De 16 a 28 de fevereiro de 2022
Nesta quinzena o tema que mobilizou as publicações das páginas e os comentários de seus seguidores foi a guerra entre Ucrânia e Rússia. A principal discussão foi sobre os efeitos da guerra nos preços de alimentos, gasolina e itens básicos no Brasil. Outros dois temas foram também bastante citados nas redes sociais: as chuvas e os deslizamentos de terra em Petrópolis e as posses dos ministros Fachin e Moraes no TSE em ano eleitoral. Os três temas também justificam os três dias de maior média de postagens no período analisado: 22, 23 e 24 de fevereiro, este último o dia com a maior média da análise, 5,58 posts.
Entre os dias 16 e 28 de fevereiro, as 735 páginas publicaram mias de 42 mil posts. O conteúdo publicado pelo conjunto de páginas monitoradas resultaram em mais de 70 de milhões de interações, 47 milhões de reações, 2 milhões de comentários e 2 milhões de compartilhamentos. Os números refletem uma queda nos números de comentários e compartilhamentos em relação à quinzena anterior.
Sobre os tipos de recursos utilizados pelas páginas, destaca-se o uso de links que representa quase 49% das publicações, seguido por fotos com quase 32% e vídeos, com 20,40%; Dentre os vídeos, destacam-se os vídeos próprios das páginas que representaram 18% do total de 20,40%. Estes dados reforçam os dados que apresentamos no ano passado: as páginas se utilizam do uso massivo de links para outras plataformas, retroalimentando e tornando possível a mesma informação circular por diversos canais digitais distintos.
Nas páginas de governadores e governadoras no período analisado, notamos algumas diferenças nos dois gráficos apresentados. Quando avaliamos a taxa de interação das páginas, o governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência, João Doria (PSDB/SP), lidera com a maior taxa de interação em sua página, com 157.367 interações, seguido por Eduardo Leite (PSDB/RS), governador do Rio Grande do Sul, e Helder Barbalho (MDB/PA), governador do Pará, que caiu para 3° lugar comparado ao relatório anterior.
Por sua vez, quando avaliamos o gráfico de variação no número de seguidores, isto é, aqueles que mais conquistaram seguidores no período, o governador fluminense Cláudio Castro (PL/RJ) se manteve na liderança da lista, conquistando 2.107 novos seguidores, seguido pelo governador do Pará, Helder Barbalho (MDB/PA) com 838, e Romeu Zema (NOVO/MG) de Minas Gerais.
Os gráficos apresentam sete nomes que se repetem: Eduardo Leite (PSDB/RS), Romeu Zema (NOVO-MG), Helder Barbalho (MDB/PA), Wilson Lima (PSC-AM), Flávio Dino (PSB/MA), Rui Costa (PT/BA) e Antonio Denarium (PP/RR). Em paralelo, Ratinho Junior (PSD/PR) e Renato Casagrande (PSB/ES) não aparecem mais, comparados ao relatório anterior. Em nossas listas, Rui Costa e Flávio Dino são os únicos governadores de partidos de esquerda que aparecem nas duas listas.
Por fim, como observado anteriormente, a mobilização de governadores buscando um segundo mandato é maior e eles têm conquistado também mais novos seguidores em comparação aos demais governadores. Posteriormente poderemos avaliar melhor os movimentos e tendências de crescimento de cada um dos personagens envolvidos. Entretanto, podemos perceber que existe um quadro de maior interação e crescimento de seguidores de governadores em primeiro mandato e que possuem a perspectiva de disputar um segundo mandato em outubro.
Entre os congressistas, a deputada federal Carla Zambelli (União/SP) foi a líder em ambos os gráficos. No gráfico de interações, Zambelli lidera com mais de 3,9 milhões de interações em suas postagens, quase 2 milhões a mais do que o segundo lugar, Filipe Barros (União/PR). Apenas dois parlamentares de esquerda aparecem neste top 10, o senador Humberto Costa (PT-PE) e a deputada federal Gleisi Hoffman (PT-PR). Bia Kicis (União/DF) e Bibo Nunes (União/RS) não aparecem entre os top 10 de novos seguidores, mas se mantém em atividade pelas interações recebidas. Além deles, os dois filhos de Bolsonaro que são congressistas aparecem no ranking de interações: Eduardo Bolsonaro (União/SP) é o quarto com mais de 1 milhão de interações, enquanto Flávio (PL/RJ) é o sétimo com quase 830 mil, subindo uma posição em comparação ao ranking anterior.
