DONI # 16 – 15 a 21 de julho de 2023

Relatório semanal de 15 a 21 de julho de 2023

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente, ou algum personagem ou Instituição do Governo Federal, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Esta semana foram analisados 118 textos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal

Essa semana, Estadão e Folha tiveram redução na cobertura sobre o Governo Federal, enquanto o Globo apresentou aumento.

Calculando o Índice de Viés (IV) segundo a fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras, o Estadão foi o mais negativo com IV de – 0,1, seguido pela Folha com -0,07 e o Globo com IV de – 0,04. São todos índices bastante moderados de negatividade e muito próximos entre si.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal

As valências no gráfico estão associadas às posições e ações empreendidas pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

A vitória da Reforma Tributária e suas repercussões sobre o processo de negociação com o Legislativo continuaram a ser destaque durante a semana, especialmente nos debates sobre a possibilidade de modificação do Imposto de Renda e as discussões sobre a votação no Senado. No entanto, o principal assunto da semana foi a provável reforma ministerial, com a entrada do PP e do Republicanos no Planalto. O debate nos jornais destacou a importância da aproximação entre o governo e o Centrão para garantir a governabilidade do país. No entanto, também circula o argumento de que é essencial não abrir mão de pastas importantes, como a Saúde, para atender aos interesses do Centrão.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto

Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Na cobertura do Governo Federal, as chamadas foram o principal tipo de texto utilizado na Folha e no Globo, enquanto no Estadão esse papel coube aos editoriais e às colunas. No Globo, com exceção dos artigos de opinião e manchetes, todos os outros tipos de texto apresentaram pelo menos um favorável na semana. O mesmo ocorreu na Folha, substituindo apenas os artigos de opinião pelos editoriais. Já no caso do Estadão, textos favoráveis apareceram somente nas categorias editorial e chamadas.

Gráfico 4. Enquadramentos mais presentes na cobertura do Governo Federal

Os enquadramentos dizem respeito ao modo como a mídia trata os diversos temas apresentados, associando a eles argumentos e narrativas, para além da pura negatividade ou positividade capturada pelas valências.

No que diz respeito ao Governo Federal, os três principais enquadramentos giram em torno da reforma ministerial. O primeiro elogia a aproximação entre o Governo Federal e o Centrão, destacando a importância dessa aliança para a governabilidade. No entanto, ressalta que é fundamental não ceder a pasta da Saúde. O segundo enquadramento aborda os objetivos do Centrão ao ingressar no governo, apontando que buscam garantir visibilidade e orçamento para fortalecer o bloco nas próximas eleições. Por fim, o terceiro reforça a importância de Lula atuar nas articulações para evitar que o governo ceda demasiado espaço ao Centrão.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Calculando o Índice de Viés segundo a fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras, temos o Estadão na liderança de negatividade, com – 0,15, seguido pelo Globo com – 0,05 e a Folha com IV igual a O. Essa semana o tratamento de Lula não foi mais negativo que o do Governo Federal, o que contraria um comportamento bastante persistente dos jornais detectado pelo DONI. Também é importante destacar que a cobertura de Lula diminuiu nos três jornais.

Gráfico 6. Temas mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Tal como na cobertura do Governo Federal, a Reforma Ministerial foi o tema central na cobertura sobre Lula. Os textos reforçavam a importância da aproximação com o Centrão, mas sempre enfatizando que o presidente precisava participar mais da articulação para não perder o controle de seu governo. Além disso, houve também discussões sobre o novo Procurador Geral da República. Assim como ocorreu durante a sucessão de Ricardo Lewandoswski no STF, os jornais defenderam que a escolha do novo PGR deva se pautar por valores republicanos e não questões pessoais. Esses textos entraram em colisão com a atuação do atual PGR, Augusto Aras, que tem trabalhado para garantir sua recondução, mesmo tendo ele mesmo sido indicado por Jair Bolsonaro.

Por fim, as reuniões do Mercosul com a União Europeia trouxeram dois temas para as pautas dos jornais. Primeiramente, a discussão sobre o acordo entre os dois blocos, com ênfase nas questões ambientais como entrave. Em seguida, as discussões sobre a Venezuela e os acenos de Lula em apoiar eleições transparentes no país em 2024, o que poderia aliviar as sanções sofridas pelo vizinho sul-americano.

Gráfico 7. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

A cobertura sobre Lula continua sendo menor em comparação àquela recebida pelo Governo Federal. No Estadão, encontramos textos favoráveis ao presidente nas chamadas; na Folha e no Globo, há chamadas e colunas que também o tratam de maneira positiva. Nesta semana, foram publicadas menos manchetes mencionando o presidente em comparação à semana anterior, nos três jornais. Os jornais apresentaram quatro manchetes mencionando Lula, sendo que nenhuma foi codificada como desfavorável. É importante notar que o Estadão não citou Lula em nenhuma das sete manchetes publicadas.

Gráfico 8. Enquadramentos mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Assim como no caso dos enquadramentos do Governo Federal, a reforma ministerial foi o tema central, ocupando três dos quatro enquadramentos dedicados ao presidente. Além disso, durante a última semana, os jornais também criticaram a fala em que Lula agradece os africanos pela escravidão, considerando-a extremamente infeliz.

Análise da Semana

Os jornais desta semana abordaram uma variedade de assuntos. Apesar da persistência das discussões sobre a reforma tributária, as relações entre o Governo e o Centrão e a reforma ministerial, que repetiram as críticas da semana anterior, também foram tratados tópicos novos importantes, como a escolha do novo PGR e o encontro para discutir o Acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

No decorrer da semana, a intensa cobertura da reforma ministerial manteve-se em prol do governo. Os jornais elogiaram a atuação do governo, em articular com o Centrão, cedendo cargos em troca de governabilidade. Contudo, foi ressaltado que é preciso estabelecer limites ao bloco legislativo, cabendo a Lula a responsabilidade por fazê-los valer. O presidente, por sua vez, foi elogiado por não ceder o Ministério da Saúde e por fortalecer também a ministra do Esporte, Ana Moser.

Por fim, a atuação de Lula no encontro entre Mercosul e União Europeia foi destacada. O posicionamento do presidente em defesa de eleições transparentes na Venezuela em 2025, como forma de evitar sanções ao país pela União Europeia, foi elogiado pelos jornais. No entanto, nem tudo foram flores neste tema, pois os jornais acusaram as diferentes pastas do governo de não possuírem acordo sobre o posicionamento brasileiro, sendo a questão ambiental um entrave importante para as tratativas entre os dois blocos.

Você pode baixar nosso relatório, clicando aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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