O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 62 – 29 de Junho a 05 de Julho de 2024

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 107 textos.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Política Fiscal: Os jornais comemoraram a mudança de posicionamento de Lula diante da alta do dólar. Contudo, afirmaram que ele será culpado se a inflação subir e o preço dos alimentos aumentar.

Escândalos petistas? A imprensa cita o indiciamento do ministro Juscelino Filho como um possível indicativo do retorno dos escândalos dos governos do PT.

Brasil x Argentina: A troca de farpas entre Lula e Milei foi escrutinada durante a semana. Os jornais priorizam críticas ao presidente argentino, acusado de politizar as relações com países sul-americanos.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

Junho terminou com o Estadão como o jornal com a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo, com IV[1] de – 1,67, seguido pelo Globo, com – 1,60, e a Folha, com IV de – 1,47 – a semelhança dos valores é um claro sinal de falta de pluralismo externo. O IV acumulado do mês de junho foi – 1,58, o segundo mais negativo da era Lula 3. Julho, por sua vez, começou com a Folha como a mais negativa, IV de – 1,25, seguida pelo Estadão, com – 0,46, e o Globo, com – 0,18. O IV de julho até o momento é de – 0,5.


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

O destaque da semana foi a cobertura sobre a política fiscal. Os jornais concentraram a carga de discussões sobre o tema no final do mês, criticando Lula e Haddad por focarem no aumento da arrecadação. Com a crise do dólar, os textos comemoram que Lula mudou o tom sobre a responsabilidade fiscal do país. Mesmo assim, os jornais pontuam que ele ainda seria culpado, se os alimentos aumentarem de preço.

O segundo assunto debatido foi o governo federal. Os textos continuam noticiando uma suposta crise interna no governo. Os jornais sugerem que o indiciamento do ministro Juscelino Filho, pela Polícia Federal, e o retorno dos irmãos Batista à cena política podem indicar o ressurgimento dos escândalos das gestões petistas.

Finalmente, o terceiro tema são as relações exteriores. Neste caso, as críticas foram direcionadas a Lula, principalmente por sua briga com Milei. Os jornais criticam o presidente argentino por seus ataques ideológicos a outros países da América do Sul. Contudo, o presidente brasileiro também é repreendido por responder aos insultos do argentino e alimentar este conflito.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Nesta semana, a imprensa diminuiu o tom crítico contra o Governo Federal, particularmente O Globo, que priorizou as abordagens desfavoráveis nas chamadas de capa. A Folha trouxe mais textos negativos nas chamadas, colunas e editoriais. Já o Estadão concentrou peças contrárias nas colunas e nos editoriais. É digna de nota a maneira como o sabor das colunas segue o adotado pelos editoriais em cada jornal, mostrando a falta de pluralismo interno das publicações, ou seja, o fato de os colunistas contratados estarem dispostos a ecoar a opinião de seus patrões e chefes.

[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

O mês de junho terminou com a segunda pior marca de IV mensal para Lula, com – 2,00. O Estadão foi o principal responsável por esse total, com índice de – 2,96. O Globo vem em segundo, com um IV de – 1,70, enquanto o IV da Folha foi – 1,61. A Folha iniciou o mês de julho como o periódico mais negativo, -2,33, seguido por Globo e Estadão, ambos com – 1. O IV total de julho até o momento é – 1,29.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

Esta semana, o Estadão chegou muito próximo de publicar uma média de dois editoriais contra Lula por dia: dos 14 textos publicados, 11 seguiram nesta linha. Já o Globo dividiu suas críticas ao presidente entre chamadas e colunas. Na Folha, o destaque desfavorável foi distribuído nas chamadas de capa e colunas.  

Em resumo, a grande imprensa brasileira diminuiu esta semana a cobertura negativa do governo. A mudança no posicionamento de Lula sobre a responsabilidade fiscal e a insistência de Javier Milei em criticar o país resultaram em uma cobertura menos desfavorável ao governo. A despeito disso, a cobertura do presidente continuou fortemente negativa, mostrando mais uma vez a disposição que os três jornais têm de dedicar uma cobertura bem mais desfavorável à sua figura do que a seu governo. A número de chamadas negativas de Folha e O Globo, de editoriais do Estadão, indicam todos uma forte disposição de posicionamento dessas mídias como oposição a Lula.


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DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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