Em suas lives, o deputado vem se colocando no papel de “verdadeiro” representante e fiscal do povo, fazendo uma defesa aguerrida do auxílio emergencial. Nesta semana, Janones transmitiu votação na Câmara dos Deputados sobre a extensão do benefício até o final deste ano e revoltou-se com a negação do pedido destacando o voto do Partido Novo que, em suas palavras, “tem um ódio de povo, de pobre, que eu nunca vi igual”.
O deputado também afirmou que pretende levar à pauta na Câmara um projeto de lei para elevar a corrupção praticada no período de pandemia ao status de crime hediondo.
O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, dedicou-se a propagandear as obras que vêm sendo realizadas pelo governo federal, como os trechos da Transamazônica, a duplicação da BR-101 entre Aracaju-SE e Maceió-AL e a entrega do sistema de águas nas cidades de Água Branca e Delmiro Gouveia, ambas em Alagoas. Em um dos vídeos postados por Bolsonaro sobre as obras, o ministro Tarcísio Freitas afirma que o bom desempenho do governo no campo da infraestrutura é resultante de estudos econômicos, articulação política e parcerias com o capital privado.
Além disso, junto às deputadas Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP), o presidente seguiu defendendo a administração da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19. Esses posts utilizam matérias da Fox News e da Revista Veja como fonte. Um alega inclusive que Cuba venceu a Covid-19 graças ao uso do medicamento. A substância foi instrumentalizada para intensificar o conflito ideológico. Os políticos mencionados afirmam que a OMS não recomenda o medicamento por ele ser usado no Brasil e nos Estados Unidos, países cujos presidentes são de direita. O mesmo se daria com os governadores que proibiram suas distribuição, como o Rui Costa (PT-BA), mencionado em um dos posts.
Ainda no campo ideológico, o ministro Gilmar Mendes foi intensamente atacado na rede durante o período após ter chamado o Exército e o presidente de genocidas devido a pasta Saúde encontrar-se há dois meses sem ministro em meio à pandemia. Os deputados Filipe Barros (PSL-PR) e Bia Kicis (PSL-DF) exigiram responsabilização da corte. Kicis ainda declara que, se nada for feito em relação a Gilmar, “é melhor fechar logo e entregar as chaves à China” , país que, segundo a deputada, “criou o vírus” e “tem interesse em dominar o Brasil, pois está com a segurança alimentar em risco”.
Zambelli defendeu também, por meio da fala de Sikera Junior, a morte de presidiários: “vagabundo tem que se ir embora mesmo”. Também apoiou a prisão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), denunciado pelo MP-SP pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e comemorou o fim da lei Rounet, que segundo ela, vinha sendo instrumentalizada pela esquerda para a promoção de uma hegemonia cultural.
Os bolsonaristas seguem usando o Facebook a todo vapor para propagar seus enquadramentos e difundir desinformações, promovendo um conflito ideológico permanente. Nesta disputa, observa-se alguma reação da esquerda, como as páginas de Jandira Fregali (PC do B-RJ) e Humberto Costa (PT-RE), que nessa semana alcançaram grande volume de compartilhamentos, mas esta ainda é insuficiente perante a supremacia da direita na rede.
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