O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 55 – 11 a 17 de maio de 2024

No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula, ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 117 textos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

Em maio, o Estadão continua sendo o jornal com a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo, com IV[1] de – 1,36, seguido pela Folha, com – 1,09, e O Globo, com IV de – 0,48. O IV total da cobertura de maio é – 0,92.


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

O destaque da semana continua a ser o desastre no Rio Grande do Sul. As publicações priorizaram três aspectos da tragédia. O primeiro foi a discussão sobre as ações União na crise. Alguns textos criticam ministros como Paulo Pimenta e Lewandowski, que teriam agido de forma autoritária na tentativa de conter desinformações em relação à tragédia. A nomeação de Paulo Pimenta como secretário extraordinário, inclusive, é criticada, considerando seu suposto interesse em se candidatar ao governo do Estado em 2026.

Outro aspecto abordado foram as ações do Executivo e Legislativo federais para responder à crise no Rio Grande do Sul. Ambos poderes foram elogiados e criticados por suas ações. Os jornais destacaram a importância e a eficiência dos poderes, contudo destacam que a agenda climática não é a prioridade nem do Executivo nem do Legislativo.

Por fim, os jornais aproveitam para discutir a politização e a polarização políticas da calamidade no RS. Os textos abriram espaço para figuras do PSDB, como Aécio Neves e Eduardo Leite, criticarem as ações do governo e de Lula, principalmente afirmando não serem suficientes. Os artigos dos jornais, por sua vez, elogiam as medidas do governo, mas criticam decisões como a nomeação de Pimenta e a falta de uma agenda climática.

O segundo tema discutido a troca na Presidência da Petrobras. Os jornais criticaram a decisão de Lula de retirar Jean Paul Prates, afirmando que o presidente repete erros de exercer influência na Petrobras. Os artigos aproveitam para reproduzir a opinião de analistas de que a mudança trouxe preocupação para o mercado de mais ações do governo interferindo na estatal, e destacar a perda de valor da companhia após o anúncio.

Finalmente, o terceiro assunto foi o próprio governo federal. Os jornais elogiam Simone Tebet e Fernando Haddad, inclusive a partir da fala de Michel Temer, e criticam duramente Lula por não priorizar as decisões dos dois ministros, favorecendo as decisões de Rui Costa.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Nesta semana, a imprensa amplificou as críticas ao Governo Federal, com todos os tipos de textos nos três jornais com pelo menos um texto negativo. O Globo continuou o menos negativo, concentrando seus textos desfavoráveis nos editoriais. Já a Folha apresentou uma cobertura predominantemente negativa em todos os formatos de texto. Já o Estadão seguiu de perto seu par paulista. As oito chamadas e duas manchetes negativas da Folha desta semana mostram a disposição do jornal de retratar o Governo de forma bastante desfavorável em sua capa.

[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

O mês de maio continua a apresentar um comportamento destoante do Estadão, que mantém uma postura de ataque sistemático a Lula, representada aqui por um IV de – 2,31. A Folha mantém o padrão do mês passado, com um IV de – 1,25, enquanto o IV de O Globo alcança – 0,96. O IV total do mês até o momento é de – 1,44.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão continua em sua posição de liderar oposição a Lula na imprensa, dedicando ao presidente uma cobertura amplamente negativa. O número de editoriais negativos na semana chegou a oito, ou seja, mais de um por dia em média. Na Folha, as chamadas e editoriais críticos ao presidente foram também abundantes, o que denota a determinação dos editores de utilizarem a capa do jornal para ressaltar a sua posição. Já o Globo teve uma cobertura mais balanceada, entre neutros, ambivalentes e negativos.

Essa semana, Estadão e Folha parecem confirmar uma tendência já observada em semanas anteriores, que é a de se distanciar do Globo em sua oposição ao Governo e a Lula. Esses jornais paulistas estão cada vez mais parecidos no tom da sua cobertura. A curiosidade da semana foi o ressuscitamento de figuras da direita tradicional, como Michel Temer e Aécio Neves, além da escalação de “famosos” analistas do mercado, para atacar o Governo Federal e Lula. Os três jornais demonstraram quase nenhum pluralismo de opiniões em suas páginas, com quase nenhum espaço para textos favoráveis às ações do governo e do presidente esta semana.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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