No gráfico de variação no número de seguidores, novamente Zambelli aparece na liderança, conquistando mais 6 mil seguidores. O segundo lugar fica com o deputado federal Professor Israel (PV/DF), com mais de 4 mil novos seguidores. A deputada federal Rosana Valle (PSB/SP) conquista o 3° lugar, também com mais de 4 mil novos seguidores. Neste gráfico, Flávio Bolsonaro (7°) e Helio Lopes (União/RJ) (10°) estão presentes, figuras centrais da eleição de Bolsonaro. Em comparação, o senador Eduardo Braga (MDB/AM) e Humberto Costa perderam espaço nesse período, saindo do top 10.
Além de Zambelli e Flávio Bolsonaro, os bolsonaristas Carlos Jordy (União/RJ) e Filipe Barros também conseguem alcançar os dois top 10. Nenhum representante da esquerda conseguiu tal feito nesta quinzena.
Cabe destacar que nos dois gráficos as parlamentares representam no máximo 30% do ranking. O novo partido União Brasil domina o gráfico de interações com sete parlamentares no ranking de interações e seis no ranking do crescimento de seguidores. Também é importante notar que não há representantes de todas as regiões do Brasil, a ausência de representantes da região Norte e apenas um representante da região Nordeste. O gráfico possui amplo domínio de congressistas da região Sudeste.
As páginas das Instituições Brasileiras demonstraram números inferiores aos dos Congressistas. A página com maior taxa de interação no período foi a do Exército Brasileiro, com 159 mil interações, seguida pela página do Governo do Estado do Rio de Janeiro com 153 mil, o que pode ter sido motivado pelas postagens sobre a atuação do Governo do Estado em Petrópolis após as chuvas e os deslizamentos de terra. O Senado Federal, que estava em 2° no relatório anterior, se coloca em 3°, seguido pelo Ministério da Saúde e Planalto.
Por sua vez, o Ministério da Ciência é o que detém o recorde crescimento de seguidores no período, conquistando mais de 1,6 milhões de novos seguidores. Uma possível causa para esse sucesso, foram as publicações sobre a flexibilização do uso de máscaras e sobre as discussões sobre “carnaval privatizado”.
Na categoria Páginas de movimentos sociais, notamos que o gráfico de Interações é dominado pela página “Somos todos Bolsonaro”, que alcança a marca de mais de 1,4 milhão de interações no período avaliado, número mais de quatro vezes maior do que o segundo lugar, o “MBL”, que alcançou a marca de 344 mil interações. O conflito entre Ucrânia e Rússia, mobilizou muitas postagens das páginas de direitas, movimentando as redes sociais.
No ranking de novos seguidores, a página da FIESP foi a primeira no ranking, sendo a única que conquistou novos seguidores no período, 310, seguida pela página MST que não alterou sua quantidade de seguidores. O restante das páginas de movimentos sociais perdeu seguidores, mesmo que um número pequeno. Todos os movimentos nos rankings são de movimentos de direita, exceto pela Marcha Mundial das Mulheres, MTST e CUT.
Na categoria Mídias, o gráfico de interações demonstra a força da mídia tradicional. O ranking apresenta ampla liderança da página do G1 no Facebook, com mais de 5,1 milhões de interações, seguida pelas páginas da Record TV e do Portal R7 com mais de 2 milhões de interações cada. A TV Globo vem em seguida, com mais de 1,8 milhões.
Por sua vez, no gráfico de variação do número de seguidores percebemos a liderança da CNN Brasil, com 89 mil novos seguidores, um crescimento muito diferente dos 2 mil novos seguidores do relatório anterior. A cobertura da guerra na Ucrânia pode ter sido um fator determinante para o crescimento da página da mídia. As páginas de Jornal Nacional, Record TV e TV Globo também conseguiram em torno de 30 mil novos seguidores. Também cabe destacar a presença da BBC News Brasil, uma mídia sem canal televisivo próprio.
No ranking de interação das páginas de mídias alternativas, a página do Quebrando o Tabu foi o destaque com mais de 1,2 milhões de interações no período. Completam o pódio as páginas do Mídia NINJA e do Brasil 247 com 517 mil e 464 mil interações, respectivamente. É interessante notar que páginas mais aliadas com o posicionamento do governo como “Falando Verdades” e “Conversa Afiada Oficial” aparecem no final deste top 10.
Já no ranking de variação de número de seguidores, a página da Mídia NINJA lidera com mais 9 mil. O segundo lugar fica com o Ranking dos Políticos, com 1,7 mil novos seguidores. Por outro lado, cinco páginas perderam, sendo algumas com poucas interações no período.
Na análise dos partidos políticos brasileiros, podemos perceber que a página com a maior taxa de interação é a do Partido dos Trabalhadores com 119 mil interações. Em sequência aparecem as páginas de NOVO, Podemos e PCdoB com pouco mais de dezenas de milhares de interação em seus posts.
