O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 30 – 18 a 24 de novembro

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente, ou algum personagem ou Instituição do Governo Federal, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Esta semana foram analisados 96 textos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

O Estadão foi o mais negativo, com IV[1] de – 1,6, seguido pela Folha, com -0,82, e O Globo, com – 0,47.


Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal

A principal temática desta semana foi a discussão sobre a meta fiscal. A imprensa expressa preocupação com sua possível alteração antes mesmo do arcabouço entrar em vigor. O ponto central do argumento é que tal mudança seria prejudicial ao país, ressaltando a necessidade de manter a estabilidade e coerência no sistema fiscal para evitar impactos negativos na economia. Além disso, os jornais sugerem que o presidente Lula deveria direcionar seus esforços para realizar reformas, enfatizando a vital importância de manter a meta fiscal. Destaca-se que a manutenção dessa meta é vista como necessária, pois o governo se veria obrigado a aumentar suas arrecadações caso não a cumprisse, o que teria implicações econômicas substanciais.

Em segundo lugar na pauta está a visita da primeira dama do tráfico amazonense ao Ministério da Justiça. A cobertura jornalística revela uma tensão entre diferentes forças políticas e a imprensa. Os jornais criticam simpatizantes do governo petista por ameaçarem um jornalista do Estadão, sugerindo que tais incidentes revelam a face truculenta de um governo que se autodenomina democrático. O episódio reacende o debate sobre a importância da liberdade de imprensa no país. Outra abordagem destaca as proporções que o caso tomou na base da oposição, descrevendo-a como aderindo a tons de histeria. Os veículos sugerem que o governo agiu de forma leniente e irresponsável no caso, fortalecendo a importância da transparência para evitar situações delicadas como essa.

A votação no Senado da PEC que limita as decisões monocráticas do STF também ocupou a segunda posição. A cobertura jornalística destaca o papel de Jaques Wagner ao votar favoravelmente ao projeto, surpreendendo a todos. Os jornais ressaltam que essa decisão surpreendeu negativamente o Supremo e gerou atritos entre este e o governo.

Em seguida, a Petrobras é foco da segunda colocação no ranking. A cobertura jornalística sugere um conflito entre o presidente da estatal, o ministro das Minas e Energia e o ministro da Casa Civil. Essa abordagem sublinha as tensões entre os setores governamentais e a estatal, evidenciando discordâncias sobre a política de preços. Os jornais aproveitam o tema para criticar os governos anteriores de Lula, sugerindo que este tende a repetir erros do passado ao desejar que a Petrobras seja um fomentador do novo PAC, ressaltando as preocupações sobre interferência excessiva do governo nas operações da empresa.

Finalmente, a quinta colocação do ranking é ocupada pelas eleições argentinas. A vitória de Javier Milei suscita preocupações com a possível complexificação das relações diplomáticas e políticas entre os dois países. Os jornais destacam que o governo brasileiro indica alguma preocupação em relação a Milei, principalmente por sua proximidade com Jair Bolsonaro. As principais inquietações incluem a estabilidade do Mercosul e dos BRICS. No entanto, há elogios para a forma como o governo brasileiro tem indicado uma abordagem diplomática cautelosa, sem endossar as posições de Milei. A decisão do presidente eleito argentino de convidar o ex-presidente Bolsonaro e não convidar o atual presidente brasileiro foi considerada uma provocação desnecessária.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Nesta semana, os jornais ampliaram as críticas ao Governo, destacando-se três abordagens distintas em sua cobertura. O Estadão se destaca por apresentar uma visão predominantemente negativa em todos os tipos de conteúdo, com ênfase nas chamadas e nos editoriais. Por sua vez, a Folha de S.Paulo concentra uma grande quantidade de textos negativos nas chamadas, evidenciando uma estratégia de destacar aspectos críticos ao governo para atrair a atenção do público. No jornal O Globo, os textos contrários se concentram nas colunas, indicando uma preferência por abordagens mais opinativas e analíticas.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Essa semana, o Estadão ficou na liderança da negatividade, com IV de –1,2, seguido pela Folha, com IV igual a –1, e pelo Globo, com–0,58.

Gráfico 5. Temas mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Na cobertura das notícias relacionadas ao Presidente Lula, assim como ocorreu com o Governo Federal, as eleições argentinas, a PEC do Judiciário, a Meta Fiscal e a crise na Petrobras ocuparam uma parte significativa do destaque. No entanto, outra temática que ganhou relevância na cobertura presidencial foi a proposta de manter a desoneração da folha de pagamento.

Os jornais, de maneira crítica, abordaram a decisão do governo de manter a desoneração. Apesar de reconhecerem a medida como estratégica para preservar o emprego e mitigar os impactos negativos da crise econômica, a cobertura destaca que os efeitos formais devem ser pequenos em comparação ao rombo na arrecadação que a medida acarretaria, estimado em R$ 9 bilhões. Os veículos de comunicação aproveitaram a oportunidade para ressaltar que a decisão é percebida como uma vitória para Haddad, que defende a busca pelo déficit zero até o ano de 2024.

Gráfico 6. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

A cobertura em torno do presidente Lula permanece de menor escala quando comparada àquela dedicada ao Governo Federal, no entanto, nota-se que ela é predominantemente negativa. Os três principais jornais do país apresentam abordagens distintas: o Estadão concentra as críticas em seus editoriais, enquanto O Globo opta por expressar descontentamento por meio de suas colunas. Por sua vez, a Folha de S.Paulo traz as críticas ao presidente para as capas de seus jornais, com um maior número de chamadas contrárias ao líder brasileiro.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.


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DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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Criado em 2014, o Manchetômetro (IESP-UERJ) é o único site de monitoramento contínuo da grande mídia brasileira. As pesquisas do Manchetômetro são realizadas por uma equipe com alto grau de treinamento acadêmico e profissional.

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