O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 61 – 22 a 28 de Junho de 2024

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 98 textos.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

PT x BC: As publicações criticaram o PT por acusar o BC de sabotagem. Para os jornais, o Banco Central tem atuado de forma técnica.

Terceiro turno: A imprensa acusa Lula de se vestir de candidato para proteger o governo de seus erros recorrentes. Também culpam o presidente pela alta da cotação do dólar.

Política fiscal: As publicações criticaram políticas de desoneração da folha e de isenção fiscal. Além disso, afirmam que, mesmo que a economia esteja bem, ela não é capaz de melhorar a popularidade de um governo sem planos para o país.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

Em junho, o Globo superou seus concorrentes e foi o jornal com a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo, com IV[1] de – 1,66, seguido pelo Estadão, com – 1,6, e a Folha, com IV de – 1,49. O IV acumulado do mês de junho é – 1,58. O mês poderá terminar como o segundo mais negativo de toda a série da cobertura da imprensa sobre o governo.


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

O destaque da semana foi novamente o próprio Governo Federal. Os jornais afirmam que o Executivo não apresenta um plano de ações. Além disso, os textos afirmam que mesmo com a economia indo bem, o presidente não colhe frutos de popularidade.

O segundo tema foi novamente a discussão sobre a política fiscal do país. Os textos mantiveram as críticas às desonerações da folha e isenções fiscais. Os periódicos, inclusive, atribuem a subida do dólar a declarações de Lula.

O terceiro aspecto abordado foi o Banco Central. Os jornais são unânimes em defender as decisões do BC pela política monetária aplicada, e em criticar a nota do PT que acusa a instituição de sabotagem. Os textos também atacam Lula por seus discursos contra Campos Neto.

Finalmente, o quarto assunto é Lula. Os jornais acusam o presidente de se colocar como candidato para esconder os malfeitos de seu governo. Aproveitando as comemorações dos 30 anos do Real, os periódicos também acusam o petista de tentar ofuscar FHC nos eventos que marcaram o início do plano econômico.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Nesta semana, a imprensa amenizou o tom crítico ao Governo Federal, mesmo com uma cobertura ainda bastante negativa. O Globo priorizou as abordagens desfavoráveis nos textos de capa. A Folha, por sua vez, focou nas chamadas e editoriais. Já o Estadão priorizou os editoriais, com sete textos desfavoráveis nesta semana.

[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

O mês de junho teve o Estadão como o jornal com o IV mais negativo da cobertura de Lula, com IV de – 2,92. O Globo vem em segundo, com um IV de – 1,72, enquanto o IV da Folha foi – 1,56. A ferocidade com a qual o Estadão ataca a figura do presidente é visível mesmo numa mirada geral do gráfico, com as colunas verdes muito protuberantes, especialmente após o mês de março do corrente ano. O IV total de junho até o momento é – 1,96. O mês poderá ser o segundo mais negativo da cobertura de Lula em seu terceiro mandato.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

Esta semana, o Estadão reduziu a carga de textos negativos, publicando sete editoriais contrários a Lula. Já o Globo dividiu suas críticas ao presidente entre chamadas e colunas. Na Folha, o destaque desfavorável se concentrou nas chamadas de capa.  

Em resumo, a grande imprensa brasileira reduziu a intensidade das críticas ao governo e ao presidente, mesmo que isto não signifique uma cobertura mais equilibrada. O posicionamento dos jornais foi aquele que já conhecemos: uma posição crítica a Lula, sempre acusando-o de não ter plano de governo ou de tentar blindar o Executivo aplicando estratégias eleitorais, e sempre pontificando medidas fiscalistas de diminuição do gasto público. A falta de pluralismo interno e externo continua patente.


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DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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