De 16 a 30 de junho de 2021
Entre os dias 16 e 30 de junho de 2021, as 800 páginas monitoradas alcançaram mais de 10 milhões de compartilhamentos.
Esta quinzena foi marcada pela forte atuação da oposição na rede. No primeiro gráfico, observa-se ligeiras oscilações na quantidade de postagens diárias, com destaque para o dia 30, data na qual foi protocolado o super pedido de impeachment na Câmara.
Com relação aos recursos utilizados, verifica-se que os links passaram as fotos, sendo empregados em 34,4% dos posts. Os vídeos, utilizados com maior frequência em outras quinzenas, nesta constaram apenas em 23% das publicações.
A categoria mídia segue à frente na média de posts por página do período, a despeito de sua desvantagem numérica. Todavia, essa estatística não se reflete em engajamento, taxa em que os personagens políticos continuam no topo.
A seguir, a nuvem de palavras mostra os principais assuntos tratados nos posts. Palavras como Bolsonaro, Covid-19, CPI, impeachment e Lula se sobressaem, indicando a proeminência da crise causada pela pandemia e o embate em torno dela, agora com a CPI e as denúncias envolvendo o governo federal no caso da Covaxin
Por essas razões, depois de um longo tempo, atores da oposição figuram no gráfico das páginas que acumularam maior engajamento.
Estas páginas registraram desempenho inédito também no ranking dos posts mais compartilhados. Em primeiro lugar, temos o deputado federal Célio Moura (PT-TO), que compartilhou a foto de uma pessoa que perdeu parentes próximos se vacinando e se manifestando contra o presidente. Em segundo, temos a deputada federal Jandira Feghali (Pc do B) e em terceiro o ex- presidente Lula, que aparece duas vezes na lista. Nas postagens, ambos condenaram a condução da pandemia pelo governo federal e seus os atos anti-democráticos. Lula ainda falou sobre as próximas eleições, a possibilidade dele ser candidato e criticou a chamada terceira via.
Do outro lado do espectro político, nota-se uma ausência: a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que embora lidere na soma de engajamentos, não alcançou o ranking nessa quinzena.O post favorável ao governo que obteve mais compartilhamentos é do deputado federal Capitão Roberto Neto (Republicanos-AM). Este reproduz a coletiva de imprensa concedida pelo presidente sobre o escândalo da Covaxin, a suspeição das pesquisas do DataFolha e a necessidade do voto impresso. Bolsonaro aparece em quinto lugar com sua live semanal e nas duas posições seguintes, tratando de temas como o passaporte da vacina, ao qual manifesta seu repúdio, e a revogação do estatuto do desarmamento, que defende como solução para a questão da violência.
Se tratando das mídias, tradicionais e alternativas, o site G1 e a página Quebrando o Tabu acumulam as maiores somas de engajamento da categoria. Já a página Somos Todos Bolsonaro se manteve presente com o maior engajamento, sendo a única da categoria movimentos sociais.
Na categoria instituições e organizações, a página Somos todos Bolsonaro segue na liderança com um pouco mais que o dobro da taxa de interação do Movimento Brasil Livre. Em seguida, páginas institucionais como a do Ministério da Saúde e do Senado incitaram interações a partir de posts sobre a vacinação no país e a CPI da Covid, respectivamente. Além do MBL, outras páginas da oposição, como do Vem Pra Rua Brasil e do Partido dos Trabalhadores, participam da lista.
A mídia alternativa Quebrando o Tabu desponta, pela primeira vez, à frente das páginas do grupo Globo. As interações obtidas pela página são resultado, em geral, de posts que denunciam violações aos direitos das minorias. Outra página que se destaca é a do Ranking dos Políticos, de cunho liberal, que aparece em quarto lugar Já a Record TV, aliada do governo federal, ficou atrás da mídia alternativa Mídia Ninja, que conseguiu uma taxa duas vez maior que a da emissora.
O presidente da República se mantém na dianteira da categoria personagens políticos, muito a frente dos demais colocados, como o deputado federal André Janones, que faz oposição ao presidente e defende a prorrogação do auxílio emergencial. Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro perderam posições neste ranking e são seguidos pelo ex- presidente Lula, que possui taxa de interação maior que as de outros membros da base governista.
Entre as páginas de mídia tradicional, a campeã de engajamento foi o G1, seguido pela TV Globo. A página do G1 trouxe nessa quinzena uma pesquisa feita pelo Instituto IPEC, que aponta vitória de Lula em eventual segundo turno com Jair Bolsonaro em 2022. Segundo a pesquisa, Lula possuiu 49% das intenções de voto, e Bolsonaro 29%.
A página da Record TV, terceira colocada, assim como a página do Portal R7, incitaram muitos engajamentos ao noticiarem o caso Lázaro Barbosa. O repórter Roberto Cabrini entrevistou a mulher, a tia e a filha de Lázaro. As três mulheres se queixaram da forma como a polícia tratou o caso, buscando executar Lázaro ao invés de prendê-lo. A mulher de Lázaro também denunciou a violência que sofreu pelos policiais que o investigavam.