Por sua vez, quando avaliamos o ranking de seguidores, o domínio é do Podemos, partido de Sérgio Moro (PODEMOS/PR) , que se mantém na liderança neste período. O partido conquistou quase 1 mil novos seguidores no período, número inferior aos 5 mil novos seguidores do relatório anterior.
Estes dados demonstram que os partidos de esquerda têm sim atuado para melhor participar nas redes sociais, emplacando cinco partidos entre os 10 com maior interação nas redes. Além disso, tivemos uma forte influência de Sergio Moro no crescimento da página do Podemos, que conquistou mais de 6 mil seguidores no último mês, desde que o ex-juiz reforçou sua pré-campanha à Presidência da República.
No ranking de interações, a página do prefeito de Curitiba Rafael Greca (União/PR) teve o maior número de interações, com mais de 50 mil. É importante destacar que tivemos prefeitos de todas as regiões do país e apenas um prefeito de partido de esquerda, Edmilson Rodrigues (PSOL) prefeito de Belém, que também figura no gráfico de variação de seguidores.
Por sua vez, o gráfico de variação no número de seguidores tem a liderança de João Campos (PSB/PE), com 986 novos seguidores. Ricardo Nunes (MDB/SP) ganhou 898 novos seguidores e ficou em 2° lugar. Com as eleições legislativas e estaduais chegando, continuaremos acompanhando as páginas dos líderes municipais para compreender como elas se comportarão durante o período eleitoral e, principalmente, se algum prefeito se candidatará para algum cargo estadual ou federal.
O gráfico de Overperforming trata sobre as postagens que, durante o período analisado, apresentam resultados melhores do que a média das postagens das referidas páginas, ou seja, mais reações, compartilhamentos, comentários e visualizações.
A publicação com maior destaque no período analisado foi do deputado federal José Guimarães (PT/CE) comemorando o aniversário de 42 do PT em Juazeiro do Norte no Ceará. Na publicação, o deputado critica o atual governo Bolsonaro, a reforma da Previdência e as sucessivas privatizações, além de também relembrar a caminhada e a importância do PT na história do Brasil e em especial da região Nordeste.
A segunda posição tem a publicação da Revista Istoé com críticas ao ator José de Abreu, que afirmou que irá processar um internauta após ser chamado de ‘mamateiro da Rouanet’. A revista lembra que este mesmo jargão foi usado para adjetivar a noiva do deputado federal da base bolsonarista Carlos Jordy (União Brasil/RJ), quando assumiu cargo no Ministério da Cultura.
Na terceira posição. o deputado federal Danilo Cabral (PSB/PE) fala em um evento do PSB sobre a importância do ex-presidente Lula para o Estado de Pernambuco e para o Brasil.
A quarta publicação de nosso ranking foi um discurso do deputado federal Célio Moura (PT-TO) sobre o bloqueio de valores da conta do ex-juiz Sérgio Moro pelo TCU.
Finalmente na quinta publicação, a página do partido Avante reproduziu uma foto do pré-candidato à Presidência André Janones (AVANTE/MG) com texto afirmando que é possível combater a corrupção e diminuir a desigualdade, sem precisar escolher apenas um lado.
O post com maior taxa de interação é a foto do Presidente Jair Bolsonaro (PL) tomando café da manhã. Bolsonaro transmite uma imagem de simplicidade comendo pão com leite condensado e vestindo a camisa do Coritiba. Percebe-se a construção de uma imagem populista.
O segundo post é o vídeo, de 12min, do deputado federal José Guimarães, citado no gráfico de Overperforming.
Em terceiro lugar está o vídeo de Carla Zambelli (União/SP) nomeando diversas figuras públicas e lideranças vinculadas diretamente ao PT e a governos petistas que foram presas por corrupção, questionado se vale à pena eleger figuras do PT.
Em quarto lugar temos o vídeo de Jair Bolsonaro, publicado pelo parlamentar Helio Lopes. No vídeo, uma live de 9 minutos, o presidente Jair Bolsonaro aparece, de moto, nas ruas cumprimentando as pessoas e tirando fotos, em uma tentativa de construir uma imagem populista e positiva do presidente.
Por último, a quinta publicação é também de Carla Zambelli, entrevistando o Ministro da Economia, Paulo Guedes. A fala de Guedes explica o aumento da gasolina e defende a necessidade da privatização, do livre mercado e lucro para o crescimento da empresa. Guedes ainda afirma que as políticas dos governos anteriores de esquerda geraram prejuízo, são falidas e não funcionaram.
Em suma podemos perceber nessas publicações, a força do Bolsonarismo nas redes e suas duas estratégias diante do momento delicado do governo: fortalecer a imagem de Bolsonaro e atacar a idoneidade e a eficiência do PT e da esquerda. E isso, sem que o período eleitoral tenha sequer começado.
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