O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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De 20 a 26 de Julho de 2020

Entre os dias 20 e 26 de julho, as 719 páginas monitoradas por nós produziram 18.189  posts que geraram 7.459.640   compartilhamentos. Os recursos utilizados nos posts foram foto (44%), link (34%), vídeo (21%) e texto (1%). A partir desta semana voltamos a contabilizar outras interações, como os comentários e as reações (Gosto, Adoro, Coragem, Riso, Surpresa, Tristeza e Ira), que totalizaram respectivamente 4.143.865 e  33.713. 412 no período.

Os assuntos mais compartilhados da semana foram relacionados à pandemia do Covid-19 e ao inquérito das Fake News (INQ 4781),  instaurado pelo Superior Tribunal Federal (STF) para investigar notícias fraudulentas, ameaças e infrações que circulam na rede. Além disso, destacaram-se posts sobre obras do governo federal e afrontas aos seus opositores políticos ou ideológicos.

O post mais compartilhado contém discurso do deputado André Janones (Avante-MG) em audiência pública na Câmara do Deputados sobre o acidente ocorrido em Brumadinho-MG, quando o rompimento de uma barragem da mineradora Vale do Rio Doce matou centenas de pessoas. A partir de um apelo populista, o deputado cobra das autoridades a punição da Vale, responsável pela tragédia.

Questões relacionadas à pandemia da Covid-19 continuam a dinamizar o debate na rede. Janones, auto denominado “defensor no povo”, usou sua página para repassar informações sobre os benefícios oferecidos à população como modo de amenizar o impacto da pandemia, como o auxílio emergencial e a suspensão do pagamento da parcela do financiamento do programa Minha Casa Minha Vida.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), fez novamente propaganda da hidroxicloroquina, segurando a caixa do remédio e afirmando já estar curado do vírus. Essa foto do presidente foi compartilhada também pelas deputadas Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF). As deputadas, em outros posts, ironizaram ainda o isolamento social como forma de conter o contágio do vírus, atacando prefeitos e, indiretamente, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

A pandemia rendeu também ao governador de São Paulo, João Dória, uma posição no ranking. Em post, Dória anunciou o início da fase 3 no estado e o avanço da vacina chinesa que vem sendo desenvolvida em parceria com o Instituto Butantã e o Laboratório Sinovac Biotech. Na ocasião, Doria ressaltou, com otimismo, a importância da ciência no combate à Covid-19.

Outro assunto que repercutiu na rede foi o inquérito das Fake News do STF. Carla Zambelli, uma das investigadas, alegou que a instituição cerceia sua liberdade de expressão e da direita em geral com objetivo de prejudicá-los nas eleições municipais. Também tomando o STF como alvo, Bia Kicis criticou a suspensão de operações das policiais nas favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia. Na mesma linha, o deputado Carlos Jordy (PSL-SP), publicou um vídeo, sem identificar a autoria e as pessoas que nele aparecem, com homens armados supostamente passeando em uma favela do Rio de Janeiro, acompanhado dos seguintes dizeres: “Trabalhadores da comunidade agradecendo ao apoio do STF por vetar o pedido da União para retomar as operações policiais na favela”.

Foram ainda alvos essa semana dos posts dos bolsonaristas: Agnelo Queiroz, ex-governador do Distrito Federal pelo PT, preso com porte ilegal de arma. João Doria por responder à repórter de O Globo sobre a vacina de Oxford de maneira irônica e, principalmente, o youtuber Felipe Neto, por meio de um vídeo de mais de 40 minutos que o acusa, entre outros crimes, de pedofilia.

Em suma, a bem estruturada rede da extrema direita segue pautando o debate no Facebook, reduzindo-o a ofensas e a desinformação. Contudo, essa estratégia parece, aos poucos, estar perdendo efeito, visto que posts sobre temas como direitos sociais, a aprovação do Fundeb, e a defesa de estratégias com respaldo científico como meios de superar a crise da Covid-19 conquistam gradualmente visibilidade.

Você pode baixar o relatório completo, clicando aqui.

Por Natasha Bachini, Eduardo Barbabela, Douglas Moura, Keila Rosa, Andressa Liegi Costa, Lucas Loureiro, Bruna Medina, Ana Beatriz Getirana, Matheus Ribeiro, Robson Nunes, Victor Nobre e João Feres Jr.

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