Já entre as mídias alternativas, a página Quebrando o Tabu lidera com uma soma de engajamentos duas vezes maior que a do segundo lugar, a página Mídia Ninja. Este desempenho deve-se as críticas diárias ao governo Bolsonaro e, especialmente, à repercussão negativa dos comentários LGBTfóbicos do apresentador Sikêra Jr, seu apoiador.
Contudo, é a Mídia Ninja que assina os dois posts mais compartilhados da categoria. A primeira, se trata do “superpedido de impeachment” feito por diversos membros da oposição na Câmara, movimentos sociais, sindicatos e partidos. O segundo post enquadra negativamente as falas do ministro Osmar Terra contra o isolamento social e a China na CPI da Covid.
Entre as páginas de movimentos sociais, Somos todos Bolsonaro continua no topo, com uma taxa de interação muito superior a do segundo lugar, o Movimento Brasil Livre. As outras páginas do gráfico, com somas menores, são todas oposicionistas. Este resultado reflete, por um lado, o inegável alcance da página Somos todos Bolsonaro, mas mostra também que este é um movimento isolado e que a oposição, mesmo com desempenho inferior, vem reagindo e emplacando seu discurso nas redes.
Nesta quinzena, a página bolsonarista abordou as eleições de 2022, questionando o público sobre a possibilidade de voto no ex-presidente Lula. Já a página do MBL, trouxe uma reportagem da Band TV sobre o caso Lázaro Barbosa.
Dentre as páginas dos partidos políticos, destacaram-se a do PT, PCdoB e PSOL, os três partidos de esquerda. As manifestações ocorridas no mês de junho, tiveram peso para que o engajamento obtido por esses partidos fosse maior.
O post mais compartilhado do PT consiste em uma entrevista do ex- presidente Lula à TV PT sobre a eleição de 2022. Lula desacredita numa vitória do atual presidente e relembrou os feitos em seu governo. Já o PCdoB obteve seu maior compartilhamento com o vídeo da presidente do partido e vice- governadora de Pernambuco, Luciana Santos, a respeito da marca de 500 mil mortos da Covid-19 no Brasil, culpando a gestão de Bolsonaro e se solidarizando com as famílias.
O governador de São Paulo, Joao Dória (PSDB/SP), obteve a maior soma de engajamentos e os dois posts mais compartilhados da quinzena. Em seguida, temos três governadores do Nordeste: Camilo Santana (PT-CE), Flávio Dino (PSB-MA) e Helder Barbalho (MDB-PA). Romeu Zema (NOVO-MG) aparece em quinto lugar com desempenho muito próximo ao de Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Os dois posts de João Dória tratam da vacinação no estado de São Paulo. Dória anuncia a chegada de novos imunizantes da Pfizer e da Janssen, mais insumos para a fabricação de 100 milhões de doses pelo Instituto Butantã, além da fase de transição da abertura do estado. O prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB/SP), presente também no vídeo, afirma que 50% da população do estado acima de 18 anos já está vacinada. Foram abordados ainda a importância da conscientização em prol da vacinação, o combate às Fake News acerca da Coronavac e estimado o crescimento do PIB do estado.
Entre os mandatários municipais, os prefeitos do Democratas, Eduardo Paes (DEM-RJ) e Rafael Greca (DEM-PR) registraram as maiores somas de engajamentos. Eduardo Paes mobilizou muitos apoios na rede ao informar o falecimento de seu pai em decorrência da Covid-19. Por sua vez, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, teve o segundo post mais compartilhado desse grupo a partir de um vídeo de seu filho pequeno manuseando livros.
A despeito do expressivo desempenho da oposição nesta quinzena, os parlamentares da base do governo seguem com as maiores somas de engajamento, obtidas por meio da difamação da CPI da Covid e acusações aos opositores de Bolsonaro.
Já a oposição aparece em sexto lugar com o senador Humberto Costa (PT-PE), membro da CPI da Covid, e as deputadas Gleisi Hoffman e Jandira Freghali. Ambas acumularam engajamentos a partir das manifestações pró-impeachment em 19 de junho. Além de alertar sobre os riscos da manutenção de Bolsonaro no cargo à democracia e à vida dos brasileiros, também se posicionaram contra as privatizações da Eletrobrás, Cedae e Correios.
A respeito das reações, a maioria dos posts mais compartilhados entre as diferentes categorias teve a reação “ curtir”. Contudo, verifica-se significativa incidência da reação “haha”, especialmente entre os posts negativos à Bolsonaro, como a pesquisa que aponta a vitória de Lula em 2022, o que sugere o uso irônico do recurso por parte de seus apoiadores. Reforça essa hipótese o comportamento dos seguidores da página Somos todos Bolsonaro, que teve a “raiva” como principal reação a partir da enquete sobre o voto no PT em 2022.
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