O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 3 – 15 a 21 de abril de 2023

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente, ou algum personagem ou Instituição do Governo Federal, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Essa semana foram analisados 196 textos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal

Na terceira semana de abril, enquanto o Estadão reduziu a cobertura sobre o governo, Folha e Globo aumentaram a sua cobertura em relação à semana anterior, principalmente a negativa.

Calculando o Índice de Viés (IV) segundo a fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras, temos os três jornais com IVs muito próximos: Estadão com IV de -0,6, Globo com –0,57 e a Folha com -0,59. 

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal

As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável. As investigações sobre as invasões aos edifícios da Praça dos Três Poderes, do dia 8 de janeiro, foram o principal tema da cobertura da mídia, seguido pelo Arcabouço Fiscal e pela discussão sobre taxar empresas de E-commerce.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto

Aqui vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados. Notamos que os três jornais trouxeram pelo menos um editorial favorável esta semana, mas não houve texto de capa, chamada ou manchete favorável. Tanto Globo quanto Folha deram destaque ao Governo Federal em suas manchetes, em 6 dos 7 dias da semana, enquanto o Estadão o fez apenas em três oportunidades.

Gráfico 4. Enquadramentos mais presentes na cobertura do Governo Federal

Os enquadramentos dizem respeito ao modo como a mídia trata os diversos temas apresentados, associando a eles argumentos e narrativas, para além da pura negatividade ou positividade capturada pelas valências. Notamos que dois dos sete enquadramentos mais recorrentes são relacionados diretamente à Política Externa, ambos criticando o posicionamento do país e um especificamente criticando as falas do presidente. Também temos dois enquadramentos sobre Economia, um sobre o arcabouço fiscal, extremamente negativo, e outro que, mesmo elogiando a posição do governo na questão substantiva da taxação, critica a comunicação com a sociedade. Importante destacar também a presença de um enquadramento sobre o MST, que reforça uma ideia de governo nas mãos de movimentos sociais de esquerda “radical”, promotores de ações contra a legalidade e o direito à propriedade. Por fim, os enquadramentos sobre taxar os produtos chineses, sobre as ações do MST, sobre a insuficiência do arcabouço fiscal e sobre as imagens das invasões, ou seja quatro dos sete enquadramentos listados, alimentam uma concepção de governo equivocado, ou incapaz de administrar o país.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Calculando o Índice de Viés segundo a fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras, temos o Globo liderando em negatividade com – 1,25, seguido pelo Estadão com -0,8 e a Folha com -0,69.

Gráfico 6. Temas mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Durante a semana, Lula foi bastante associado a discussões sobre a Política Externa brasileira, principalmente com suas falas sobre a Guerra na Ucrânia e os acordos firmados com a China. A pauta econômica também encontrou espaço, citando o presidente nas discussões sobre o Arcabouço Fiscal e da Taxação do E-commerce.

Gráfico 7. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

Essa semana uma mudança na cobertura de Lula nos jornais: o Estadão retomou as críticas ao presidente nas chamadas das capas junto aos seus editoriais; Folha e Globo mantiveram suas coberturas negativas da última semana, com chamadas, colunas e editoriais contrários ao presidente. Também cabe pontuar que Lula esteve presente em 6 das 7 manchetes de Folha e Globo e em 4 das 7 do Estadão.

Gráfico 8. Enquadramentos mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Os cinco enquadramentos associados ao presidente Lula trazem críticas a sua forma de governar, descrevendo-o como perdido ou ultrapassado. Novamente temos um enquadramento que critica as falas do presidente, afirmando que ele prejudica o país e sua imagem no exterior.

Análise da Semana

Durante a terceira semana de abril, a cobertura dos jornais teve três temas principais. O primeiro foram os desdobramentos das investigações sobre as invasões à Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Para além de informações sobre o avanço do processo no Judiciário, tivemos também a repercussão da instalação de uma CPMI e ao final os desdobramentos das investigações sobre os atos do GSI que culminaram na demissão de Gonçalves Dias. Os jornais inicialmente elogiaram a atuação do Judiciário. Com a ampliação dos enquadramentos, notamos também o aumento dos autores citados, agora também membros do governo e o próprio Lula. Ao final, o governo foi criticado por não demitir todos os bolsonaristas o mais cedo possível e por ocultar algumas informações.

O segundo tema principal foi a Política Externa. Aqui temos três subtemas importantes. O primeiro é o posicionamento brasileiro na Guerra na Ucrânia. A mídia criticou bastante o governo e principalmente Lula por falas que indicavam uma posição pró Rússia, citando até mesmo falas de líderes dos EUA e da UE. O segundo tema foi a aproximação com a China. Apesar de muito elogiada por trazer benefícios econômicos, a aproximação também foi alvo da mesma crítica do tema anterior: ela redundaria em afastamento dos Estados Unidos, o que nos prejudicaria na esfera global. Com isso, surgiu o terceiro tema: a atuação dos Estados Unidos para fortalecer sua aliança com o Brasil, essa sim muito elogiada pelos meios, mesmo que Lula não fizesse por merecer, como deixou claro por suas falas, consideradas equivocadas.

O terceiro foi a economia e também se desdobrou em subtemas importantes. O primeiro foi a conclusão da discussão sobre a proposta do Arcabouço Fiscal. E a conclusão da mídia foi simples e direta: o arcabouço é insuficiente e não traz os benefícios que tínhamos com o teto de gastos, podendo até mesmo resultar em gastos sem limites. Segundo, tivemos a taxação do e-commerce. Com a decisão de Lula de não taxar as plataformas, ao a mídia acabou por defender a proposta como acertada por atacar aqueles que burlam a lei, porém não deixou de criticar a comunicação do governo por não saber transmitir as mensagens necessárias.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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